“Tem um certo sabor ler a Gazeta fora do país, pois é através do jornal que sinto as Caldas mais perto de mim”, disse Carlos Alberto dos Santos, 76 anos que vive há 47 nos EUA. É assinante deste semanário há pelo menos 15 anos e é através deste semanário local que gosta de se actualizar sobre tudo o que se vai passando na cidade e como vai sendo o percurso do seu clube de eleição, o Caldas Sport Clube.
“Acaba por ser um elo de ligação entre nós e a terra onde nascemos e onde afinal vivi até aos 27 anos”, contou este leitor à Gazeta referindo que foi com aquela idade que emigrou para o Canadá, país onde viveu durante dois anos. Emigrou tal como tantos jovens do seu tempo, em busca de uma vida melhor “já que aqui não tivemos essa oportunidade”. Para ter as mesmas condições de vida que conseguiu no estrangeiro “teria pelo menos que ganhar o Totobola!”.
Depois decidiu emigrar para os EUA para se juntar à sua esposa que estava naquele país há alguns anos, onde se reuniu à sua família de Salir do Porto. Mas o amor já era antigo. Na verdade Carlos e Branca Santos, actualmente com 73 anos, conheceram-se na Escola Comercial e Industrial das Caldas da Rainha e, enquanto estiveram cada um em seu país, contam, “namorávamos por carta”.
Carlos Santos gosta de ler a Gazeta “com calma” e nunca deixa de ver a Necrologia pois “é única maneira de ver quem partiu, alguns meus amigos de longa data”. Este assinante comentou até que sabe melhor quem faleceu quando está do outro lado do Atlântico pois quando vem de férias a Portugal, não recebe o jornal. Desta vez por causa de um problema de saúde da esposa Carlos Santos esteve apenas três semanas nas Caldas mas o habitual é estarem pelo menos sete semanas.
Carlos Santos trabalhou sempre ligado à indústria, primeiro no armamento, depois nas peças de automóvel e, finalmente, na robótica.
Começa então a ler a Gazeta das Caldas dando atenção aos destaques da primeira página. “Se há algo que me interesse vou logo ler o desenvolvimento nas páginas interiores”, contou este assinante que em seguida destaca o Desporto para “para ler depois, com calma, e saber os resultados do Caldas”.
Ultimamente tem dado atenção à rubrica “Uma Empresa, Várias Gerações” até porque “conheço muitas das pessoas que surgem retratadas nesses artigos”.
Também gosta de ler os anúncios sobretudo o dos médicos e aprecia ver as fotografias dos vários aspectos da evolução da cidade.
“Há dias fizeram referência à casa onde comecei a trabalhar ”, disse Carlos Santos no caso a retrosaria de Francisco Madeira Lau (antigo João Vintém), na Praça do Peixe.
“Entrei lá como marçano e saí de lá como encarregado da loja”, recordou acrescentando que trabalhou naquele local enquanto estudava na Escola Comercial e Industrial.
Carlos Santos tem grande consideração por Madeira Lau “o homem que foi meu patrão e meu segundo pai, aprendi muito com ele e a ele devo grande parte do meu sucesso nos EUA”.
A mãe de Branca Santos, Maria Gomes Gregório era outra assídua leitora deste semanário. Até 2004, quando tinha 103 anos não deixava passar a semana sem perguntar ao seu genro: “Já recebeste a Gazeta, Carlos?”, costumava perguntar e lia a edição de fio a pavio. “A minha sogra ainda lia mais artigos na Gazeta do que eu, tinha uma memória extraordinária”, disse.
Carlos Santos deixa como sugestão que este jornal “entreviste mais os emigrantes pois há hoje novas gerações com filhos médicos, advogados e engenheiros”. Este assinante acha ainda que estas pessoas “poderão dar um contributo na divulgação da Gazeta das Caldas no estrangeiro”.































