Intervenção na Barragem do Arnóia permite primeiro enchimento

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Está prevista para os próximos dias a adjudicação da intervenção na barragem do Arnóia, em Óbidos, que irá permitir que seja feito o primeiro enchimento.

Orçadas em cerca de 22 mil euros, as obras consistem na reparação do gerador de emergência, instalação de sirene para o sistema de aviso e alerta, instalação de sensores de posição para as comportas e para a válvula de jato ôco. Contemplam, ainda, a inspeção à ponte rolante e reparação do guincho elétrico, revisão e reparação do sistema de iluminação exterior e de alarmes e terão um prazo de dois meses para concretização. Depois de concluídos os trabalhos, o enchimento da albufeira será iniciado após autorização da Autoridade Nacional de Segurança de Barragens, a qual se sucederá a uma inspeção prévia realizada pela entidade.

Concluída em 2005, a barragem do Rio Arnóia foi construída para regar 1.300 hectares de terrenos incluídos no projeto de aproveitamento hidroagrícola das baixas de Óbidos.

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A empreitada, orçada em 28 milhões de euros, compreende uma rede de rega que atravessa os concelhos de Óbidos (cerca de 60%) e Bombarral (cerca de 40%) e prevê beneficiar mais de 900 agricultores.

A conclusão do enchimento está “dependente do ritmo das afluências de água, mas espera-se que tal venha a suceder no decurso do próximo inverno, se houver condições médias de pluviosidade”, respondeu o ministério da Agricultura à Gazeta das Caldas.

Filipe Daniel, presidente da Associação de Regantes de Óbidos, vê com “alguma frustração” a data prevista para o fecho das comportas e que leva a que tenham de esperar mais um inverno para que possa ser feito o primeiro enchimento. Lembra que em já em 2019 tinham alertado a Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural para a necessidade de tratar desse procedimento e que, inclusivamente, a associação em conjunto com o município de Óbidos, disponibilizaram-se para avançar com a verba necessária para a intervenção a realizar.

Filipe Daniel recorda que em junho, quando começou a funcionar a rede de rega, esta destinava-se apenas para o bloco de Óbidos, tendo em conta que o da Amoreira ainda não estava testado. No entanto, atualmente já está pronto e os beneficiários estão disponíveis para fazer as ligações e ter acesso à água para regar as suas culturas. “Sem o aprovisionamento de água não podemos garantir que exista água suficiente para o bloco de Óbidos, quanto mais para o da Amoreira”, explica o responsável, destacando que era fundamental aproveitar a água deste inverno.

O valor atual de aprovisionamento de água na barragem é de 26,4 metros (ao nível do descarregador) e, com o primeiro enchimento, deveria subir mais dois metros, atingindo os 28,4 metros.  Na capacidade máxima, a barragem pode chegar aos 32,5 metros (nível pleno de enchimento).

O presidente da Associação de Regantes destaca, também, a singularidade deste regadio, que não sendo grande, tem uma forte componente social. “Temos cerca de 900 beneficiários para cerca de 1300 hectares de terrenos incluídos na rede de rega”, explica, destacando que, em muitos dos casos, trata-se de uma agricultura de subsistência.

As culturas abrangidas são essencialmente frutícolas (70%) e hortícolas (30%).

Filipe Daniel alerta, ainda, para as “dezenas de milhar de euros” que estão a perder, tanto os beneficiários da rega como a própria associação, que não se financia através da venda da água.

O atraso no fecho da barragem foi já também questionado pelos deputados do PS e PSD eleitos pelo distrito de Leiria.

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