Investimento de um milhão de euros num centro desportivo na Quinta da Oliveira

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Gazeta das Caldas

IMG_9110O espaço dedicado a um health club integrado na urbanização Quinta da Oliveira (na rotunda da antiga Secla) – que nunca chegou a funcionar – vai tornar-se num centro desportivo de dez mil metros quadrados, com ginásio, duas piscinas exteriores, um parque infantil, quatro campos desportivos e até um restaurante dedicado à alimentação saudável. O projecto prevê um investimento superior a um milhão de euros, criando 20 postos de trabalho e abrindo as portas no início de Setembro, pelas mãos de Luís Fonseca, proprietário do Gloria’s Gym.

Queen’s Fitness Club é o nome do complexo desportivo que Luís Fonseca, caldense proprietário do ginásio Gloria’s Gym irá abrir, no início de Setembro, em frente à Quinta da Oliveira. O empresário adquiriu o imóvel de uma massa insolvente, por um valor não revelado e neste momento realizam-se as obras no edifício que se tornará um centro desportivo com dez mil metros quadrados.

Para além das tradicionais actividades de ginásio, o Queen’s – em alusão à Rainha – terá duas piscinas exteriores (uma semi-olímpica e uma de dimensões mais reduzidas, dedicada a crianças), quatro campos desportivos (um sintético com medidas oficiais de futsal e três mais reduzidos onde se pode praticar ténis, basquetebol e pádel), para além de uma pista de obstáculos. Este centro desportivo albergará ainda um restaurante de comida saudável.

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Orçado em mais de um milhão de euros, este negócio prevê a criação de 20 postos de trabalho, que se juntam às cerca de duas dezenas de trabalhadores que Luís Fonseca emprega (em part-time e tempo inteiro) no Gloria’s.

Para além de reabilitar uma área que “estavaum bocadinho devoluta, trazendouma vida diferente para a cidade e para aquela porta de entrada nas Caldas, esta localização é importante porque não existem muitos espaços verdes na cidade”, disse o empresário.

Luís Fonseca acredita que traz um conceito diferente do que existe nas Caldas, porque “é mais abrangente que um ginásio convencional e tem uma oferta mais diversificada”. Por outro lado, “o nosso nicho de mercado vai dos três aos 80 anos e vamos ter actividades para toda a gente”. Este investimento irá ainda potenciar a venda de apartamentos no empreendimento Quinta da Oliveira.

Quanto ao Gloria’s Gym, o empresário diz que este não irá fechar, “pelo contrário, vai expandir-se”.

Uma vida para um edifício que nunca a teve

O edifício que vai ser alvo deste investimento foi construído em 2009 para naquele espaço ser criado um health club com oito mil metros quadrados, com piscina (na altura interior), uma zona de saunas, ginásio, gabinetes médicos, uma sala multi-usos e um restaurante com esplanada. O imóvel seria integrado na Quinta da Oliveira, mas independente e explorado por terceiros. Em 09/05/2009 aquando da inauguração do empreendimento – que tem 99 fogos de habitação e custou 21 milhões de euros – Marco Barros, proprietário da Imobarros, dizia estar em conversações com dois grupos que pretendiam explorar esse edifício. Mas com a insolvência da construtora da Quinta da Oliveira, que se deu pouco tempo depois, o espaço nunca chegou a laborar, visto que se tornou massa insolvente.

Em 2011 a investidora imobiliária Invictus, com sede no Porto, negociou a aquisição, por 12 milhões de euros, de 75 dos 99 fogos da Quinta da Oliveira com a Imobarros. O health club não foi incluído nesse pacote negocial, mas isso foi indiferente porque o negócio acabou por não se concretizar.

Actualmente a Quinta da Oliveira está a cargo da Cushman and Wakefield – Sociedade de Mediação Imobiliária, SA, com sede na Avenida da Liberdade, em Lisboa.

