
Montepio duplicou as consultas de atendimento permanente nos últimos meses
A ministra da Coesão Social, Ana Abrunhosa, manifestou-se disponível para reunir com o Conselho de Administração do Montepio Rainha D. Leonor e a Comunidade Intermunicipal do Oeste (OesteCIM) com o objetivo de preparar a candidatura de um novo hospital a fundos comunitários. A governante, que participou no primeiro fórum organizado pela instituição caldense para assinalar os 75 anos da Casa da Saúde (a 30 de novembro), explicou que há fundos comunitários para apoio a equipamentos na saúde e área social, mas que é importante uma articulação com a comunidade intermunicipal, numa visão de rede territorial. “Vamos apostar muito em serviços inovadores que promovam a autonomia das pessoas, com o acompanhamento em casa”, explicou, dando conta que pretendem fazer parcerias com universidades e consolidar redes nas áreas da saúde e social. E o Montepio pode, na opinião da ministra, ter um papel importante no desenvolvimento de projetos inovadores, reiterando a disponibilidade para reunir com a instituição. Um encontro que o presidente do Conselho de Administração, Francisco Rita, diz que querem aproveitar com “as quatro mãos” e em articulação com a OesteCIM.
A candidatura é para criar uma nova clínica, que permita condições condignas para responder às necessidades de futuro. “No espaço que temos atualmente é impossível gerar riqueza suficiente para fazermos a intervenção”, pelo que já adquiriram o edifício da EDP, à entrada da cidade, há quatro anos, para o novo equipamento.
“O edifício existente (no centro da cidade) não tem condições físicas para podermos colocar áreas altamente técnicas como o internamento e blocos operatórios”, explicou o responsável, dando também nota das dificuldades de circulação de pessoas e produtos. Francisco Rita apresentou à governante o projeto da nova Casa da Saúde, que pretende dar uma resposta diferenciada em termos de ambulatório mas também de especialidades, mantendo a complementaridade com o CHO na área dos meios complementares diagnóstico. O também médico lembrou que, devido a dificuldades fruto da pandemia, o CHO serviu-se do bloco operatório do Montepio durante quatro meses. Possuem também um acordo com a Segurança Social e têm camas disponíveis para receber doentes caso necessário, apesar da grande limitação em termos de espaço.
Outra das notícias que Ana Abrunhosa trouxe foi a devolução do IVA às IPSS, previsto em Orçamento de Estado para 2023 e que a administração do Montepio quer agora ver em que condições se irá processar. O Estado não tem sido, de resto, um parceiro muito cumpridor tendo em conta que há cinco anos que não atualiza os preços nos cuidados continuados. “Estamos a suportar os custos, a ter saldo negativo com cada doente que temos”, denuncia Francisco Rita, lembrando que os preços praticados com a tutela já eram baixos.
Fundos para o novo Hospital
As poucas palavras da ministra Ana Abrunhosa relativamente ao novo Hospital para o Oeste foram para dizer que cabe ao ministro da Saúde tomar a decisão sobre a localização mas que, na sua opinião, esta já vem sendo prolongada “por demasiado tempo”. Para além disso, já transmitiu à tutela e à OesteCIM a disponibilidade de, no âmbito do Portugal 2030, apoiar o projeto.
Embora a necessidade de um novo hospital seja reconhecida por todos, isso “não tira importância do papel das IPSS no território”, disse a governante, referindo-se ao elevado número de população envelhecida e a necessidade de fomentar a sua autonomia a nível residencial.
Mas o assunto do novo hospital já tinha abordado durante a manhã, com o presidente da Câmara, Vítor Marques, a defender a sua construção nas Caldas da Rainha. O autarca informou que a Câmara está a desenvolver a Estratégia Municipal da Saúde, em parceria com a Escola Nacional de Saúde Pública. Os dados resultantes serão depois enviados, também, ao ministro da Saúde para que, a par do estudo da OesteCIM, possa decidir sobre a localização, dimensionamento e perfil do novo equipamento.
Esta estratégia municipal será a base estrutural para a autarquia, em conjunto com todos os agentes da comunidade de saúde locais, delinear as diretrizes que conduzirão às decisões políticas, explicou Vítor Marques. O autarca lembrou os acordos estabelecidos de promoção da saúde, a aposta na prevenção e o compromisso do município para o diálogo e para a articulação estreita com as entidades de saúde locais.
Aproveitando a presença do autarca, Francisco Rita manifestou a disponibilidade do Montepio em colaborar na resolução do problema dos cuidados de saúde primários. “Estamos disponíveis para participar ativamente com os serviços públicos na prestação de cuidados às pessoas”, disse o responsável, acrescentando que nos últimos tempos duplicaram as consultas de atendimento permanente. “Neste momento temos, em grande parte dos dias da semana, dois médicos a fazer o serviço de atendimento permanente”, explicou. A instituição tem sido alvo de intervenções para poderem oferecer um melhor serviço, com a melhoria das equipas médicas, dos sistemas informáticos e da capacidade de resposta, concretizou Francisco Rita.
Também a antiga ministra da Saúde, Maria de Belém Roseira, entende que a articulação com o privado pode ser o caminho para garantir o acesso aos cuidados de saúde primários. “O setor social tem natureza de interesse público reconhecido”, disse, fazendo notar que este é responsável pela prestação dos cuidados continuados.
O encontro, que celebrou os 75 anos da Casa da Saúde, contou ainda com a participação, entre outros oradores, do secretário-geral da OesteCIM, Paulo Simões, que falou do papel da economia social, que emprega 13,6 milhões de pessoas na Europa e que, na sua opinião, devia assumir um papel estruturante no desenho dos instrumentos de financiamento das regiões.






























