Jornal alemão publica reportagem sobre o surf no Baleal

0
1122

notícias das CaldasO diário alemão Badische Zeitung publicou no passado dia 3 de Junho um trabalho sobre a prática do surf nas praias de Peniche que tem como título “O Havai da Europa” e no qual refere a apetência dos surfistas alemães pelo Baleal.

Assinado pelo jornalista Andreas Strepenick, a reportagem começa por dizer que o Baleal “é um paraíso para os surfistas” e que os melhores do mundo deste desporto “encontram-se nesta pequena localidade costeira do Atlântico a norte de Lisboa”. A começar por Kelly Slater, um campeão mundial que já surfou em muitas praias e acha que na Europa só há uma que lhe faz lembrar o Havai – o Baleal.
Em declarações ao Badische Zeitung, este americano, de 39 anos, diz que a praia de Supertubos é o local mais emblemático para os surfistas. O jornal descreve este sítio de eleição e refere que a proximidade da praia ao porto, às fábricas e aos estaleiros tem o inconveniente do ruído, mas que as ondas são únicas.
Ralf, um alemão que é gerente de um surfcamp, vive há sete anos no Baleal e apercebeu-se de como “esta pequena aldeia se transformou na Meca dos surfistas em Portugal”, contando hoje com 20 escolas de surf.
O jornal faz ainda referência ao boom imobiliário que o surf ajudou a provocar, descrevendo a moda das urbanizações com vivendas em banda ao longo da costa e dos apartamentos em frente ao mar que podem custar 350 mil euros, mas não é especialmente crítico com o desordenamento do território, afirmando que as casas perdem-se no horizonte porque a costa é comprida.
Andreas Strepenick descreve em pormenor as praias a norte e a sul de Peniche e diz que a larga baía que une o Baleal à cidade tem locais ideais para se aprender a surfar, mas também zonas perigosas e um mar que, quando está bravo, faz os surfistas mais experientes procurarem outros locais.
“Os surfistas portugueses vêm às centenas para o Baleal, mas também os alemães se interessam desde há vários anos por este pedaço da Costa de Prata entre Lisboa e o Porto”, escreve o articulista. “Em primeiro lugar porque é fácil lá chegar pois o aeroporto fica apenas a 30 quilómetros, e em segundo lugar porque os alemães são aqui muito bem recebidos”. E prossegue: “Os portugueses admiram os alemães e não se sabe bem porquê. Já na II Grande Guerra receberam refugiados alemães, décadas depois foi a vez dos hippies e agora foram os surfistas a porem à prova mais uma vez a tolerância dos portugueses”.
Maria Helena Oliveira, 66 anos, lembra-se dos pioneiros do surf e dá o seu testemunho ao Badische Zeitung. “Alguns tinham um aspecto estranho, não pareciam de confiança, assim um bocado selvagens, com a barba por fazer. Estacionavam as carrinhas Wolkswagen entre a aldeia e o mar e passavam meses aqui. Nós até pensávamos que eles eram bandidos porque os alemães não costumam ter aquele aspecto”.
Hoje Maria Helena ri-se dessas primeiras impressões, até porque foi das primeiras a aproveitar a oportunidade de erguer um surfcamp que aloja surfistas a preços razoáveis e em boas condições de conforto.
O Badische Zeitung cita Ralf que refere ser o Inverno uma autêntica prenda para os adeptos da modalidade porque os poucos surfistas que ficam nas praias vazias têm as melhores ondas só para si. É por isso que “é raro o dia, mesmo em Dezembro ou Janeiro, em que não se vejam veículos com matrículas de Colónia, Munique ou Berlim estacionados junto à praia do Baleal”, escreve Andreas Strepenick.
O jornalista alemão não teve, de resto, grande dificuldade em fazer este trabalho porque ele próprio conhece muito bem a região. Strepenick costuma passar todos os anos algumas semanas nas Caldas da Rainha, onde tem amigos, e elege o Baleal e a Foz do Arelho como os seus locais preferidos.
O Badische Zeitung é publicado em Freiburg e cobre grande parte do sul e sudoeste da Alemanha. Tem uma tiragem de 150.000 exemplares e é lido diariamente por cerca de 440.000 pessoas.

- publicidade -

 

- publicidade -