Rodrigo Silva, ligado à ESAD há 15 anos e nos quatro últimos como subdirector, foi o primeiro director eleito naquele estabelecimento de ensino superior. A tomada de posse decorreu no passado dia 26 de Maio e, na equipa, Rodrigo Silva contará com os professores Filipe Alarcão e Samuel Rama, que assumirão os cargos de subdirectores.
Nos próximos quatro anos a nova direcção pretende melhorar a comunicação da escola, apostar na sua internacionalização, requalificação dos espaços e intensificar o diálogo com as instituições e a comunidade envolvente. Este primeiro ano de mandato ficará ainda marcado pela preparação dos cursos que serão avaliados pela Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior.
Rodrigo Silva é natural das Caldas da Rainha, licenciado em Filosofia e com um doutoramento em Ciências da Comunicação na especialidade de Comunicação e Cultura, da Universidade Nova de Lisboa.
“Precisámos de quase 25 anos para conseguir completar plenamente a maturidade democrática e institucional que se exige a uma escola de ensino superior”. Palavras de Rodrigo Silva, o primeiro director eleito na escola de artes caldense durante a tomada de posse, que decorreu no passado dia 26 de Maio e juntou algumas dezenas de professores, alunos, autoridades locais e os responsáveis pelas escolas que integram o IPL.
O responsável lembrou que, apesar das “vicissitudes e contra todas as probabilidades” conseguiram fazer vingar “numa pequena cidade de província, uma escola artística de referência no panorama do ensino superior nacional”, que disputa prestígio e influência com as congéneres de Lisboa e Porto.
Para os próximos quatro anos, Rodrigo Silva elencou “sete zonas programáticas” que considera prioritárias para a escola. Em primeiro lugar, destaca que a preparação e organização dos cursos para avaliação a realizar pela Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior, que será “um momento absolutamente crucial” para escola e que marcará o primeiro ano do mandato.
Por outro lado, considera que o projecto pedagógico deve estar “ancorado numa programação científica e cultural, pensada com um sentido de abertura cosmopolita” e orientada para a formação dos alunos, complementando a sua formação curricular.
Cada curso, em articulação com a direcção, terá a tarefa de desenhar a sua programação científica, integrada num programa semestral comum, aumentando a actividade científica de cada curso e de cada docente, em benefício do todo.
“Esta escola tem de ser o sítio mais interessante da cidade, aberto à cidade, um laboratório de pensamento e de exploração de formas inéditas de criar e recriar incessantemente o mundo”, defendeu.
Rodrigo Silva quer também melhorar a comunicação da ESAD e criar uma estrutura de investigação, que reúna e englobe todas as áreas da escola e assente em equipas de trabalho temáticas. Na sua opinião, será a partir dessa estrutura que se poderá fazer da investigação experimental um “suporte para entrelaçar duravelmente as actividades de ensino e de aprendizagem, à cultura projectual e à investigação crítica”.
A nova direcção pretende também melhorar a articulação entre a internacionalização, estratégias de comunicação e de visibilidade pública das capacidades da ESAD, de modo a potenciar a sua atractividade e internacionalização. Rodrigo Silva disse mesmo que considera fundamental que comunicação digital do IPL seja “redesenhada para um formato mais apelativo, com uma imagem e uma usabilidade graficamente mais sofisticada e mais elegante”.
A requalificação dos espaços da escola e os modos de a habitar, devem “fazer com que ela seja vivida como um atelier colectivo de estudo e de experimentação”, orientada para os estudantes, defendeu. Quer, por isso, melhorar a habitabilidade do espaço, criando novos usos e funções e desenhando zonas de trabalho informal, que estendam as áreas de atelier e as salas de projecto e criando mais espaços de encontro.
Aproveitando a presença do presidente do IPL, Nuno Mangas, o agora director lembrou as necessidades de aquisição de equipamento em algumas áreas tecnológicas ligadas à imagem e ao multimédia, assim como de intervenções no espaço da escola. No entanto, neste segundo caso, deixou desde logo o compromisso da ESAD em desenhar intervenções low cost, para quais contam com o apoio do IPL.
A nova direcção pretende também intensificar o diálogo com as instituições, empresas e a comunidade envolvente.
Contudo, Rodrigo Silva realça que é importante escolher “criteriosamente” os parceiros, privilegiando instituições nacionais das artes e do design.
