Hospital Termal inicia ano com tratamentos termais

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O Hospital Termal terá reiniciado ontem, 2 de Janeiro, os tratamentos de balneoterapia que estavam suspensos desde 29 de Junho, alegadamente devido a uma avaria num equipamento, tendo continuado encerrado porque uma semana depois foi detectada a presença de legionella nas análises de rotina.
Depois da legionella ter desaparecido, as termas mantiveram-se encerradas por causa de organismos mesófilos que foram entretanto detectados em quantidades superiores ao mínimo permitido.
A presença excessiva destas bactérias (que podem levar à multiplicação de microorganismos patogénicos até valores que podem provocar doenças no homem) concentra-se mais junto ao furo de captação de água termal.
O presidente do Centro Hospitalar do Oeste, Carlos Sá, explicou à Gazeta das Caldas que o problema foi resolvido com a ligação de mais um furo de captação de água termal.
Até agora, apenas um dos furos de captação estava a ser utilizado, o que fazia com que mais facilmente o Hospital Termal fosse encerrado devido a alguma contaminação.
Para Carlos Sá, com mais um furo será possível prevenir futuras necessidades de suspender a actividade, embora não seja uma garantia.
“Esta foi a principal medida que tomámos para prevenir o encerramento”, referiu ao nosso jornal, mostrando-se agradado com o facto de ter tomado esta decisão, apesar de ser acusado de querer prejudicar o Hospital Termal. O responsável garante que foram gastos apenas cerca de 10 mil euros para fazer a ligação ao segundo furo.
Desde 2001 que foram feitas limpezas de outros furos de captação, mas estes nunca chegaram a ser ligados ao sistema de abastecimento do Hospital Termal.
Dois destes furos foram desactivados em 1998 na sequência dos problemas com a pseudomona que levaram ao encerramento do balneário termal durante três anos. Desde essa altura apenas um abastecia as termas caldenses.
Ontem, dia 2, dificilmente terá havido aquistas, mas Carlos Sá acredita que, gradualmente, irão voltar a ter clientes nas termas. No entanto, lembra que Janeiro e Fevereiro costumam ser os meses com menos aquistas no Hospital Termal. Em 2012 as termas estiveram encerradas exactamente durante o período de maior procura.
A ligação do segundo furo ficou concluída no final de Novembro e foram depois realizadas as três análises consecutivas, obrigatórias, com resultados negativos da presença de bactérias proibidas, possibilitando o reinício da actividade termal.

As termas na promoção da saúde dos portugueses e como forma de rentabilização

Numa altura em que as palavras do secretário de Estado da Saúde, Fernando Leal da Costa, sobre a necessidade dos portugueses prevenirem doenças, causa tanta celeuma, fazia todo o sentido que o governo tivesse outra atenção para com o Hospital Termal das Caldas.
Na conferência sobre termalismo que teve lugar em Novembro, na Sociedade de Geografia de Lisboa, Pedro Cantista, presidente da Sociedade Portuguesa de Hidrologia Médica, salientou que da promoção da saúde faz parte a prevenção, o tratamento e a reabilitação. “Cinquenta por cento da nossa saúde reside ainda nos nossos comportamentos e as termas são, desde os tempos de Hipócrates, uma promoção dos comportamentos de saúde”, referiu.
Jorge Varanda, ex-administrador do Hospital Termal, também referiu recentemente que há que explorar a área da Reumatologia e das doenças das vias respiratórias, principalmente numa altura em que se fala na racionalização dos medicamentos. “Pode gastar-se menos dinheiro em medicamentos e usar-se a água termal”, adiantou.
Numa entrevista à agência Lusa, o secretário de Estado da Saúde considera que os portugueses têm a obrigação de contribuir para a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS), prevenindo doenças e recorrendo menos aos serviços. No entanto, foi o mesmo secretário de Estado da Saúde, que esteve nas Caldas no 15 de Maio, que colocou a hipótese do Hospital Termal pode vir a sair do Serviço Nacional de Saúde. “O Serviço Nacional de Saúde não tem que ser visto como a única forma de prestar serviços de saúde neste país. Nós não temos uma visão exclusivista relativamente ao SNS”, referiu na altura o governante aos jornalistas, no final da cerimónia do 15 de Maio no hospital termal.
“Se tiver que ficar no SNS com certeza que ficará, mas qualquer solução que se encontre nunca pode ser vista numa lógica estritamente exclusivista do SNS”, concluiu.
Uma medida que pode não fazer sentido. É que Fernando Leal da Costa também disse que o governo “tem a noção clara que existe nas Caldas um património muito importante, quer do ponto vista histórico, quer do ponto de vista daquilo que são as suas potencialidades para a saúde”.
Recorde-se que o relatório do grupo técnico para a reforma hospitalar nacional também refere no seu sumário executivo o caso do Hospital Termal das Caldas, referindo a importância de se avaliarem “oportunidades que permitam potenciar competências específicas”, o que não está a ser seguido pelo Ministério da Saúde, que tem vindo a desvalorizar a componente hospitalar das termas caldenses.

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Notícias contraditórias sobre importância do termalismo em Portugal
Na edição de 6 de Novembro do Jornal de Notícias foi publicado um artigo que anunciava que o Ministério da Saúde está a preparar um conjunto de medidas para promover Portugal enquanto destino de referência na área do turismo da saúde, com destaque para o termalismo.
O jornal adiantava que o governo tenciona cativar estrangeiros para a prestação de cuidados de saúde durante os períodos de férias passados em Portugal, recorrendo a acordos com seguradoras destinados “sobretudo a incentivar o termalismo e iniciativas que conjuguem saúde e bem-estar”.
O anúncio foi feito por Carlos Martins, representante do Ministério da Saúde, antes da apresentação do estudo sobre a internacionalização dos produtos de saúde (medicamentos e meios diagnóstico), que é considerado um dos mercados prósperos, imune à crise (em 2011, facturou mais de 910 milhões de euros, em Portugal).
No passado sábado, 29 de Dezembro, o jornal Expresso publicou uma reportagem intitulada “Ministério da Saúde quer livrar-se das termas das Caldas”. O artigo, assinado pela jornalista caldense Carla Tomás, refere que o Hospital Termal “precisa urgentemente de tratamento”, lembrando os sucessivos adiamentos do relançamento do termalismo nas Caldas.
O ministro da Saúde, Paulo Macedo, insiste em dizer que o termalismo não é uma competência do seu Ministério e Carlos Sá, do agora Centro Hospitalar do Oeste, continua a sublinhar que a principal preocupação desta entidade é “tratar doentes”.
Em declarações também ao Expresso, o presidente da Câmara das Caldas voltou a mostrar-se interessado em explorar o Hospital Termal, o Parque e Mata, mas avisa que a autarquia só aceitará essa responsabilidade “se forem garantidas verbas (de fundos comunitários) para a sua recuperação”.

Pedro Antunes
pantunes@gazetadascaldas.pt

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1 COMENTÁRIO

  1. O Hospital Termal nunca deveria sequer ter encerrado.Ja era altura de explicarem o que para mim e inexplicavel os motivos dos sucessivos encerramentos…So pode ser por interesse economicos e para acabar com o seu funcionamento.So o Termal de Caldas e que tem problemas que levem ao encerramento…Mais nenhumas termas do Pais, que eu saiba, encerra seja porque motivo for…Os Caldenese tem o direito urgentemente exigir essa explicacao a quem de direito…