Gratuitidade da feira foi aposta ganha na Frutos

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Evento contou com muito público durante os quatro dias e os expositores, na generalidade, mostraram-se satisfeitos com as vendas. Para o próximo ano, o evento deverá ter mais que quatro dias

A Frutos – Feira Nacional da Hortofruticultura regressou este ano, num novo formato, com apenas quatro dias, mas com a gratuitidade da entrada na feira. O número de visitantes no certame, especialmente na sexta-feira, no sábado (já lá vamos!) e no domingo e a satisfação e elogios dos expositores revelam que foi uma aposta acertada, que, aliada à vontade da população de sair e a um clima ameno trouxeram ao cenário por si só apelativo do Parque D. Carlos I, nas Caldas, milhares de pessoas.
Entre os cerca de 180 expositores presentes no evento está Edite Leitão, dos Frescos da Vila. Desde a primeira edição da Frutos que traz os seus morangos, de Mafra, para vender no evento e já criou mesmo a tradição do copo de morangos. “Este ano a feira teve muito mais gente e foi melhor do ponto de vista comercial”, referiu, admitindo que “superou as expetativas”. A empresária tem feito outros eventos e nota que, depois da pandemia há mais público, “mas não contava” que os morangos que vende “já fossem tão conhecidos e procurados, isso é muito gratificante”.
“Eventos deste género são muito importantes para o produtor, porque permite-nos vender diretamente ao cliente e permite ao comprador falar com quem produz, conhecer e tirar as suas dúvidas”, nota a produtora.
João Martinho e Regina Carreira têm a companhia dos filhos e também são presença assídua na Frutos. Vendem na Praça da Fruta há 30 anos, desdobrando-se durante estes dias pelos dois espaços. “Superou todas as expetativas, com as entradas livres foi melhor, com mais público, não só ao nível da feira, mas também na cidade há muita gente”. “Penso que foi tudo bem organizado, só esta rua ficou um bocadinho estreita, mas ela já cá estava”, brincou.
O presidente da Câmara das Caldas, Vítor Marques, admite que mesmo assim, não estiveram presentes tantos expositores quantos gostaria na área da fruticultura. “É uma época em que os produtores estão no auge do seu trabalho, o que cria mais dificuldades a que possam vir, mas é o momento em que a fruta está na plenitude”, frisa o autarca, acrescentando que esta data pretende também aproveitar as boas condições e a época de férias, com muitos turistas e emigrantes.
Este ano, outra novidade da feira foi a criação de uma zona de restauração no antigo parque das bicicletas, com um segundo palco com animação (que, entre outros, recebeu o concerto de celebração do 30º aniversário dos Declínios).
José Gomes, que há 11 anos abriu o Poço do Zé nos Casais de Santa Helena, já tem feito várias edições da Frutos. Este ano, no novo espaço de restauração tinha dois “restaurantes”. Comparando com outras edições, sentiu que houve um aumento do volume de negócios na comida, mas desceu nas bebidas. “Correu bem, demo-nos todos bem”, referiu, elogiando o espaço criado nesta edição. “Penso que poderia ser ainda maior, aproveitando a Rua dos Plátanos e a zona onde estavam as diversões para as crianças, mas é uma aprendizagem e vamos ver como corre para o ano”, afirmou.
No balanço desta edição, a organização assumiu que já equaciona, precisamente, aumentar este espaço, alargando-o ao restante parque das bicicletas. Para manter será o formato da gratuitidade da feira propriamente dita, pagando-se apenas os concertos.
“O acesso livre ao parque é algo que deve ser permitido a todos, ter uma feira paga no parque não se conjuga com essa vontade”, explica Vítor Marques. A duração da feira, que foi de apenas quatro dias, foi explicada com um atraso na preparação da mesma. “Entrámos há quase um ano e temos estado numa fase de ambientação”, explica o chefe do executivo municipal. O atraso na contratação dos operadores de som e luz, aliado à situação atual de subida de custos, levaram a um aumento dos custos da própria organização, pelo que foi necessário ajustar. “Ponderamos no futuro requacionar uma dinâmica de mais dias”, afirmou o autarca, salientando, ainda, que foi feito um esforço na montagem da estrutura da feira para não colocar os stands em cima de relvados.
“Tentámos defender a estrutura paisagística do parque, mas não conseguimos controlar que as pessoas tenham um impacto com o pisoteio de relvados e etc”, disse Vítor Marques, admitindo que “é um processo que temos que ter sempre em mente, haverá sempre quem concorde e quem discorde e nós, na posição que estamos, temos que ir sempre avaliando e acompanhando até que ponto a utilização massiva do parque é excessiva”. Nesta fase, a organização considera que “as marcas que deixa se conseguem recuperar num tempo relativamente rápido, mas é um uso muito intensivo”. O presidente da Câmara diz mesmo que, no dia em que acharem que os transtornos são graves, terão que equacionar um local diferente. Mas pelo menos por agora, a Frutos é para manter no Parque D. Carlos I.

