Um grupo de entusiastas após várias “batalhas” numa fábrica abandonada
Numa fábrica velha à beira da estrada, surgem figuras estranhas, com máscaras a cobrir-lhes o rosto e roupa grossa suja de cores berrantes, andando sorrateiramente. Nas mãos têm umas armas de formato esquisito cujo som, ao apertar o gatilho, mais parecem pipocas a explodir em rápida sucessão do que tiros reais. O objectivo destas figuras é encontrar os adversários e acertar-lhes com bolinhas de tinta colorida, “matando-os”. É fácil de perceber que estão a jogar paintball.
Nas Caldas da Rainha não é difícil de encontrar quem organize jogos de paintball para grupos que apenas planeiam divertir-se. A Paintland, loja de desportos radicais dirigida por Rui Félix, especializou-se nos últimos anos em paintball e organiza jogos para grupos no campo de insufláveis da Usseira, com descontos variados para diferentes ocasiões como aniversários e despedidas de solteiro. Já a Demolition Team, uma equipa de paintball caldense que costuma treinar no Bombarral, coloca a possibilidade de organizar os jogos num ambiente mais urbano – uma fábrica abandonada na estrada para Rio Maior.
“A nossa maior preocupação é a segurança. Avisamos as pessoas para que tenham sempre as máscaras enquanto estão a jogar, que apontem o cano do marcador [a arma] para o chão e que usem um tapa-canos quando não estão a jogar” diz Elcio Araújo, da Demolition Team.
É verdade que as bolas de paintball doem quando atingem, mas os coletes são disponibilizados para todos os jogadores. Os participantes são aconselhados previamente a levarem roupa grosa e larga, de modo a que o impacto seja minimizado. E depois há as regras básicas: não atingir alguém que já esteja “morto” ou a menos de cinco metros. Nesta última ocasião diz-se apenas ao adversário: “estás fora” e ele sai do recinto. Estas regras devem-se ao facto da bolinha de tinta sair do cano a 91 metros por segundo, o que poderá causar danos se não se tiverem em conta estas preocupações.
Com o equipamento de segurança, os praticantes desta modalidade parecem autênticos soldados de tropas especiais
Rute Silva já tinha praticado este desporto há alguns Verões atrás e este ano repetiu a experiência quando o grupo do seu emprego de Verão quis organizar uma actividade diferente. A sugestão foi paintball e ela nem pensou duas vezes, tendo contactado a Demolition Team para levar a ideia em frente.
“É muito divertido. Pensámos fazer em insufláveis, mas achei mais giro repetir a experiência da fábrica. Gosto mais do ambiente”, admite.
O paintball recreativo surgiu nas Caldas da Rainha há já vários anos, quando a Paintland achou que seria uma ideia interessante começar a organizar jogos para que todos pudessem desfrutar deste desporto. Começando por ser praticado nas matas e de maneira bastante amadora, o paintball acabou por se tornar uma paixão para muitos dos organizadores que a pouco e pouco aperceberam-se que gostariam que aquilo fosse mais do que um hobby. Com o surgir dos campeonatos nacionais e da Federação Portuguesa de Paintball (FPP) em 2007, estes aficionados viram o seu sonho tomar forma.
Presentemente, as Caldas da Rainha são representadas por várias equipas registadas no paintball.com.pt, site onde as equipas podem registar-se de modo a que sejam informadas dos campeonatos e eventos que irão decorrer ao longo de todo o ano de Norte a Sul do país.
Muitas destas equipas estão filiadas na Paintland Caldas da Rainha, organizadora da Liga Oxigen que decorre no campo de paintball da Usseira e que costuma trazer a esta aldeia equipas de todo país, entre as quais o Sport Lisboa e Benfica, o Belenenses e o União de Leiria.