O Grupo Desportivo e Recreativo de A-dos-Negros (GDRAN) comemora durante este ano o 50º aniversário da sua fundação. A efeméride será assinalada a 11 de Abril, mas os festejos começam já no próximo domingo, 2 de Março, com uma matiné de Carnaval, que é, aliás, um dos eventos mais emblemáticos daquela casa.
Inaugurado a 22 de Julho de 1965 – no dia da festa da padroeira da terra, Santa Maria Madalena – este foi o primeiro “salão do género no concelho e considerado um dos melhores do distrito”, recorda o presidente da direcção, Paulo Capinha.
A vontade de alguns residentes na localidade de A-dos-Negros de ter um local para conviver, nos inícios da década de 60 do século passado, levaria ao nascimento da colectividade. Inicialmente os encontros eram feitos no estabelecimento comercial de Joaquim Abreu Ferreira, mais conhecido pelo “Quim da Loja” e, mesmo antes da associação começar a ganhar forma, já havia cotizações e até cartões de sócio.
O desejo de ter um espaço para o convívio popular ganhou ainda mais força quando o pároco local proibiu os bailes na terra. “Há quem diga que ele foi o grande responsável pela criação da colectividade pois ao proibir as actividades deu força às pessoas para se mobilizarem e criarem um espaço para estar juntos”, recorda Paulo Capinha, presidente da direcção do GDRAN.
A 11 de Abril de 1964 o “Quim da Loja” fecha o estabelecimento e, juntamente com grupo de 16 amigos, reúnem na garagem de Américo Ferreira e decidem avançar com a colectividade. Algumas das famílias abastadas da terra também apoiaram a ideia, dando “garantia e credibilidade ao grupo”, recorda o responsável.
O terreno foi oferecido por um filho da terra e, depois de agilizados os contactos para a construção do edifício, começou a sua edificação com o envolvimento das pessoas da comunidade. “Para além da mão de obra, também grande parte dos materiais foram oferecidos”, disse Paulo Capinha, adiantando que toda essa boa vontade fez com que a obra avançasse rapidamente e que fosse inaugurada a 22 de Julho de 1965, dia da Festa de Santa Maria Madalena, padroeira de A-dos-Negros.
Na sua fase inicial os bailes eram a grande atracção da colectividade. O primeiro que ali se realizou foi com a União Zoófila e depois por lá passaram agrupamentos como o Conjunto Maria Albertina, Jaime Ferreira ou a Nova Orquestra Torriense. Também se fizeram espectáculos de hipnotismo e de acordeonistas. Pelo “salão” de A-dos-Negros passaram ainda nomes sonantes do panorama artístico nacional, como é o caso de Paco Bandeira, José Viana, António Carvário, ou Dora Leal.
Nos inícios dos anos 70 as matinés ganharam fôlego e adeptos, atraindo à colectividade convivas das redondezas. Os bailes nas tardes de domingo continuaram na década seguinte, já com um novo equipamento de som, e com a musica a adaptar-se às exigências de um publico mais jovem.
“Fizeram-se lá [na colectividade] alguns casamentos”, recorda Ricardo Santos, actualmente elemento da direcção do GDRAN, e que nesta altura também frequentava as actividades realizadas no salão da terra. Vítor Mata, que na altura presidia à direcção, lembra que além das entradas chegaram a registar, no bar, 40 contos [cerca de 200 euros] por domingo.
Dinamizar actividades mensais
Também em inícios da década de 80 inventaram o jogo toto obra, cujo sorteio do prémio decorria nas matinés, e que tinha por finalidade angariar fundos para a ampliação do salão.
A obra foi feita em 1985 e consistiu na criação de uma cozinha, sala de jogos, salas de direcção, cave e primeiro andar. A existência de mais espaço permitiu a colocação de jogos de sala, nomeadamente matraquilhos, snooker, damas, cartas, dados ou latas.
“A colectividade estava aberta às sextas-feiras, sábados e domingos e faziam-se torneios, vinham pessoas das redondezas aos jogos”, recorda Vítor Mata, acrescentando que na zona não havia uma oferta muito diferenciada a este nível.
Os jogos decorreram até meados dos anos 90, altura em que o salão passou a ter uma abertura diária com o serviço de bar. O número de actividades começou a decrescer na primeira década de 2000 e, 10 anos mais tarde, a colectividade teve uma crise directiva, ficando a Junta de Freguesia com as chaves e continuando ali a funcionar as aulas de ginástica, o grupo de teatro e as actividades do jardim de infância.
Em 2012 foi criada uma nova direcção e o GDRAN voltou a ter actividades, agora mais esporádicas, na média de uma por mês, assim como a abertura da colectividade ao domingo à tarde.
Anualmente participam no Mercado Medieval de Óbidos (que é a sua maior fonte de receitas) e organizam passeios pedestres e desafios de BTT.
No próximo dia 2 de Março terá lugar uma matiné de Carnaval, onde os participantes poderão participar mascarados.
A 11, 12 e 13 de Abril será comemorado o aniversário. No primeiro dia haverá baile com o conjunto Bico d’Obra e no dia 12 será realizado um jantar de sócios e uma encenação do grupo de teatro da terra, Reflexos. No domingo será feito um jogo de futebol e uma matiné.
Para Maio está prevista a realização de um peddy paper e, no mês seguinte, o Dia Mundial da Criança (1 de Junho) será assinalado com uma peça de teatro.
No mês de Agosto a colectividade irá participar no Mercado Medieval de Óbidos e em Setembro irá organizar mais um desafio de BTT. Para Outubro está prevista uma noite de fados, em Novembro um baile e magusto de S. Martinho, assim como o objectivo de reabilitar os jogos de sala.
Em Dezembro a associação irá participar no projecto interassociativo Natal na Aldeia e realizar a passagem de ano.
Actualmente o GDRAN tem 350 sócios, dos quais cerca de metade são activos. A actividade da colectividade pode ser seguida na sua página do facebook.
Fátima Ferreira
fferreira@gazetadascaldas.pt




























