Greves ajudam a acabar com a linha do Oeste

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Os maus horários da CP já tinham afastado muitos passageiros da linha do Oeste. A greve dos maquinistas vem afastar os restantes.

 

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As greves decretadas pelo Sindicato dos Maquinistas têm levado à supressão de inúmeros comboios na linha do Oeste, que deixam muitos passageiros em terra, e a uma redução substancial nas receitas da CP neste eixo. Sindicato e administração da empresa desresponsabilizam-se e trocam acusações.

A linha do Oeste sobreviveu à ameaça de encerramento decretada pelo governo, mas pode não resistir a meses seguidos de greves que têm levado à supressão de inúmeros comboios, fazendo com que os passageiros deixem de poder contar com eles e procurem outras alternativas.
Gazeta das Caldas apurou que as receitas das bilheteiras caíram abruptamente porque há menos clientes e ninguém se aventura a tirar um bilhete de ida e volta por não haver garantias de ter comboio de regresso.
Outro motivo que leva a uma perda de confiança no sistema ferroviário é a falta de informação aos passageiros porque a maioria das estações estão fechadas ou transformadas em apeadeiros e não há pessoal que possa dizer se os comboios se realizam ou não. Uma situação agravada pelas características das greves que são quase “à la carte” – os maquinistas podem decidir no próprio dia se conduzem ou não determinado comboio em função da escala que lhes é atribuída.
Em declarações à Gazeta das Caldas, António Medeiros, dirigente do Sindicato dos Maquinistas (SMAQ) rejeita quaisquer responsabilidades na degradação do serviço na linha do Oeste.
“Nós não queremos contribuir minimamente para isso. Pelo contrário, temos denunciado todas as tentativas que visam encerrar linhas de caminho-de-ferro, e sobretudo a do Oeste, que tem um enorme potencial”, disse, acrescentando que não são os maquinistas que querem acabar com a linha, mas sim a administração da CP que se aproveita da greve para atingir esse fim.
“A administração, com o pretexto da greve, transfere maquinistas para a linha do Norte e para a linha do Vouga, em prejuízo da linha do Oeste. Mas isso é errado porque não têm nada que desviar maquinistas que estavam escalados para os comboios do Oeste”, explica António Medeiros.O sindicalista dá o exemplo dos serviços Alfa e Intercidades que não têm sido minimamente prejudicados pelas greves porque “a empresa adapta as escalas de serviço às oito horas diárias e aos tempos de refeição a que temos direito” para aqueles comboios. Já para o serviço regional (que é o único existente no Oeste), a empresa não alterou as escalas, fazendo com que muitos turnos tenham mais de oito horas, o que permite aos maquinistas não conduzir comboios porque estão abrangidos pelo pré-aviso de greve.
Ainda assim, António Madeiros diz que o SMAQ “excepcionou a greve à linhas do Oeste, Beira Baixa, Beira Alta, Algarve, Douro e Minho, mas a empresa continua a fazer supressões de comboios porque concentra tudo no Longo Curso e nos urbanos”.

PRESIDENTE DA CP REAGE

“Isso é mentira! A empresa não se serve da greve para subrepticiamente suprimir serviços. A empresa está a sofrer os efeitos da greve e o SMAQ está a prejudicar seriamente a empresa”. José Benoliel, presidente da CP, foi peremptório na rejeição das acusações do representante dos maquinistas. Confrontado pela Gazeta das Caldas, o administrador remeteu uma explicação para a estrutura técnica da empresa, que foi dada pelo director-coordenador Leão Mendes.
“Nem todos os maquinistas que prestam serviço em comboios regionais têm competências técnicas para conduzir os Alfas Pendulares”, disse este responsável, desmentido que haja transferência de maquinistas do Regional para o Longo Curso.
“A empresa vive sob pré-avisos de greves sucessivos, que nos retira toda a flexibilidade de gestão e esse condicionalismo, associado à época de férias, leva à supressão de comboios em todas as linhas”, diz. “O que tentamos é minimizar esse impacto, procurando assegurar os comboios que têm maior procura” a fim de prejudicar o mínimo de passageiros.
Leão Mendes diz que foram alteradas as escalas do serviço de longo curso (Alfas e Intercidades) por forma a respeitar as oito horas de trabalho diárias, mas que tal não foi possível no serviço Regional. E denunciou que a consequência do SMAQ em “excepcionar” a linha do Oeste (e outras) dos pré-avisos de greve às rotações com mais de oito horas tem como consequência deixar ao critério dos maquinistas fazer ou não greve. Deste modo, um maquinista que tenha um turno de nove horas na linha do Oeste tanto pode vir trabalhar nesse dia, como poderá optar por ficar em casa, porque está abrangido pela greve às horas extraordinárias.
Por este motivo a empresa nem sempre sabe com o que pode contar e é muitas vezes obrigada a suprimir comboios em cima da hora.

GREVES VÃO CONTINUAR

o SMAQ já apresentou mais um pré-aviso de greve para o mês de Julho.
Os maquinistas contestam a redução dos seus direitos por parte da empresa – que foram efectuados a mando do governo no âmbito das medidas de contenção do Orçamento do Estado – sem que tivesse havido quaisquer negociações, acusando a administração de rasgar acordos colectivos que estavam assinados e em vigor.

Carlos Cipriano
cc@gazetadascaldas.pt

Queixas de um leitor

Os comboios estão a ser suprimidos, grande parte dos mesmos devido à greve, mas não só certamente. Existem revisores a dizer que o governo não quer que os comboios circulem e que a culpa não é deles.
Ligando para a linha de apoio da CP, é-nos dada a  informação pelo/a assistente que os comboios são suprimidos por motivo da greve. No entanto, admitem que a Linha do Oeste está prejudicada a nível de serviço.
Existe um descontentamento geral dos utentes, eu chamar lhe-ia mesmo frustração. A sul das caldas verifica-se mais a supressão de comboios em dias feriados o no dia seguinte também, mas existem comboios a circular. Antes de ter início esta “maratona” de greves existia já um número considerável de utentes satisfeitos por usufruir do comboio. (…) Utilizo todos os dias o comboio.
A greve em causa é convocada pelo sindicado dos maquinistas e revisores em dias feriados. As informações são poucas ou limitam-se a dizer que não sabem de nada!
Hoje ouvi comentar na estação das Caldas que existia passageiros que tiraram bilhete em Lisboa para ir para norte e quando chegaram às Caldas não tinham comboio para seguir viagem. De facto, o comboio regional 6461 Caldas – Figueira foi suprimido” (…)

Rui Pinheiro

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1 COMENTÁRIO

  1. A verdade, que é nos tempos que correm uma “coisa” cada vez mais valiosa e rara na comunicaçâo dita social è facil de escrutinar. A Cp|tutela Abandonaram completamente e deliberadamente a linha do Oeste fruto das politicas de transportes que todos nós conhecemos. Por conseguinte o que se passa atualmente è muito simples: Nâo há material circulante suficiente e com o minimo de dignidade para assegurar a oferta actual. A Cp escuda-se na greve do Smaq para resolver de forma nebulosa um problema que criou ao longo dos anos. O Smaq cancelou a greve na linha do Oeste Hà meses e mesmo assim as supressôes sâo diarias e aleatorias e da responsabilidade exclusiva da CP. Tirem as conclusôes que quiserem mas a verdade è sò uma como sempre..