Jovem voluntários põem a “mão na massa” para ajudar os mais carenciados em Óbidos

O jovem licenciado em Engenharia do Ambiente, Paulo Araújo, natural das Gaeiras, leu na Gazeta das Caldas o artigo sobre a abertura de inscrições para voluntários que quisessem ajudar a recuperar casas de famílias carenciadas em Óbidos e decidiu participar. Foi integrado num grupo de oito jovens de todo o país e, em conjunto, recuperaram o telhado de uma casa no Sobral da Lagoa.
“Foi muito trabalhoso, mas no final recompensou”, conta o participante, feliz com o resultado da recuperação da casa e acolhimento da família, que se despediu dos jovens com um lanche de agradecimento. A moradia estava bastante degradada, “com o tecto todo podre”, e o trabalho foi exaustivo para a deixar em condições. “No último dia trabalhámos até às 21h00 para terminar tudo”, disse, acrescentando que até a fachada pintaram.
Para além desta casa, foram também recuperadas uma na Gracieira, duas no Olho Marinho e outra no Arelho. Foram alvo de obras de melhorias nos telhados, tectos e paredes, mas também de limpezas, arrumações e pinturas, de modo a ficarem “impecáveis” para os seus proprietários, contou à Gazeta das Caldas Sebastião Perdigão, voluntário da associação e director do campo de Verão em Óbidos.
Em cada obra existe um coordenador, um voluntário que está responsável pela equipa, um técnico de obra (que percebe de construção) e uma equipa que varia entre os cinco e os oito voluntários.
Os beneficiários, alguns deles idosos, estranham a presença dos jovens nos primeiros dias, mas à medida que vêem o trabalho que fazem “começam a abrir-se aos poucos e no fim nota-se que eles ficam a gostar muito de nós e vice-versa”, explica João Cativo, outro dos responsáveis da associação. “As pessoas recebem-nos de braços abertos e é um gosto estar cá”, acrescentou.
Os jovens ficaram alojados na Quinta das Gaeiras, onde também realizaram, a 30 de Agosto, uma festa que juntou os participantes, beneficiários e entidades que os apoiam. Neste dia foi também festejada a centésima intervenção feita pela associação, que coincidiu com a acção em Óbidos.

Estender o projecto aos jovens da região

Este projecto resulta de uma parceria entre a Câmara de Óbidos e a associação Just a Change, em que a primeira comparticipa com 12.500 euros e a associação adquire os materiais e envia os jovens voluntários para recuperar as cinco casas, que são indicadas pelos serviços de Acção Social.
No entanto, o orçamento geral para a intervenção foi de 17.400 euros, tendo a associação que garantir a diferença através de parcerias com vários fornecedores. As juntas de freguesias também estão envolvidas, custeando os almoços que são confeccionados em várias associações.
O vereador José Pereira, com o pelouro da Acção Social, não podia estar mais satisfeito com o resultado deste projecto e, caso continue no executivo, pretende dar-lhe continuidade. E quer também estendê-lo aos jovens da região, para que no futuro possa ser sustentado pela estrutura local, com a supervisão do Just a Change.
“Seguramente nestas cinco casas teríamos gastos na ordem dos 60 mil euros”, disse o autarca, especificando que houve intervenções onde foram gastos mais de 5000 euros, com materiais obtidos pela associação a preços solidários e sem quantificar a mão-de-obra.
A Just a Change tem um programa nas cidades de Lisboa e Porto, que se chama Reabilitar a Cidade, em que os voluntários dão uma manhã ou uma tarde de 15 em 15 dias, durante o ano inteiro. Em períodos de férias desenvolve o Portugal Rural, que este ano já conta com oito campos em Sever do Vouga, Ferreira do Zêzere, Óbidos e Monchique. Em finais de Setembro irão estar em Cascais e em Pedrógão Grande, sendo que neste último irão recuperar casas destruídas pelos incêndios.
Criada em 2010, a associação conta com mais de um milhar de voluntários de todo o país.