
Natural das Gaeiras, Helena Ribeiro, 62 anos, é cozinheira há 34 anos, uma profissão que lhe surgiu por acaso quando estava desempregada mas que se tornou num modo de vida. Actualmente é proprietária do restaurante O Alcaide e os seus pratos são apreciados por clientes de todo o mundo quando visitam Óbidos. Muitos são os que enaltecem os seus pratos, entre eles algumas figuras públicas ligadas ao desporto, às artes e à cozinha.
É à frente do fogão que se sente bem. E foi exactamente na sua cozinha, no restaurante Alcaide, na Rua Direita de Óbidos, que a Gazeta das Caldas foi encontrar Helena Ribeiro. Pouco passava das 10h00 e já a cozinheira descascava as cenouras que depois iria incluir na sopa, e preparava-se para descascar as cebolas, que integram o prato de bacalhau à alcaide, um dos mais procurados do restaurante.
Desde menina que gosta de cozinhar e fazia-o em casa, mas foi pela mão da cunhada que Helena Ribeiro se iniciou na arte de conjugar sabores. Foi há 34 anos e, na altura com 28 anos, que começou a trabalhar na Esplanada do Parque (actual Raízes). Desse tempo recorda a azáfama que tinham a partir de Março e que se intensificava pela Feira dos Frutos, na altura realizada no Parque D. Carlos I. Entre os pratos que cozinhava, vem-lhe à memória o caril de frutos do mar, ou a açorda de marisco, que tinha no político e poeta Manuel Alegre um admirador especial.
O percurso de Helena Ribeiro englobou o restaurante Frei João, no Moinho Saloio (onde só esteve 15 dias porque não se adaptou), o regresso à Esplanada do Parque e ainda a sua primeira aventura por conta própria, no restaurante O Motor, na Ponte Seca, onde esteve durante dois anos. Seguiu depois para Óbidos, de onde nunca mais saiu. Primeiro foi cozinheira do Muralhas, passou depois pela Ilustre Casa de Ramiro e pela Josefa d’Óbidos. Voltou a trabalhar por conta própria, agora em sociedade com Álvaro Silva, na Pegada, depois na Vila Infanta, Praia d’el Rey e, desde há 17 anos, no Restaurante Alcaide, na Rua Direita, do qual é actualmente a única proprietária.
“Gosto muito de cozinhar, sobretudo coisas mais elaboradas”, conta a cozinheira, que tem no seu bacalhau com queijo da Serra, bifinhos com cogumelos, arroz de tamboril e tornedó de vaca, os seus pratos preferidos.
“Em Óbidos a senhora é a primeira”
Oriunda de uma família ligada à cozinha – com primos a trabalhar na restauração e uma tia que preparava casamentos – Helena Ribeiro aprendeu sozinha a sua arte, que depois aperfeiçoou com formações que tirou e a ver programas na televisão e a ler livros.
Assume-se como uma cozinheira de pratos mais elaborados, gourmet. Gosta especialmente de embelezar os pratos e tem muito cuidado no empratar.
A qualidade das refeições que elabora leva a que muitas vezes seja chamada à sala para receber os parabéns, mas confessa que é tímida e que não gosta de ir. Outros clientes optam por ir à sua cozinha cumprimentá-la. “Muitos estrangeiros dizem-me que estão em Portugal há vários dias ou semanas e que aqui foi o sítio onde comeram melhor, e isso eleva a nossa estima”, conta à Gazeta das Caldas.
O Alcaide é local de passagem de muitas figuras conhecidas do mundo do futebol, mas também do espectáculo. Helena Ribeiro já cozinhou para os treinadores Paulo Sousa e Paulo Bento, para o humorista Herman José, o actor Diogo Infante e os apresentadores Júlio Isidro e Fátima Lopes, entre outros. Também Helmut Ziebell, chefe austríaco há 40 anos em Portugal, já foi à sua cozinha e disse: “Em Óbidos a senhora é a primeira”, o que a deixou muito orgulhosa.
Muitos dos clientes perguntam-lhe se tem ligação à cozinha francesa, pela técnica aplicada e a apresentação, mas Helena Ribeiro considera que a cozinha portuguesa ainda é mais rica, de sabor.
Os seus pratos também já foram referência em vários canais televisivos e venceram, por várias vezes, o concurso de gastronomia da ACCCRO.
Helena Ribeiro trabalha seis dias por semana e nunca sai do restaurante antes da meia noite. “É uma vida cansativa e de muita dedicação ao trabalho”, reconhece, acrescentando que a pessoa tem que ter muita disponibilidade e vontade de estar sempre a aprender. “Todos os dias vejo programas de culinária, portugueses e estrangeiros, e tenho muitos livros”, conta a cozinheira que não tem nenhum prato inventado na lista mas que usualmente presenteia os seus colegas e familiares com algumas das suas criações.






























