Ignite – cinco minutos para apresentar uma ideia, um projecto, uma paixão

0
841

ppenicheFoi com muito entusiasmo que Jorge Magalhães, presidente da Associação de Criadores de Cavalo Puro-Sangue Lusitano do Oeste (ACCPLSO), falou sobre as Caldas da Rainha e as suas potencialidades, durante o “Ignite” que decorreu a 25 de Setembro nos Silos.
No total foram 13 pessoas a falar, cada um com cinco minutos para apresentarem a sua ideia, projecto ou paixão, literalmente em cima de uma palete de carga. É esse o espírito do Ignite (ignição em português), uma plataforma de comunicação que teve início nos Estados Unidos e que pretende colocar os participantes a partilhar as suas experiências.
“Caldas é uma cidade do caraças”, fez questão de salientar Jorge Magalhães, recordando algumas experiências que tem tido desde que veio morar para este concelho.
A propósito do exemplo que colheu nas aldeias, o responsável referiu como pessoas que normalmente passam a vida a falar mal uns dos outros, conseguem unir-se e organizar festas, construir centros de dia e muitos outros projectos comunitários.
“Deixemo-nos de merdas. Vamos aceitar a nossa diversidade e unirmo-nos, para fazer desta cidade a melhor cidade do mundo”, afirmou.
O organizador do Festival Oeste Lusitano tinha ido ao Ignite para apresentar o espectáculo “Zéfiro – O Rei do Oeste”, que será apresentado nas Caldas em Janeiro de 2015, mas acabou por falar mais dos projectos que a cidade pode desenvolver.
Mesmo assim, não deixou de falar nesse evento que “irá envolver a cidade toda, com malabares, trapezistas, cavalos e fogo”. Serão os próprios caldenses os intervenientes, uma vez que a organização pretende dar formação nestas áreas, em vez de pagar a artistas que venham de fora.

Sonhos e colaborações

A primeira intervenção no Ignite foi de Inês Salgado, que apresentou o “Ideias para transformar”. Este projecto tem como objectivo trabalhar com os idosos de Torres Vedras na área da reciclagem de roupa, tecidos e de outros materiais. “Utilizamos roupa mais antiga para a transformar em novas peças”, explicou a oradora. Para cada peça “nova” há sempre um projecto de redesign.
Também de Torres Vedras, Liliana Garcia, apresentou o INOV-E, um programa de empreendedorismo criado pela Plataforma Cultural Estufa e pela Câmara local, do qual faz parte uma incubadora de empresas a céu aberto.
Andreia de Carvalho aproveitou a ocasião para simular um programa de rádio, na Mais Oeste, intitulado “EDUcarinhAR” e que pretende ser um espaço para partilhar ideias sobre a educação de crianças e jovens, através dos afectos. Este programa é emitido todas as quartas-feiras, às 10h30 com repetição nesse dia às 18h30.
A especialista em “coaching” educacional falou sobre a necessidade de brincar, não só das crianças, mas para os próprios pais, enquanto educadores. Andreia de Carvalho deixou o desafio para que se criem listas de brincadeiras.
A designer de jóias Liliana Alves contou a forma como conseguiu passar do seu sonho à realidade com a criação do seu próprio negócio. A caldense, com sucesso nacional no design de jóias, destacou que “viver daquilo que gostamos também é uma grande responsabilidade”. Incentivando todos a seguirem os seus sonhos e a não desistirem, deixou também o conselho para que partilhem as suas ideias e se encarem os obstáculos como desafios.
Pedro Reis apresentou o projecto colaborativo Colab, sediado em Óbidos, aberto a freelancers, startups e a empresas. Surgido há dois anos, o Colab levou à criação do “Espaço Ó”, à entrada da vila, que agrega artesãos, sapateiros, carpinteiros e outros “fazedores” que tenham uma ideia e a queiram implementar, podendo contar com a ajuda dos outros participantes no seu desenvolvimento, num espírito colaborativo.
Segundo o responsável, a partir de Óbidos criou-se uma rede nacional, permitindo desta forma que os projectos possam crescer mais.
“Um dia aprendo a tocar guitarra. Esse dia é hoje” foi o tema apresentado por Cristina Soares, que pretendeu desta forma “provocar” a audiência para a necessidade de se avançar com os projectos e sonhos que cada um vai sempre adiando ao longo da sua vida. “A pior coisa que temos é o medo. O medinho de experimentar coisas novas”, afirmou.
Foi por causa disso que Cristina Soares e Sara Gerardo (do Dream Lab) criaram o Dream Big, um programa de fins-de-semana temáticos pensadas para “adultos que não pararam de crescer e têm a coragem de experimentar coisas novas”. Durante esses fins-de-semana os participantes são “obrigados” a experimentar aquilo que nunca fizeram.
André Esteves fez uma apresentação sobre “O Sistema Cultural na Cidade Termal”, salientando a importância da ligação entre criadores, mediadores e os públicos. Na sua opinião, o CCC deveria fazer melhor essa ligação, enquanto mediador cultural. Pôs ainda em causa as dinâmicas criadas pelos inúmeros museus na cidade. “Caldas da Rainha pode funcionar como um pólo de riqueza cultural”, considera. Para concluir, deixou a ideia de repensar a cultura saloia caldense.
O arquitecto Natanael Lima apresentou o “Destinos”, o projecto de reflexão e exposição de propostas de intervenção no concelho das Caldas da Rainha, desenvolvido pelos alunos do Mestrado em Arquitectura da Universidade de Coimbra. “Os alunos estiveram nas Caldas e conheceram a cidade”, tendo posteriormente apresentado as suas propostas. Os trabalhos estiveram expostos nos Silos durante o Verão.
Outro arquitecto, Alexandre Neto, debruçou-se sobre a iluminação arquitectural e a forma como se conseguem criar ambientes com a luz.
Mónica Pinto, da empresa caldense BitCliq, falou sobre o conceito das cidades inteligentes e apresentou a aplicação para smartphones desenvolvida para a Câmara das Caldas, a “City Guide”, lançada em Junho. A “app” integra três percursos turísticos que são geridos online pelo turismo caldense e outros parceiros, como museus, freguesias ou associações. A ideia é que se partilhe, de forma colaborativa, tudo o que está a acontecer no concelho.
Joana Mendonça, especialista em empreendedorismo, lançou algumas ideias de como Caldas da Rainha pode competir com outras cidades e desenvolver-se. “Temos que fixar talentos, criar parcerias com entidades estrangeiras e atrair investimentos internacionais”, disse, salientando que para isso é necessário criar uma marca forte das Caldas.
Perante tantas atracções no concelho, das termas às praias, Joana Mendonça deixou a pergunta: “porque raio é que não está o mundo inteiro a falar das Caldas?”.
Para terminar a sessão, o presidente da Câmara de Peniche, António José Correia, também fez a sua apresentação, aproveitando para divulgar o concelho e a prova do campeonato mundial de surf, que decorre em Outubro naquele concelho.
O autarca sublinhou que a aposta naquela modalidade desportiva “foi a alavanca para muitas coisas que se fizeram no concelho”, incluindo algumas obras de regeneração urbana.

- publicidade -

Pedro Antunes
pantunes@gazetadascaldas.pt

- publicidade -