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2 COMENTÁRIOS

  1. Um notável projeto de urbanização que implicou algumas cedências às imposições autárquicas, que foram mais um purismo de cumprimento inicial de regras mas com desfecho infeliz. É que quem ali comprou apartamento, foi de certa forma defraudado pois o dito “ginásio” fazia parte do pacote de oferta e serviu de “chamariz” para encarecer os apartamentos. Um projeto de arquitetura e urbanismo tem regras próprias, diria mesmo “científicas” e foi inicialmente pensado para servir a população residente no local. As épocas de crise infelizmente trazem mudanças imprevistas oportunamente aproveitadas por alguns. Mas ao excessivo rigorismo imposto pela Câmara no cumprimento de regras que inicialmente se revelavam úteis aos moradores ( exemplo da readaptação do edifício ao transporte urbano posteriormente desativado), não correspondeu depois o mesmo zelo no assegurar de alguns direitos de usufruto que a aprovação do projeto implicava. A todos os compradores foi assegurado pelo vendedor que teriam prioridade no usufruto do ginásio. Sejamos honestos, não faz sentido construir um “ginásio” (que faz parte integrante de um projeto de urbanização) que não tenha como finalidade primordial servir a população residente na própria urbanização a que pertence. Quem por birra e sentimento de contraditório interdita o seu uso aos residentes não revela ter o mínimo bom senso e quem aprova o posterior projeto de remodelação devia assegurar que a filosofia do acesso prioritário a residentes fosse assegurado, até a preços módicos. O projeto de urbanismo e arquitetura em causa foi um admirável exemplo de rigor nas áreas de cedência e áreas de logradouros de condomínio. Mas desde o início que este espaço foi ocupado por estacionamento automóvel por parte de quem não o encontrava na área demasiadamente densificada correspondente a centro comercial, parque central onde se desenrolam eventos e mesmo uma área central dinâmica ( onde não foi feita lamentavelmente uma correta previsão de espaço de estacionamento). Uma área aprazível e projetada para um equilíbrio ambiental específico e condizente com todo o espaço e arquitetura, viu-se de súbito “tomado de assalto” por parte de quem (sem culpa) não deixa de “parasitar” espaço no local (por falta de planeamento e previsão acertada de procura do mesmo espaço de estacionamento noutro local mais central e contíguo por parte dos decisores autárquicos). As regras são para se cumprir e, ainda que possa haver algum “vazio legal” nesta questão, o que não está certo é constatar que há um desequilíbrio na proporção de clientes do ginásio que não residem no local, que se traduz novamente numa “parasitagem” do espaço de estacionamento inicialmente previsto para uma harmoniosa conjugação entre estabelecimentos comerciais ( e de serviço) e espaços residenciais locais. Por razões óbvias, as ruas correspondentes a logradouros de condomínio passam a ser abusivamente atravessadas por clientes do ginásio ( que também não têm culpa) com uma excessiva sobrecarga automóvel ( dada a localização periférica). A paisagem humana altera-se com a frequência de pessoas estranhas ao local em vez de se ter fomentado as relações de vizinhança entre moradores locais que a frequência do ginásio implicaria. Todos perdem porque os residentes no local passam a frequentar ginásios afastados do seu local de residência e o trânsito automóvel aumenta. Curiosamente há ginásios no centro da cidade que não têm espaço para bicicletas, para desfrado de muitos. Mas é hoje uma moda, é quase ser “chique” ir de automóvel para o ginásio mesmo que se tenha boas condições para estacionamento e guarda de bicicletas. O que me parece, por fim, é que foi um projeto que não esteve à altura do nosso “subdesenvolvimento crónico” na abordagem das questões de planeamento urbanístico. Foi demasiado arrojado para a nossa capacidade de contornar “Cabos Bojadores”. A improvisação à portuguesa mais uma vez funcionou mas no sentido errado numa libertinagem lastimável em que leis e regras andam á deriva à mercê de “piratas” oportunistas. As questões de direito de propriedade não se podem sobrepor aos direitos adquiridos na compra de imóveis aprovados pela Câmara Municipal e que os previam. Mais uma vez falhou a intenção do legislador e é pena que, tal como no tempo do Infante Dom Henrique, o projeto da Quinta da Oliveira tenha sido feito à custa de tantos “naufrágios de caravelas” causadores de tanta turbulência e instabilidade aos residentes locais, que não foram minimamente respeitados nos direitos adquiridos com a compra do seu apartamento e nas suas legítimas expectativas quanto à tranquilidade e qualidade de vida que uma edificação de baixa densidade urbana numa área periférica aprazível naturalmente lhes proporcionava.

  2. O termo “parasitar” foi empregue entendendo o espaço urbano um ecossistema, portanto na perspetiva da Ecologia Humana das inter-relações entre os diversos elementos que o compõem, não visa diretamente classificar ninguém mas sim criticar o facto de cada urbanização nem sempre respeita a legislação relativa às “áreas de cedência” e assim a falta de estacionamento nesse local da cidade se repercute numa sobrecarga de procura de estacionamento em outras áreas adjacentes em especial as que até cumpriram de forma exemplar a dita legislação e que por via desse facto a sua tranquilidade e o equilíbrio ambiental previsto no projeto inicial são seriamente postos em causa. Por outro lado, o termo “pirata” também não se refere a ninguém em concreto e muito menos a quem adquiriu o referido ginásio, pois concerteza o fez no cumprimento de todos os aspetos legais e pensando no seu interesse (legítimo) económico. Na verdade foi todo o projeto de loteamento e de urbanização que foi “pirateado” isto é, estragado, saqueado, quase numa densificação autofágica, na medida em que os parâmetros escrupulosamente cumpridos do ponto de vista urbanístico-arquitetónico e regulamento geral das edificações urbanas foram alterados, colocando necessariamente em causa o equilíbrio e harmonia prevista no projeto inicial. Ou seja, foi desvirtuado, como se tivesse sido adulterado e nessa medida ” pirateado”. É evidente que as circunstâncias por muito especiais que sejam nunca deviam, em minha opinião, ter como consequência alterar uma parcela com óbvios impactos negativos no todo. A qualidade de vida, o desenvolvimento enquanto filosofia de vida em que “Small is Beautiful” cede por isso cada vez mais a interesses imediatos que se sobrepõem aos projetos originais feitos com grande profissionalismo como foi o caso e já tinham sido projetados para o futuro numa previsão de crescimento equilibrada, aliás muito justamente alicerçada no pressuposto de que a maioria dos clientes seriam residentes da própria urbanização. O crescimento “lote a lote”, por acrescentos e improvisos sucessivos foi uma experiência negativa dos arredores das grandes metrópoles que nunca deviam inspirar o desenvolvimento urbano das cidades mais pequenas onde a qualidade de vida e harmonia urbana tem todas as condições para ser exemplar. O que estranho é a facilidade com que se permite ou autoriza um
    a alteração de uma parte do projeto que estava perfeito e se altera a filosofia do seu acesso gorando as legítimas expectativas de quem ali, inicialmente, comprou apartamento.