“Há dois milhões de pobres em Portugal e ninguém parece preocupar-se com este problema”, afirmou o padre Jardim Moreira, presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza, que foi o convidado do último 21 às 21, do Movimento Viver a Concelho (MVC). A sessão teve lugar a 21 de Julho na sede da União de Freguesias de N. Sra. Pópulo e contou também com a presença de Paulo Morais, líder do movimento cívico Nós Cidadãos. Ambos criticaram as campanhas do Banco Alimentar que acabam por ser operações comerciais que beneficiam os supermercados e o Estado.
Há dois milhões de pobres em Portugal e há pouca gente interessada no tema. Prova disso é que estiveram apenas 10 pessoas a assistir ao último 21 às 21 com o padre Jardim Moreira, presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza (EAPN Portugal). “Sinto-me um pouco sozinho nesta luta contra a pobreza, que não tem sido apoiada pelos partidos”, afirmou o convidado. A excepção é o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que tem apoiado esta causa.
Os números da pobreza no país são assustadores. Entre os dois milhões de pobres (cerca de 20% da população portuguesa), 22% são crianças e 7% são idosos, informou o orador.
Outro dos problemas apontado pelo presidente da EAPN Portugal é o facto de “mais de 1,1 milhões dos portugueses que têm trabalho serem pobres”. O convidado acrescentou que é preciso apelar às empresas para que tenham este problema em atenção dado que “têm responsabilidade social sobre o assunto”.
Na sua opinião, o governo atribui subsídios aos pobres que, por sua vez, “os gastam de qualquer maneira sem conseguir sair da mesma situação. O problema multiplica-se para as gerações seguintes”.
Esta política mantém as pessoas na situação de dependência. Além do mais, não se vive condignamente com subsídios de cerca de 200 euros. “É necessário que as pessoas tenham rendimentos adequados para satisfazer as necessidades das suas famílias”, acrescentou.
Apostar na política do subsídio só “humilha as pessoas, não as faz ganhar autoestima nem esperança para se inserir na sociedade”, referiu.
O problema da pobreza é “pluridimensional” e deve ser tratado por entidades que estão próximas e que podem intervir junto das famílias. Esse trabalho deveria ser feito, de forma integrada, pelas autarquias, juntas de freguesias, IPSS’s e pela igreja local, que devem sinalizar a família e ajudar na resolução do problema.
Segundo vários estudos internacionais, “quando uma pessoa passa por uma situação de carência grave o seu cérebro perde a capacidade de decisão e deixa de ter capacidade para ter autoestima”, afirmou o padre. Na sua opinião é preciso encontrar outros caminhos alternativos, sem ser o de “tapar a pobreza com dinheiro, que é a mentalidade vigente”.
Jardim Moreira esteve acompanhado de Paulo Morais, líder do movimento Nós Cidadãos e ex-candidato à presidência da República, que também participou no debate. Este referiu que, em Portugal, “quando uma família pobre não paga a água, esta é cortada”, ao contrário do que acontece noutros países europeus. Na sua opinião, tal atitude “acaba por condenar as pessoas à miséria”.































