
Em muitas cidades constroem-se parques de atracções onde o chamariz é a comida e os objectos de diversão, tipo carrosséis, montanhas russas, pistas de automóveis, etc.
Geralmente atraem muitas pessoas, mas para além de criarem emprego, trazem pouco valor acrescentado e não primam muito pela promoção da criatividade, nem pela participação dos visitantes no resultado de muitas dessas actividades aí desenvolvidas.
A cidade de Vancouver apresenta uma proposta diferente, numa ilha – ligada por uma ponte ao núcleo urbano da cidade – que antes foi uma zona industrial e de serviços.
Trata-se da ilha de Granville, que em 1886 havia servido de refúgio para os habitantes de Vancouver aquando de um grande incêndio que devorou a cidade. Depois, com o regresso dos habitantes à zona original, a ilha foi deixada para ali se instalarem várias unidades fabris de transformação de madeira e de ferro.
Hoje aquele espaço, fronteiro à baixa da cidade de Vancouver, está transformado no parque de indústrias criativas de acesso gratuito, onde em muitos edifícios sem grande exuberância arquitectónica – e alguns até de carácter mais ou menos provisório -, funcionam galerias de pintura e escultura, estúdios de design industrial, gráfica e de multimédia, lojas de artesanato nos mais variados materiais.

Aqui podemos encontrar obras em cerâmica, vidro, plástico, madeira, jóias, onde artistas e artesãos da região colocam as suas produções à venda, ou executam aí mesmo as suas peças.
Também se encontram bonitas e funcionais lojas de objectos infantis, preparadas para as crianças brincarem, para além de vários teatros, cinemas, estúdios de dança, restaurantes, bares, cafés, esplanadas, etc.
Existe um hotel e um mercado diário de frutas, legumes, flores, doces, com produtos locais com atestação de origem e outros provenientes de todas as partes do mundo, especialmente da Ásia, graças à multiculturalidade da comunidade.
Não faltam ainda lojas especializadas em fornecimento de produtos para as artes numa variedade difícil de encontrar em qualquer parte e que atrai os clientes profissionais mais

especializados.
As autoridades estaduais investiram ali nos anos 70 cerca de 19 milhões de dólares (15 milhões de euros), que lhes traz hoje um retorno anual em impostos e taxas de 35 milhões de dólares (27,8 milhões de euros).
Para dar consistência aquela oferta cultural, funciona ainda na ilha, desde 1980, uma escola de artes, media e design (Emily Carr College of Art pertencente à Emile Carr University of Art + Design – www.ecuad.ca/) e uma escola de restauração e hotelaria, frequentadas por centenas de jovens estudantes nacionais e estrangeiros.
A Escola de Design está aberta ao público, podendo-se entrar nas instalações para observar os trabalhos feitos pelos alunos expostos nos corredores e nas galerias.

Na ilha é incentivada a vinda de artistas e candidatos a artistas que fazem os seus espectáculos e performances nas ruas e nalguns espaços disponíveis para o efeito. Para tal basta adquirir uma simples licença, tendo em anos recentes passado por ali mais de uma centena de buskers por ano, como são intituladas estes visitantes activos e participativos.
Diariamente milhares de pessoas, locais e turistas, visitam a ilha, dão animação e adquirem produtos, no que é uma forma de criar emprego, produzir riqueza e incentivar a produção cultural.
JLAS






























