Greve impediu que 32 alunos caldenses fizessem exame de Português

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O final do ano lectivo não está a ser fácil. Mantém-se o braço de ferro entre Sindicatos de Professores e o Ministério de Educação e num ano em que, como nunca, se falou na defesa da Escola Pública, muitos são os professores que estão a aderir às greves marcadas para este mês de Junho, e os docentes da região não são excepção.
No que respeita à greve convocada para a passada segunda-feira, 17 de Junho, apenas 32 alunos do Agrupamento de Escolas Rafael Bordalo Pinheiro foram impedidos de realizar o exame de Português do 12º ano, devendo prestar a prova a 2 de Julho. Em todas as restantes escolas dos concelhos de Caldas da Rainha, Óbidos e Alcobaça, o número de professores que se apresentou ao serviço, apesar de reduzido, foi o suficiente para assegurar a vigilância às provas e aos respectivos secretariados de exames.
Outra greve em curso é às reuniões de avaliação onde pelo menos nas escolas Raul Proença, Bordalo Pinheiro, Secundária do Bombarral e Sta. Catarina não se realizaram ainda quaisquer conselhos de turma.

Caldas da Rainha
Agrupamento de Escolas Raul Proença

José Pimpão, director do agrupamento que reúne a Secundária Raul Proença e o antigo Agrupamento de Escolas de Sto. Onofre, aponta uma adesão à greve superior a 90% de um universo de 219 professores do 1º ciclo ao ensino secundário. Ainda assim, realizaram-se todos os exames de Português marcados para a passada segunda-feira. “Com 11 salas de exame eram precisos 24 professores e apareceram 22”, explica o responsável.
Já as reuniões de avaliação estão a ser mais afectadas pela greve. “De mais de 39 reuniões convocadas nenhuma se realizou”.

Agrupamento de Escolas Rafael Bordalo Pinheiro
De acordo com o director do Agrupamento, António Veiga, “foram convocados 111 professores e apareceram 14 ao serviço”. Assim, das sete salas onde deveriam ter sido realizados exames de Português, apenas duas não reuniram as condições, pelo que 32 alunos (de um total de mais de 90) não puderam prestar a prova.
Já no que diz respeito à greve às avaliações, “nenhuma reunião foi efectuada e já estamos na terceira data proposta”.

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Agrupamento de Escolas D. João II
Foram realizadas as reuniões de avaliação do 6º ano e algumas do 1º ciclo. O mesmo já não aconteceu com as avaliações do 5º, 7º, 8º e 9º ano. Num agrupamento que conta com cerca de 230 professores, o director do agrupamento, Jorge Graça, não consegue contabilizar quantos docentes estão a aderir à greve. “Basta não aparecer um professor para que as reuniões já não se realizem”.

Colégio Rainha D. Leonor
No Colégio Rainha Dona Leonor “todos os alunos realizaram os seus exames dentro da normalidade, tendo o Colégio contado com a presença de 100% do seu corpo docente”, diz o conselho de administração do Grupo GPS – Educação e Formação.

Colégio Frei Cristóvão
Também no Colégio Frei Cristóvão não se verifica qualquer adesão à greve. “As reuniões de avaliação decorreram no calendário previsto, e a época de exames de Ensino Básico tem decorrido com perfeita normalidade, com a comparência de todos os docentes”, referem os responsáveis.

Óbidos
Agrupamento de Escolas Josefa de Óbidos

Dos 110 professores convocados, apenas 44 não se apresentaram ao serviço. Por isso, foi sem problemas que se realizaram os exames de Português na passada segunda-feira.
Já nas reuniões de avaliação a greve não está a ter grande impacto. Fernando Jorge, director do agrupamento, diz que “as reuniões de Secundário e 9º ano realizaram-se e do 6º ano apenas se realizou uma de seis reuniões marcadas”. À hora de fecho desta edição era ainda desconhecido o impacto da greve nas reuniões de avaliação do 5º, 7º e 8º ano, que ainda não se tinham realizado.

Alcobaça
Agrupamento de Escolas de Cister

Gaspar Vaz, director do mega-agrupamento de Alcobaça, diz que a greve de segunda-feira “foi provavelmente a maior de que há memória nas escolas do agrupamento”. Mas o certo é que a adesão histórica não se reflectiu no impedimento da realização de exames.
“Dada a dimensão do agrupamento, todos os exames se realizaram”, explica, acrescentando que dos 328 professores convocados, 230 aderiram à greve, mas as 13 salas de exame funcionaram com normalidade.
Já na greve às avaliações, “das 100 reuniões marcadas, apenas uma se realizou”, diz o responsável.
Apesar de achar que não lhe compete pronunciar-se sobre a justeza desta greve, Gaspar Vaz diz que está a ser “uma greve organizada e eficaz”.

Agrupamento de Escolas de S. Martinho do Porto
De acordo com Luís Silva, sub-director do agrupamento, “todos os alunos fizeram exame de Português”, apesar de na passada segunda-feira a greve ter contado com uma adesão a rondar os 55%. “Dos 85 professores convocados, faltaram 39” aponta o responsável.
A mesma normalidade já não se está a verificar nas reuniões de avaliação pois até à passada terça-feira ainda não se tinha realizado nenhum conselho de turma.

Agrupamento de Escolas da Benedita
Lúcia Serralheiro, directora do agrupamento que junta as escolas das freguesias de Benedita, Turquel e Vimeiro, diz que “a maior parte das reuniões de avaliação não foi realizada”. A responsável não consegue apontar os números de adesão à greve. “Numas reuniões falta um professor, noutras quatro ou cinco”, explica.
Joana Fialho
jfialho@gazetadascaldas.pt

“Ministério deu indicações para que os exames fossem realizados a qualquer custo”
Para a direcção regional do Oeste do Sindicato dos Professores da Grande Lisboa, a adesão à greve de segunda-feira e à greve às avaliações, estimadas em 85% e em 95%, respectivamente, “é uma das maiores de sempre”. Congratulando-se com a união dos professores nesta luta, Manuel Micaelo lamenta que o Ministério da Educação tenha dado “indicações para que os exames fossem realizados a qualquer custo” e diz que em muitos casos as provas foram prestadas em “condições perfeitamente irregulares e absurdas”.
O sindicalista diz mesmo que “nas Caldas da Rainha, e em várias localidades do Oeste, houve vários casos de pais que são professores e que tendo filhos a fazerem exames foram membros do secretariado de exames ou vigilantes quando os filhos prestavam provas nas salas ao lado”. O responsável aponta ainda a vigilância de provas por professores “que pura e simplesmente não podiam fazê-lo”, dizendo que “o Governo atropelou tudo”.
Por isso, diz que “parece que já vale tudo” e defende que “o Ministério da Educação deve pedir desculpa aos professores, alunos e famílias”. O sindicalista diz ainda que “para os professores o mais importante não era impedir que os alunos fizessem exame, mas sim lutar pelos seus direitos”.

J.F.

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