Imagem de Nossa Senhora da Nazaré de Belém do Pará esteve no santuário nazareno

O culto a Nossa Senhora da Nazaré é um dos de que tem maior expressão no Brasil. Habitualmente são mais de 2,5 milhões os devotos que participam no Círio que se realiza todos os anos no mês de Outubro em Belém do Pará.
No passado dia 1 de Março a imagem peregrina de Nossa Senhora da Nazaré de Belém do Pará (Brasil) visitou pela primeira vez o Santuário da Nazaré, numa cerimónia considerada histórica e que atraiu centenas de pessoas.
A visita de dois dias decorreu no âmbito da participação do Governo do Estado do Pará na Bolsa de Turismo de Lisboa. A abrilhantar a cerimónia esteve a cantora Fafá de Belém, devota assumida da imagem, que entoou diversos cânticos de homenagem à Virgem Maria, acompanhada pelo pianista Paulo José Campos de Melo.

A HISTÓRIA

De acordo com a tradição, a imagem de Nossa Senhora da Nazaré – que representa Maria com o Menino Jesus ao colo – foi esculpida por São José, na Galileia, e levada no século VI para o Mosteiro de Cauliniana, em Espanha. Em 711 terá vindo para Portugal pelas mãos do fugitivo D. Rodrigo, o último rei visigodo da Península Ibérica, derrotado pelos mouros na Batalha de Guadalete. Na fuga, D. Rodrigo contou com a companhia de Frei Romano e além da imagem da Virgem Maria, trouxeram ainda para Portugal as relíquias de S. Brás e de S. Bartolomeu.Antes de morrer, Frei Romano terá escondido a imagem de Nossa Senhora numa lapa, localizada no Sítio. Só quatro séculos depois terá sido descoberta por um grupo de pastores, que a começaram a venerar.
O mesmo terá acontecido com D. Fuas Roupinho, alcaide-mor do Castelo de Porto de Mós, que habitualmente caçava na região. Reza a lenda que a 14 de Setembro de 1182, o alcaide perseguia um veado quando este desapareceu no precipício. E terá sido o pedido de auxilio à Virgem que salvou D. Fuas de cair ao mar. Em agradecimento, o alcaide mandou construir a Ermida da Memória e a imagem, que tem atraído devotos desde então, deu mesmo origem ao nome da vila piscatória.

UM CULTO QUE SE MANTÉM

No Brasil o culto de Nossa Senhora da Nazaré foi introduzido pelos Jesuítas e verifica-se ainda hoje em muitos estados. Em Belém do Pará esta tradição remonta ao início do século XVIII e há mais de 200 anos que se realiza o Círio anual que os governantes do estado vieram promover a Portugal “como um ícone do segmento turístico religioso do Pará e da Amazónia”, explicou Adenauer Góes, presidente da Paratur, entidade responsável pela visita da imagem peregrina.
Citado em comunicado da autarquia nazarena, o presidente do Círio e da Basílica de Nazaré em Belém do Pará, Padre João Ramos, afirma que “a vinda da imagem peregrina a Portugal, além de atender às expectativas da Paratur de fortalecimento do turismo religioso do Pará, constitui um facto histórico”, dado que “é a primeira vez que a imagem sai do Brasil para o reencontro com as suas origens”.
Nuno batalha, presidente da Mesa da Confraria de Nossa Senhora da Nazaré, diz que a “peregrinação brasileira até ao Santuário, no Sítio da Nazaré apadrinha um trabalho que tem de se continuar a desenvolver”.
Mas a visita da imagem peregrina a Portugal, tanto ao Santuário da Nazaré como à Bolsa de Turismo de Lisboa, teve também outro objectivo: “a aproximação com Portugal, mas também com toda a Europa, que visa fortalecer o turismo como gerador de economia para o Estado do Pará”, esclareceu Adenauer Góes.
Para a autarquia da Nazaré esta visita foi “um grande orgulho”, conforme foi considerado pelo seu presidente, Jorge Barroso. O autarca destacou também que “há um mar de oportunidades” que pode ser desenvolvido com o estreitar de laços entre os dois povos devotos a Nossa Senhora da Nazaré.
A visita da imagem ao Santuário da Nazaré teve grande repercussão nos meios de comunicação paraenses, que salientaram sobretudo o facto de a imagem brasileira ter sido “colocada lado a lado, pela primeira vez, da imagem original de Nossa Senhora de Nazaré, no Santuário de Nazaré, em Portugal”, conforme se pode na notícia da Agência Pará de Notícias.

Joana Fialho
jfialho@gazetadascaldas.pt