Doces que são maravilhas

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As Cavacas das Caldas, o Pão de ló de Alfeizerão, os pastéis de Mós, os Amigos de Peniche, as cornucópias de Alcobaça, as brisas do Liz e os esses de Peniche foram os doces eleitos para representar o distrito de Leiria nas 7 Maravilhas Doces de Portugal. As brisas do Liz foram as que adoçaram mais a boca do júri, que as escolheu para as meias finais do concurso.

Fátima Ferreira
fferreira@gazetadascaldas.pt

Ovo, açúcar, amêndoa, água e margarina. São necessários apenas cinco ingredientes para confeccionar as Brisas do Liz, apresentadas como o “segredo mais doce de Leiria” e foram as mais votadas pelo público, passando às meias finais do concurso 7 Maravilhas Doces de Portugal.
As origens das Brisas do Liz são pouco claras. Há histórias que remetem às monjas do Convento de Santana enquanto que outras transportam para uma família de Leiria, que passou por Angola e, mais tarde, no regresso a Portugal, no início do século XX, viria a criar uma sociedade e a fabricar o doce, aprimorado durante anos. Começou por se chamar Beijinhos do Liz, mas trocadilhos malandros com o nome levaram a alterá-lo para o actual: Brisas do Liz.
Este doce foi escolhido entre sete finalistas na região e irá representar o distrito na semi-final. Em segundo lugar ficaram as cavacas das Caldas, produzidas há muitos anos e que são um pólo de atracção a algumas das pastelarias da cidade. Também podem ser encontradas diariamente na Praça da Fruta. Compostas por farinha, açúcar, manteiga, ovos e sal, as Cavacas tiveram origem na Fanadia, de onde eram naturais as irmãs Rosalina e Gestrudes Carlota conhecidas pelos seus dotes de doceiras em Lisboa na corte do Rei D. Carlos. Com a queda da Monarquia, em 1910, voltaram às suas origens e ao fabrico das Cavacas e Beijinhos, que vendiam junto ao Hospital Termal.
Os Pastéis de Porto de Mós podem ser encontrados na Pastelaria Portomosense, propriedade de Anselmo Antunes e Sandra Correia. O facto desta localidade não ter um doce tradicional levou o pasteleiro e a esposa a criar um há cerca de cinco anos, inspirando-se nos doces conventuais. A forma do pastel remete  para a zona onde se insere: a pedra mó, um dos símbolos do concelho. Entre os ingredientes para a sua confecção estão o ovo, amêndoa, açúcar e uma farinha especial.
As Cornucópias de Alcobaça também não podiam faltar na lista. Embora não haja certezas, a origem deste doce está no receituário do Mosteiro de Cós, fundado no século XII, dependente do Mosteiro de Alcobaça. A sua forma inspira-se na de um vaso com feitio de corno, que na Antiguidade simbolizava a fertilidade e a abundância. As de Alcobaça são recheadas de ovos-moles, confeccionados com gemas e açúcar. Os Esses de Peniche, biscoitos em forma de S, com um sabor extra a amêndoa e envolvidos em açúcar, ideais para acompanhar com um chá ou café, também estiveram a concurso, a par dos Amigos de Peniche, um pastel doce inspirado na expressão “amigos de Peniche”, que se refere a um falso amigo. Semelhante ao pastel de feijão, este doce é confeccionado com farinha, açúcar, ovos e amêndoa.

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O PÃO DE LÓ DE ALFEIZERÃO

O Pão de Ló de Alfeizerão também esteve entre os seleccionados a nível distrital. Uma receita das freiras do Mosteiro de Santa Maria de Cós (Alcobaça) tornou-se famosa em Alfeizerão, levada pelas criadas das monjas que para ali foram trabalhar após a extinção das ordens religiosas. Conta a história que foi o padre João Matos Vieira que, por uma questão de sobrevivência durante a Revolução de 1910, iniciou, com a ajuda de familiares e amigos, começou a confeccionar e comercializar este bolo. Trata-se de um pão de ló húmido, de cozedura incompleta, constituído basicamente por ovos, farinha e açúcar. O seu segredo consiste no tempo certo da cozedura, que lhe confere o aspecto húmido final.
Estas sete maravilhas foram escolhidas entre duas dezenas de nomeados para a primeira fase distrital. Neste conjunto o maior número de doces eram de Alcobaça, com as Cornucópias de Alcobaça e de Maçã, Coscorões, Delícia de Frei João, Merendeira Doce, Pão de Ló de Alfeizarão e o Pudim de S. Bernardo. Também Peniche apresentou várias propostas, como os Amigos de Peniche (Peniche), Esses de Peniche, Pastéis de Peniche, Renda Doce e Uvada. De Óbidos foi seleccionado o Doce de Pera e Ginja e das Caldas as Cavacas.
Estes doces integravam inicialmente uma lista de 907 candidatos de todo o país.

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