Greve do setor social teve impacto nas Caldas da Rainha e na região

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Manifestação na passada sexta-feira juntou dezenas de pessoas em frente à Santa Casa da Misericórdia e em frente ao Montepio Rainha D. Leonor

Trabalhadores do Montepio Rainha D. Leonor e da Santa Casa da Misericórdia das Caldas juntaram-se à greve nacional.

Dezenas de trabalhadores da Santa Casa da Misericórdia das Caldas e do Montepio Rainha D. Leonor aderiram, na passada sexta-feira, à greve nacional do setor social, que reunia os trabalhadores das instituições particulares de solidariedade social (IPSS), das Misericórdias e das associações mutualistas. O protesto alargou-se a outros concelhos da região
Ivo Monteiro, do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP), explicou que a greve passava “pela questão do aumento dos salários, porque as instituições não têm dado resposta ao aumento dos custos de vida”. O responsável notou que, no caso do Montepio Rainha D. Leonor “há uma questão específica”, porque associou-se a uma associação patronal – a Rede Mut – que não tem um contrato para propor aos trabalhadores, mas é obrigada, legalmente, a aplicar o contrato das IPSS, porque está a cortar direitos e rendimentos”, apontou.
Ivo Monteiro disse, ainda, que esta greve teve uma “adesão maior do que no dia 15” e que o serviço de gastroenterologia está parado “e as consultas estão paradas”, estando no entanto assegurados os cuidados continuados e o lar de idosos. “Na Santa Casa das Caldas foi cancelado o Serviço de Apoio Domiciliário com 100% de adesão dos trabalhadores e também uma grande adesão de trabalhadores do lar”, referiu o dirigente.
Esta “é uma luta de todo o setor”, afirmou Ivo Monteiro, daí também o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses se ter associado a esta causa. Ivo Gomes, do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, esclareceu que reivindicam “melhores condições, temos muitos turnos extra a ser feitos, que revelam a necessidade de maior contratação de enfermeiros”, afirmou, notando que “em causa está a quantidade, a qualidade e a segurança dos cuidados, tanto para quem administra como para quem os recebe”. Segundo este responsável, em termos de enfermeiros registou-se 100% de adesão à greve (18 enfermeiros) e na Santa Casa da Misericórdia do Bombarral se registou uma “adesão de 80%”.
O presidente do Conselho de Administração do Montepio – Rainha D. Leonor salientou que “o que se está a passar é um problema nacional” e que a instituição está a “tentar”, junto das associações que a representam, “alterar aquilo que tem sido o processo negocial, que se tem arrastado ao longo de cinco anos, para se chegar a uma resolução”. O dirigente admite que a greve “perturba sempre o funcionamento e os resultados da atividade”. Ainda que a greve seja “um direito, que felizmente pertence aos trabalhadores”, refere que a administração da associação mutualista tem de “procurar que não seja necessário chegar a este extremo, desde que as pessoas tenham bom senso”.
Nesta greve, “calhou à Casa de Saúde ser mais afetada”, disse Francisco Rita, explicando que “o Serviço de Atendimento Permanente foi afetado” e que, como na greve anterior foi necessário cancelar consultas da gastroenterologia, também naquele dia “foram canceladas como medida de precaução”, esclareceu, referindo que no Condomínio “não houve qualquer problema e no lar não houve alterações significativas”.
Ainda antes do final do ano haverá negociações e “desenvolvimentos sobre o tema, para ver se o próximo ano corre sem problemas”, notou o presidente do Montepio, afirmando que estão “disponíveis para procurar resolver esta situação e colaborar na resolução junto da nossa associação porque estamos a prestar cuidados de saúde às pessoas e não podemos ter estas interrupções”.
Já António Cipriano, da Santa Casa da Misericórdia das Caldas, também salienta o direito à greve. “Valorizamos muitos os nossos colaboradores e recebemos o caderno reivindicativo que iremos analisar”, disse. “Temos tentado, desde que esta Direção tomou posse, no último ano, corresponder às expetativas dos funcionários, efetuando alguns aumentos salariais e melhorias de condições, mas estamos amarrados à situação do país, temos sido bastante afetados com a inflação, os nossos custos energéticos dispararam e os custos da alimentação também”, sublinhou o dirigente, garantindo que irão “procurar fazer um aumento salarial que ainda não está definido, mas será pequeno, porque não há “condições para grandes aumentos, procuraremos corresponder às expetativas das pessoas, dentro das nossas possibilidades”.
António Cipriano também reivindica que o Estado possa aumentar as comparticipações às Santas Casas “para, pelo menos, o valor da inflação”. O mesmo responsável garantiu, ainda, que o Serviço de Apoio Domiciliário “não foi colocado em causa”. “Nem podia ser, os nossos utentes continuam a necessitar de apoio”, frisou.

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