Horário alargado nos centros de saúde e reforço das equipas dos hospitais para fazer face ao surto de gripe

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|Os responsáveis máximos da Saúde na região Oeste, Marta Félix e Ana Pisco (ACES Oeste Norte), Carlos Sá e Isabel Carvalho (CHO) e Gonçalves André e Joaquim Moura (ACES Oeste Sul)

Alargamento do horário de funcionamento de alguns centros de saúde, aquisição de mais macas nos hospitais, mais informação aos utentes e reforço das equipas médicas e de enfermagem do Serviço de Urgência das Caldas e de Torres. Estas algumas das medidas anunciada pelas autoridades para a região Oeste para combater o surto de gripe que deverá ter o seu pico na semana do Carnaval.
Estas são algumas das medidas tomadas em conjunto pelos dois agrupamentos de cuidados primários de saúde da região e pelo Centro Hospitalar do Oeste, que foram anunciadas numa conferência de imprensa a 22 de Janeiro, na sede do CHO nas Caldas da Rainha, mas algumas delas já estavam a ser postas em prática.
Quando, no início de Dezembro, o ministro da Saúde, Paulo Macedo, esteve nas Caldas da Rainha numa visita de trabalho, a administração do CHO garantiu-lhe que tinham sido tomadas todas as medidas possíveis, mas agora o plano de contingência para fazer face ao surto de gripe foi ampliado.
É que, depois disso, faleceu uma doente nas urgências do hospital de Peniche e houve várias situações de caos nas Caldas e em Torres, com dezenas de doentes internados em macas nos corredores.
As corporações de bombeiros do Oeste também voltaram a queixar-se de terem as suas ambulâncias de socorro retidas nas urgências dos hospitais de Torres Vedras e Caldas, por não haver macas disponíveis nestas duas unidades para lá deixarem os doentes. A administração do CHO divulgou agora que irá adquirir mais seis macas, a somar às oito que tinham sido compradas em Julho passado.
O INEM e algumas corporações de bombeiros também emprestaram macas que não eram usadas nos veículos de emergência.
Isabel Carvalho, directora clínica do centro hospitalar, referiu que tinham sido reforçadas as equipas médicas e de enfermagem do Serviço de Urgência, com mais um clínico geral nas Caldas da Rainha (desde Dezembro) e outro em Torres Vedras (desde Janeiro).
Para além do já anunciado aumento de 10 camas de internamento no hospital de Peniche, houve a realocação de 18 camas para apoio à urgência de outros serviços (Cirurgia, Ortopedia e Obstetrícia).
Uma das maiores preocupações do CHO prende-se com o facto de os idosos chegarem às urgências com um quadro clínico que inclui a gripe e o agravamento das suas doenças crónica (diabetes, hipertensão e doenças respiratórias). “Isso tem vindo a acontecer cada vez mais nos últimos anos”, disse Isabel Carvalho. Esses doentes acabam por ser aqueles que mais tempo ficam internados nas urgências e com maior necessidade de estarem deitados numa maca.
Está prevista a possibilidade contratualizar camas, durante o período de inverno, com lares da região, para transferir utentes com alta clínica que aguardam transferência para a rede de cuidados continuados ou que sejam considerados casos sociais.
Centros de saúde com horário alargado

Tal como a Gazeta das Caldas divulgou na edição da semana passada, os centros de saúde do Bombarral e das Caldas da Rainha estão funcionar durante um horário alargado, incluindo aos fins-de-semana, para fazer face ao elevado número de doentes com gripe.
Entre as 19h00 e as 22h00 nos dias úteis há equipas para atendimento às pessoas que tenham sintomas de gripe ou de doenças respiratórias associadas a esta doença (mesmo que não pertençam a estas unidades). Aos sábados o centro de saúde das Caldas estará a funcionar das 9h00 às 17h00 e o do Bombarral das 9h00 às 13h00. Aos domingos o centro de saúde do Bombarral funciona das 9h00 às 17h00.
Todos os doentes serão atendidos, seja qualquer for a sua origem e mesmo que não tenham médico de família. Os médicos têm também instruções para privilegiarem o atendimento de situações agudas, em detrimento das consultas agendadas.
Ao domingo, os utentes das Caldas com sintomas de gripe devem dirigir-se ao centro de saúde do Bombarral. Segundo Ana Pisco, directora executiva do ACES Oeste Norte, não faz sentido abrir esta unidade de saúde ao domingo, uma vez que isso implicaria muito mais custos e não se justificava. O centro de saúde do Bombarral já abria ao domingo, só que agora terá uma equipa reforçada.
Por outro lado, os utentes devem primeiro contactar a linha Saúde (808242424), até porque, no caso de necessitarem de ser atendidos no centro de saúde, terão prioridade, uma vez que aquele serviço informa a unidade de saúde respectiva.
Ana Pisco salientou ainda que ainda é possível fazer a vacinação contra a gripe porque estas estão disponíveis até Março.
Na conferência de imprensa, estiveram também presentes os responsáveis do ACES Oeste Sul que anunciaram o alargamento do horário de funcionamento do Centro de Atendimentos e Tratamentos Urgentes de Torres Vedras (todos os dias da semana entre as 8h00 e as 22h00). O SAP de Mafra está a funcionar 24 horas por dia, com dois médicos.
Gonçalves André, director executivo do ACES Oeste Sul, salientou que estão a aplicar nesta instituição as medidas previstas no “Plano de Prevenção Resposta para Outono e Inverno” da Direcção Geral de Saúde, nomeadamente apostando na higienização das mãos (colocando dispositivos fixos de solução alcoólica) e a disponibilização de máscara a todos os doentes com sintomatologia respiratória.

Gripe tem prioridade nos centros de saúde mas não nos hospitais
Os serviços de urgência dos hospitais das Caldas e de Torres têm reforçado as suas equipas para acelerar a saída dos doentes da urgência para o exterior porque, nos casos de gripe, quanto mais depressa forem atendidos, mais depressa se vão embora, mas a verdade é que, habitualmente, são estes os utentes que se consideram como “falsas urgências” e que acabam por passar mais tempo à espera.
Enquanto nos centros de saúde a prioridade é que estes doentes sejam atendidos rapidamente para irem logo embora, nas urgências dos hospitais estes esperam várias horas até que sejam vistos por um médicos e isto acaba por potenciar a contaminação de outras pessoas.
Na urgência do hospital das Caldas também deixaram de ser visíveis, nos espaços de espera, os dispositivos de higienização das mãos para os utentes. Nas visitas que a Gazeta das Caldas fez aquele serviço também nunca vimos nenhum doente com as máscaras de protecção recomendadas.

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Morte em Urgência de Peniche investigada pelo Ministério Público
O falecimento de uma doente com 79 anos na urgência do hospital de Peniche é um dos três casos que está a ser investigado pelo Ministério Público.
De acordo com uma fonte da Procuradoria-Geral da República, em declarações à agência Lusa, estão a ser investigados as mortes nos serviços de urgência dos hospitais de S. José (Lisboa), Peniche e Santa Maria da Feira.
Segundo o jornal Público, os inquéritos foram instaurados por iniciativa do Ministério Público e em causa estão suspeitas de crimes que não dependem da apresentação de queixa de familiares para a abertura de inquérito judiciais.
No caso do hospital de Peniche, uma idosa de 79 anos faleceu a 5 de Janeiro depois de ter estado 10 horas naquele serviço de urgências.
A Inspecção-Geral das Actividades em Saúde e o CHO já abriram inquéritos para averiguar o que aconteceu neste caso.

 

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