Inquietação dá tema ao Folio no 50º aniversário do 25 de abril

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A equipa do Folio reunida no final da 8ª edição do festival

O festival irá decorrer de 10 a 20 de outubro, no ano em que se comemoram também os 500 anos do nascimento de Camões

O anúncio mais esperado a cada último dia de festival: data e tema da edição do ano seguinte. Este ano não foi diferente, com o presidente da Câmara, Filipe Daniel, a revelar, no final da tarde de domingo, que a 9ª edição, a decorrer entre 10 e 20 de outubro, terá por tema Inquietação, no ano em que se assinalam os 50 anos do 25 de Abril e 500 anos do nascimento de Luís Vaz de Camões.
Em tempo de balanço, o autarca destacou que a edição deste ano “foi um risco assumido e que valeu a pena. Este festival consagrou-se como um dos mais importantes eventos culturais mundiais”. Para além deste cariz internacional, com a participação de autores e de parceiros de vários países, o evento também se tem aproximado mais às freguesias, à comunidade e aos jovens das escolas do concelho. O festival representa um “imprescindível elevador cultural para Óbidos, para a região e para o mundo”, salientou, destacando que ali é permitida a pluralidade, o contraditório, o manifesto, a diferença e a inclusão. “Só com esta aceitação é possível um mundo mais justo, equilibrado e franco”, concretizou.
O autarca lembrou, uma vez mais, José Pinho, mentor do festival, destacando as homenagens que lhe foram feitas.
Apesar das condições meteorológicas, que levaram ao cancelamento de três concertos ao ar livre e à reprogramação de algumas atividades, nesta edição o festival registou um crescimento de 33% relativamente ao ano passado. Até sábado já tinha sido visitado por “mais de 80 mil pessoas”, o que leva o autarca a acreditar que esta edição contou com a presença de perto de 90 mil pessoas.
Também a vereadora com o pelouro da cultura, Margarida Reis, falou no sentimento de “dever cumprido”. “Este Folio foi uma festa, salas cheias com programação de todos e para todos e com grande envolvimento da comunidade”, disse.

Partilha de conhecimento
O evento, que contou com 14 mesas de autores, terminou com o político português, Paulo Portas, e o especialista na história do pensamento russo, Michel Eltchaninoff, a falarem de “Futuro”. O autor francês considera que “estamos a voltar a viver a segunda Guerra Mundial”, na sequência da invasão da Ucrânia pela Rússia, uma guerra que, acredita, “vai ser muito longa”. Já Paulo Portas mostrou a sua preocupação com o facto de a “manipulação política nas redes sociais poder acabar por aniquilar a democracia”. No dia antes, sábado, o cantor brasileiro Ney Matogrosso esgotou, por completo, a tenda literária instalada na Praça de Santa Maria. Numa mesa para falar sobre a “Vida”, o convidado, de 82 anos, disse não ter medo de morrer e partilhou muitos pormenores da sua vida.
O presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, esteve no Folio, a 20 de outubro, para apresentar o livro “Voltas e Reviravoltas – a Cidadania”, de Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada, com ilustrações do artista caldense, Mantraste. A publicação, com a chancela da Assembleia da República e destinada ao público infanto-juvenil, pretende promover a literacia cívica nestas idades. Augusto Santos Silva partilhou que o parlamento vai “recordando efemérides e acontecimentos que foram conduzindo à democracia, tal como nós a conhecemos”, dando o exemplo da revolução de 1974. Das comemorações do 50º aniversário do 25 de Abril resulta a coleção da qual o livro agora apresentado é o segundo volume, de um total de 12, e que abordam temáticas como as leis, cidadania, República, eleições, justiça. Presente na apresentação, Mantraste partilhou a surpresa com o convite e o orgulho por participar na iniciativa. O artista, que tem como desporto preferido os matraquilhos e teve de ilustrar uma história sobre um jovem que pratica skate, partilhou com a plateia, maioritariamente composta por estudantes, todo o processo de pesquisa e inspiração para as suas ilustrações.■

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