Mais de 25 mil nos concertos
O recinto dos concertos, onde a entrada era paga, recebeu, segundo a organização, cerca de 25 mil pessoas no total dos quatro dias.
No primeiro dia do certame, quinta-feira, atuou a rapper Nenny. Na sexta-feira viram-se pela primeira vez as filas de fãs à entrada ainda durante a tarde. O concerto era dos D.A.M.A. (que convidaram Cristina Ferreira para vir às Caldas assistir à sua atuação) e atuação do dj Wilson Conrado. O sábado foi a grande loucura, com um total de 12 mil pessoas a esgotarem os bilhetes para o concerto dos Calema, o que suscitou confusão na entrada e levou a um adiamento de 30 minutos do início do concerto e à criação de duas entradas (uma na zona das saídas). O DJ Nuno Luz fechou a noite. No domingo também havia filas durante a tarde, mas não da dimensão do sábado. O concerto de Bárbara Tinoco encerrou o festival, cujo novo formato já deu… frutos. ■

Agricultura biológica, mercados de proximidade e falta de água em foco

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Coopsteco promoveu sessões técnicas onde se debateram temáticas relevantes para o setor

A importância da relação que se estabelece entre o produtor e o consumidor nos mercados de proximidade foi um dos fatores mais relevantes apontados pelos oradores do último painel das sessões técnicas Bio promovidas pela Coopsteco, numa mesa composta pelos produtores locais Fernando Pires e Hugo Zina, com moderação de Sandra Martins, e que abordava “A agricultura biológica, a exportação e os mercados de proximidade (a perspetiva da defesa do ambiente, da economia local e nacional)”.
“A figura do produtor é primordial”, salientou Fernando Pires. Já Hugo Zina, da Horta do Pé Descalço, que em 1200 metros quadrados produz toneladas de alimentos de meia centena de variedades durante um ano, afirmou que “arelação de amizade e confiança que se estabelece é a chave” e defendeu que são precisos mais pequenos produtores. Hugo Zina revelou que pretendem apostar numa agricultura apoiada pela comunidade em que existe uma partilha de risco e de “lucro” entre o consumidor e o vendedor, em que o primeiro compra uma quota e assume os riscos de uma quebra de produção, mas também os benefícios de quando existe excesso.
Nas sessões anteriores, Nuno Nabais e João Batista abordaram “A agricultura biológica vista pela sociologia” e Jorge Ferreira falou sobre a “Redução do uso e o risco dos pesticidas na agricultura em Portugal e na União Europeia”. Os colóquios realizaram-se no Telheiro do Parque D. Carlos I e pretendiam, segundo José Alexandre, presidente da Coopsteco, “dar inovação a uma feira que já é bastante antiga”. O responsável destacou a importância de mostrar a agricultura biológica nos produtos expostos nos stands da feira e colocar esta temática em discussão através dos colóquios. “Uma feira dos frutos moderna, que não tenha a componente bio, é uma feira coxa”, disse.
À Gazeta afirmou que “não tem sentido o Oeste ter perdido o Centro de Experimentação de São João”, apontando que é preciso “mais campos experimentais e não acabar com os que existem”. Para combater a falta de água defende que é necessário “criar uma cultura de aproveitamento das águas superficiais”, mas também criar pequenos açudes nas ribeiras, armazenar água das chuvas e aproveitar a experiência das chamadas charcas. ■

Colóquios realizaram-se no telheiro do Parque D. Carlos I
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