Entre os dias 16 e 22 de Dezembro, o Centro Hospitalar do Oeste abriu as portas a uma turma de 24 alunos da Escola Secundária Raul Proença, que visitaram quatro serviços do hospital das Caldas: esterilização/bloco operatório, urgência geral/pediátrica, ambulatório/gastrenterologia e maternidade. A iniciativa insere-se no projecto educativo “Hospital, Uma Porta Aberta”, que pretende proporcionar aos estudantes, neste caso de ciências e tecnologias, contacto directo com o universo hospitalar.
Gazeta das Caldas acompanhou um dos grupos de seis alunos, que viram de perto o funcionamento do circuito da esterilização e do bloco operatório. No final, houve ainda oportunidade para assistir a uma intervenção cirúrgica através de um monitor.
“Normalmente, a central de esterilização está agregada ao bloco operatório. Aqui no hospital, apesar de não funcionarem exatamente lado a lado, são serviços muito próximos”, começa por explicar José Manuel Figueiredo, o enfermeiro-chefe do bloco que irá guiar-nos na visita.
“Não podemos lavar nada directamente com as mãos”
A primeira paragem, antes do bloco operatório, é a central de esterilização. Aqui, é Helena Monteiro, enfermeira responsável pelo serviço, quem dá as indicações. Este espaço está organizado em circuito: os “sujos”, ou seja, os materiais contaminados já utilizados, entram por uma porta vindo dos serviços, enquanto os instrumentos esterilizados saem por outra. “Não há nada que ande para trás e para a frente, o circuito é linear e feito num só sentido para não haver falhas”, esclarece Helena Monteiro.
O material infectado chega através de carrinhos hermeticamente fechados: só assim se evita que contaminem os corredores. A faixa vermelha inscrita no carrinho indica que se trata de material não esterilizado. Nenhum destes materiais pode ser lavado à mão, porque o organismo humano não suporta as elevadas temperaturas nem o tempo de exposição aos químicos presentes nos detergentes.
Depois de lavados numa espécie de “máquina de lavar louça super-potente”, os materiais são embalados num saco que se designa “manga mista” e que é selado com calor. Dentro da embalagem, os instrumentos seguem para os autoclaves, aparelhos que efectuam a esterilização através de vapor de água a altas temperaturas (121 a 134 graus) e elevados níveis de pressão. “O vapor de água passa para dentro do saco e, como está muito quente, mata a bicharada toda. Depois, o vapor de água é puxado pelo aparelho e o papel do saco fecha os seus poros, impedindo que os micro-organismos voltem a passar para o interior da embalagem”, explica o enfermeiro José Figueiredo, acrescentando que, assim que o processo de 45 minutos termina, os materiais esterilizados têm uma validade de seis meses.
Para garantir a eficácia do procedimento, realizam-se diversos testes: um deles consiste na mudança de cor (de rosa para castanho) das barrinhas inscritas nos sacos onde o material é acondicionado para esterilização. No final do ciclo, os “limpos” são distribuídos novamente em carrinhos, desta vez com uma faixa verde. Por dia, o hospital das Caldas realiza em média 15 esterilizações.
A caminho do bloco operatório
Preparados para visitar o bloco operatório, é necessário equiparmo-nos a rigor com roupa limpa, uma toca e um plástico protector para os sapatos. Em caso de operação, deveria colocar-se ainda uma máscara cirúrgica, que impede não só a contaminação do doente com as gotículas que saltam enquanto falamos, mas também o contacto com os micro-organismos que circulam nos tecidos infectados do paciente e que podem ser prejudiciais à nossa saúde.
No bloco, a temperatura não deve ultrapassar os 18 graus, de modo a evitar a proliferação de possíveis bactérias. O facto do ar ser renovado 12 vezes por hora é outro factor que contribui para que não haja micro-organismos em suspensão.
Actualmente, apenas duas das quatro salas de operações se encontram activas em serviço de urgência. Neste dia, foi possível observar uma operação à vesícula.
O protocolo assinado entre o director do CHO, Carlos Sá, e o director do Agrupamento de Escolas Raul Proença, João Silva, para a concretização do projecto foi apenas o primeiro deste ano lectivo. É que, nas férias da Páscoa, o CHO pretende alargar as visitas a outras escolas do concelho das Caldas, Torres Vedras e Peniche.
Maria Beatriz Raposo
mbraposo@gazetadascaldas.pt






