Querem também posicionar-se como interlocutores nas agendas criativas da requalificação das cidades, no desenvolvimento de serviços mais inteligentes, de novas formas de habitar o espaço público, orientadas para a sustentabilidade e para a inovação social.
ESCOLA QUER SER “PARCEIRA ESTRATÉGICA” NA REGIÃO
Aproveitando a presença dos presidentes das Câmaras das Caldas da Rainha e Óbidos, Rodrigo Silva pediu-lhes para considerarem a ESAD como um parceiro estratégico para muitas “áreas chave” da sua actuação, e que possam estar juntos tanto na realização de projectos de dinamização dos municípios como nas candidaturas ao novo quadro de fundos comunitários.
“Apesar de a escola sempre ter ambicionado uma projecção nacional, consideramos que essa ambição não poderá excluir ou descurar a vocação regional que está inscrita na missão das escolas politécnicas”, disse.
O novo director pediu a união de todos para enfrentar os desafios que se avizinham e que antevê serão difíceis, nomeadamente com o plano de “reestruturação do subsistema politécnico, com fusões semi-anunciadas e prováveis fechos de cursos”. Por outro lado, denuncia que houve nos últimos anos uma “inaceitável desacreditação, por pura retórica ideológica, da importância da formação superior e um desinvestimento no apoio ao sistema científico, refém de agendas regressivas”.
Presente na cerimónia, o presidente do IPL, Nuno Mangas, mostrou-se orgulhoso do percurso feito por esta escola, que se afirmou no panorama nacional e internacional pelo trabalho que faz.
O responsável referiu que esta nova etapa, de autonomia da escola, representa também uma responsabilidade acrescida.
“Se antes era o presidente do instituto que assumia uma responsabilidade, porque a nomeação era uma escolha pessoal, agora houve uma vontade da própria escola”, disse, apelando à união em torno da nova direcção.
Dirigindo-se à ex-directora, Susana Rodrigues, que o próprio escolheu para dirigir a ESAD, Nuno Mangas, reconheceu o “óptimo trabalho feito”, em “condições que não eram fáceis e que adoptou esta escola como sendo sua”.
Relativamente aos desafios que se colocam à ESAD, Nuno Mangas falou da avaliação e acreditação dos cursos que ainda não foi feita nesta escola.
“Este é um processo decisivo e muito importante”, frisou, acrescentando que, de forma geral, todo os cursos do IPL têm sido acreditados e sem qualquer tipo de reserva. Também a internacionalização mereceu uma palavra por parte do responsável, para lembrar que o instituto tem, desde há dois meses, o estatuto de estudante internacional, que permite, entre outras medidas, cobrar propinas mais altas a quem vem de fora e um concurso especial de acesso para esses candidatos.
Nuno Mangas lembrou ainda a particularidade das escolas do IPL estarem integradas em duas comunidades intermunicipais, a do Oeste e a de Leiria, que deve ser aproveitada para divulgar a criação artística dos alunos. Por outro lado, reforçou a necessidade de ligação ao tecido empresarial, que já foi posta em prática nos últimos anos.
A ex-directora, Susana Rodrigues, resumiu o trabalho desenvolvido ao longo dos últimos quatro anos, destacando o estreitar do relacionamento com a comunidade e tecido empresarial, a dinamização da internacionalização e o apoio à qualificação do corpo docente e das actividades de inovação e desenvolvimento. Durante este período foram estabelecidas 66 parcerias para desenvolvimento de projectos e outras 24 aguardam resposta. Também fizeram 47 registos de propriedade intelectual, entre marcas, patentes, modelos e desenhos e registaram a marca ESAD.
“É com orgulho que espero ter no mercado, muito brevemente, máquinas de café com a inscrição design by ESAD” disse, acrescentando que se trata de um projecto do curso de design industrial. Também durante o seu mandato foram dados os primeiros passos para uma unidade de investigação nas áreas das artes e do design e recebeu muitos estudantes estrangeiros, que ali completaram a sua formação.
João Serra, presidente do Conselho de Representantes, destacou que esta foi uma eleição muito disputada, o que lhe acrescenta “legitimidade e responsabilidade para o exercício”.
O antigo membro da primeira direcção da escola, lembrou ainda que esta foi a última, do IPL, a deixar o regime transitório e que nesta fase precisa de consolidar a sua posição no conjunto do ensino superior.
Fátima Ferreira
fferreira@gazetadascaldas.pt






























