Está marcado para 15 de Novembro (uma terça-feira) a continuação do julgamento Andoni Fernandez, o alegado etarra que vivia no Casal do Avarela, em Óbidos, rodeado de explosivos e engenhos de fabrico de bombas.
A última sessão teve lugar, como previsto, a 27 de Outubro, mas aquela que deveria ter sido a última audiência, a 28 de Outubro, foi adiada devido a uma greve marcada para esse dia pelo pessoal dos Serviços Prisionais.
Na última sessão foram ouvidas cinco testemunhas, todas de elementos da GNR que estiveram envolvidos nas operações de detecção da vivenda suspeita em Óbidos.
O advogado de defesa, José Galamba, tinha pedido a audição de mais sete testemunhas, mas o colectivo, presidido pelo juiz Paulo Coelho, indeferira essa pretensão.
No dia 27 de Outubro a defesa conformou-se com a não audição de duas dessas sete testemunhas, mas insistiu em cinco delas, todas da Polícia Judiciária.
O tribunal indeferiu esse novo pedido e José Galamba interpôs recurso, alegando que aqueles elementos da PJ eram “indispensáveis para esclarecer integralmente o que se passou” no Casal do Alvarela quando foram descobertos os explosivos na noite de 4 para 5 de Fevereiro de 2010.
Este recurso só subirá ao Tribunal da Relação depois de se conhecer o acórdão e se a defesa assim o entender. Desta forma, se o desfecho do julgamento lhe for desfavorável, José Galamba poderá sempre tentar através da avaliação deste recurso uma possibilidade de o anular.
A defesa tem apostado nas questões processuais do julgamento para tentar anular algumas provas. O causídico referiu que encontrou nas muitas testemunhas que tem interrogado “contradições, insuficiências manifestas, omissões deliberadas e, até, flagrantes mentiras”.
Como tem sido habitual, o julgamento decorreu sob elevadas medidas de segurança, apesar de há três semanas a ETA ter declarado em Espanha que desistia da luta armada (embora continue a existir enquanto organização política e sem fazer auto-crítica pelos crimes que cometeu).
Unidades especiais da polícia fazem protecção ao julgamento, havendo um perímetro largo de segurança em torno do tribunal, onde não é permitido estacionar. Para assistir à audiência, jornalistas e visitantes têm de passar por dois controlos de raios X.
Andoni Fernandez é permanentemente guardado por três elementos do Grupo de Intervenção dos Serviços Prisionais (GISP), mas nas últimas sessões foi-lhe permitido estar sem as algemas na sala de audiências.
O arguido demonstra conhecer a língua portuguesa, uma vez que poucas vezes recorre à intérprete que o acompanha.
Já os familiares e amigos de Andoni Fernandez têm demonstrado uma enorme paciência ao assistir durante horas a fio a sessões que decorrem monótonas e arrastadas, e ainda por cima numa língua que desconhecem.
Só no momento em que o arguido sai da sala é que lhe gritam algumas palavras de ânimo, o mesmo acontecendo, no exterior, quando a caravana dos serviços prisionais arranca – com grande aparato de meios – para Monsanto, onde Andoni Fernandez está detido.
Para assistir ao julgamento, que tem vindo progressivamente a ser menos mediatizado, os cerca de 20 bascos viajam 858 quilómetros desde Elorrio (Vizcaya) até às Caldas da Rainha.






























