O autor do projecto, Hugo Ferreira, e o coordenador do curso da ETEO, Almerindo Almeida, no terreno onde poderá ser criado o Parque

Uma aldeia sustentável dentro da cidade. Esta a ideia de Hugo Ferreira, um jovem finalista da ETEO, que pretende criar um parque temático dedicado às energias renováveis e um centro de interpretação nas Caldas da Rainha. Aquele empreendedor vai, agora, procurar apoios para concretizar o projecto

O local com o “melhor vento” da cidade, do ponto de vista da produção de energia eólica, com exposição solar que lhe permite o aproveitamento térmico e fotovoltaico e com uma linha de água, que possibilita a instalação de um mini-hídrica, pode ser aproveitado para parque temático de energias renováveis – centro interpretativo.
A proposta é de Hugo Ferreira, de 20 anos, finalista do curso de Técnico Instalador de Sistemas Térmicos de Energias Renováveis, na Escola Técnica e Empresarial do Oeste (ETEO), que apresentou o projecto na sua Prova de Aptidão Profissional e agora vai começar a contactar várias entidades que poderão ser parceiras na sua implementação.
A ideia surgiu durante um dos estágios curriculares quando o jovem estava com o seu patrão numa obra de requalificação de uma casa e percebeu que as pessoas ainda têm muito desconhecimento em relação ao funcionamento das energias renováveis.
O terreno onde perspectiva o parque temático, de cerca de 10 mil metros quadrados e que actualmente se encontra de arvoredo, é propriedade da Câmara das Caldas e fica localizado na Rua Júlio Cesar Machado, em Santa Rita, na zona nordeste da cidade. Ali, o jovem técnico de energias renováveis na área do solar pretende criar um centro interpretativo de sensibilização para a cidadania, energia, sustentabilidade e ambiente, destinado, sobretudo, às escolas. A linha de água que passa pelo terreno será aproveitada para gerar energia eléctrica.
“A ideia é colocar um tanque de água em que esta desça por gravidade e faça girar umas turbinas criando energia eléctrica, depois colocar painéis fotovoltaicos e um omniflow”, um sistema híbrido que permite produzir energia eléctrica através do vento e do sol.
Esta energia limpa permitirá alimentar seis habitações sustentáveis e autónomos (bungalows), sendo que um deles deverá ter recuperador de calor através da biomassa, cuja matéria prima é obtida nas árvores que existem no terreno. “Um belíssimo exemplo do que é retirar combustível da floresta para evitar incêndios”, explica Almerindo Almeida, coordenador do curso da ETEO.
Tanto os alunos das escolas, como os turistas (a quem se dirigem alguns dos bungalows) terão oportunidade de conviver com os conceitos de energia limpa ali aplicados.
Almerindo Almeida recorda que Hugo Ferreira durante todo o tempo do curso esteve a trabalhar nestas áreas, primeiro numa contextualização mais teórica e depois na aplicação prática dos conhecimentos, inclusivamente nos estágios que realizou.
Este parque temático representará um investimento na ordem dos 100 mil euros e o próximo passo será a definição do modelo de gestão e o contacto com um conjunto de entidades, no sentido de arranjar parcerias para a sua concretização. Se tudo correr bem, em quatro anos estará a funcionar, estima o responsável.

É PRECISO TRABALHAR MENTALIDADES

“Nesta altura, a tecnologia ao nível de equipamentos nesta área é de topo”, explica Almerindo Almeida, acrescentando que é importante que as pessoas se adaptem a novos padrões de consumo, do ponto de vista da energia eléctrica. O docente dá o exemplo das Caldas, que tem duas a três mil horas de sol por ano que podem ser aproveitadas para energia quando, comparativamente, a Alemanha tem 1200 horas de sol anuais. Actualmente, já é injectada cerca de 58% de energia limpa na rede eléctrica e Almerindo Almeida considera que regista-se uma “evolução tremenda” ao nível das energias limpas mas há ainda que “trabalhar as mentalidades para vivermos confortavelmente, mas indo buscar esse conforto a energias sustentáveis”.
A ETEO, no âmbito do Gabinete de Integração pelo Meio (composto por cinco professores e que promove a interdisciplinaridade, o trabalho colaborativo e a mentoria), possui oito projectos para implementação, na área das energias, sustentabilidade, ambiente e turismo. No caso concreto do projecto idealizado Por Hugo Ferreira, foi depois trabalhado em sala de aula e com o apoio do gabinete, este pretende integrar colegas dos cursos de turismo e animação sócio-cultural.
O docente da ETEO lembra que a Rota Bordaliana, que está instalada na cidade, nasceu no mesmo contexto, por parte de uma aluna do curso de Turismo.

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