Greve na Valorsul deverá afectar recolha de lixo

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A greve marcada para a próxima semana dos trabalhadores da Valorsul (que passou a integrar desde 2010 a Resioeste), deverá afectar a recolha de resíduos sólidos nos ecopontos da região Oeste.
A paralisação vai decorrer das zero horas de 17 de Março às 24h00 do dia 20, tendo como objectivo protestar contra a privatização de 100% da participação do Estado na EGF (“sub-holding” do grupo Águas de Portugal para o sector dos resíduos), aprovada no final do mês passado pelo Conselho de Ministros. Tendo em conta a extensão de tempo desta greve, também poderá estar em causa a recolha de lixo indiferenciado, que na maior parte dos casos é feito pelas autarquias, mas que é transferido para o aterro sanitário do Oeste no Vilar (Cadaval), que pertence à Valorsul.
Em declarações à agência Lusa, Navalha Garcia, do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Centro-Sul e Regiões Autónomas, explicou que a greve é “contra os ataques aos direitos e condições de trabalho dos trabalhadores e contra a intenção do governo de entregar a privados uma empresa tão rentável como esta”.
O sindicalista considera que a privatização da Valorsul será prejudicial, tanto para os trabalhadores como também para os utentes dos 19 municípios servidos pela aquela empresa (nos quais se incluem os concelhos da região Oeste).
“Os trabalhadores sairiam prejudicados porque tanto os seus postos de trabalho como os seus direitos seriam postos em causa, e as populações passariam a ter um serviço prestado por uma empresa que apenas pretende o lucro fácil”, referiu.
À Lusa, Navalha Garcia adiantou ainda que a comissão de trabalhadores da Valorsul não chegou a um acordo com a administração da empresa relativamente aos serviços mínimos a prestar nos dias de greve, cabendo agora a um tribunal arbitral estabelecer esses pressupostos.

PRIVATIZAÇÃO CONTESTADA

Ainda segundo esta agência de notícias, na passada terça-feira, 11 de Março, uma comitiva do BE, liderada pela coordenadora do partido, Catarina Martins, visitou as instalações da Valorsul e apelou aos 19 municípios que apoiem a greve dos trabalhadores, manifestando apreensão quanto a uma futura privatização daquela empresa.
Em Fevereiro a Assembleia Municipal de Torres Vedras também aprovou uma moção contra a privatização da Valorsul e da Empresa Geral de Fomento. A moção, apresentada pelo PS e que teve a abstenção dos membros do PSD, sublinha que “o processo de privatização não contempla a possibilidade de os municípios accionistas exercerem direito de compra das acções”. O documento alerta ainda para a falta de garantias quanto à eventual subida do preço das tarifas, à redução de postos de trabalho e aos possíveis impactos ambientais negativos.
Durante o último congresso do PSD, o ex-presidente da Câmara das Caldas, que agora é vereador na Câmara de Loures, também aproveitou a sua intervenção para criticar esta privatização. Fernando Costa dirigiu-se directamente a Jorge Moreira da Silva, ministro do Ambiente e que estava no congresso na qualidade de militante do PSD, para pedir que adiasse as privatizações do sector de tratamento de resíduos, onde se inclui a Valorsul.
Fernando Costa é o nome mais provável para suceder a Fernando Queirós (nomeado pela Câmara de Loures) no Conselho de Administração da Valorsul, um cargo com uma remuneração de mais de sete mil euros mensais.

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Pedro Antunes
pantunes@gazetadascaldas.pt

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