Investigador defende permanência de Portugal na UE mas não federalista

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O especialista em assuntos europeus foi convidado pelos rotários a apresentar a sua mais recente obra nas Caldas

Manter-se na União Europeia mas recusando qualquer tentativa de federalizar a política externa ou de defesa e ter como objectivo a diversificação das suas dependências com outros países. Estas são duas das premissas que, na opinião do investigador Miguel Mattos Chaves, Portugal deve adoptar para se afirmar no sistema de relações internacionais e que constam do seu último livro, “História Portugal – Europa de 1945 a 2019”.
O também docente universitário e militante do CDS-PP foi orador num jantar organizado pelos rotários caldenses.

Para Miguel Mattos Chaves a afirmação de Portugal a nível externo passa também pelo aproveitamento do espaço atlântico, para aprofundar as suas relações com os países da CPLP, e reaver a “aliança e cumplicidade” do Reino Unido e dos Estados Unidos.
A nível interno, o país precisa de investimento, sobretudo de origem privada para se desenvolver. De acordo com Mattos Chaves é necessária a existência de mecanismos para apoio à criação de novas empresas e indústria e defende a criação de um Banco de Fomento Nacional.
O crescimento nacional passa ainda pelo aumento do poder de compra dos cidadãos e menos impostos e um incremento das exportações.
Estas algumas das ideias do investigador para o futuro do país e que constam no seu mais recente livro, denominado “História Portugal – Europa de 1945 a 2019”, publicado em finais de Outubro e agora apresentado nas Caldas.
Esta é a terceira obra de Mattos Chaves sobre assuntos europeus e aborda o que de mais relevante se passou nas últimas sete décadas. Baseado em documentos oficiais, o livro resulta de uma investigação científica feita no âmbito do mestrado e doutoramento em Estudos Europeus na Universidade Católica sob orientação do professor Hernâni Lopes. Nos dois últimos capítulos, o autor faz uma prospectiva do que poderá ser a União Europeia e dos “destinos que Portugal deverá percorrer para não deixar de ser relevante no esquema internacional”, explicou.
Mattos Chaves lembrou que o modelo de governança que esteve na base da UE foi o intergovernamentalista, que defende uma linha de cooperação permanente e a concertação em determinadas matérias, mas que se tem caminhado para uma linha federalista. Entende que desde a assinatura, em 1992, do Tratado de Maastricht (em que os estados-membros passaram da cooperação económica para outros níveis), que a “Europa está a caminho do suicídio. Em vez de perceberem o que está a acontecer, [os vários países] cada vez insistem mais em uniões bancárias e políticas fiscais comuns”, critica o também gestor, investigador e consultor, que nos finais da década de 90 foi administrador da Secla.

Outros países poderão seguir o Reino Unido

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Mattos Chaves não tem dúvidas de que a saída do Reino Unido da União Europeia será uma realidade e que a necessidade de acordo é uma falsa questão. Isto porque basta aos britânicos pedirem a reintegração na Associação Europeia de Comércio Livre (EFTA), que tem acordos de comércio livre com a União Europeia. Um dos cenários que o investigador apresenta é o de que este reingresso do Reino Unido na EFTA poderá ser seguido por vários outros países que “não se identificam com uma Europa em crescente tendência de alienação da soberania dos Estados, a favor da união”.
O livro foi lançado na Sociedade de Geografia, em Lisboa, e, depois das Caldas, será apresentado em vários pontos do país. Miguel Mattos Chaves está já a investigar para a sua próxima obra, que se chamará “O Lago Atlântico” e que incidirá sobre a zona económica exclusiva portuguesa.

“CDS seguiu uma política errada”

Militante do CDS, Miguel Mattos Chaves considera que a situação do seu partido está “complicada porque foi seguida uma política errada”. Aponta o dedo a Paulo Portas, que quis ir buscar eleitorado a todo o lado e, mal o conseguiu, “em vez de afirmar as suas ideias autonomamente, foi aliar-se ao PSD, esvaziando o CDS”. Considera que a política de adopção de bandeiras que são próprias da esquerda continuou com Assunção Cristas e que o eleitorado não perdoou.
Miguel Mattos Chaves diz estar expectante em relação aos candidatos à liderança do partido e às ideias que irão anunciar.
O também presidente da Comissão Política Concelhia do CDS-PP da Figueira da Foz, foi o único, até à data, a tornar publica uma moção intitulada “O futuro para o CDS-PP”, que pretende levar ao congresso do partido, a realizar em Janeiro de 2020.

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