Óbidos tem uma marca de azeite. Chama-se “20 Oliveiras”

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Os produtores de azeite, Norberto Figueira e Hugo Agostinho, juntamente com Joana Rodrigues, a coordenadora do programa Ativa-te | Fátima Ferreira

As 20 oliveiras que foram colocadas pelo pai de Hugo Agostinho para separar um eucaliptal de um pomar de pereiras na Gracieira, acabaram por dar nome à primeira marca de azeite produzido em Óbidos.
Trata-se de um azeite gourmet, com um baixo teor de acidez, que é produzido com azeitona colhida nos olivais existentes na Gracieira e Vau, terra de onde é natural Norberto Figueira, o sócio de Hugo Agostinho.
Esta é também a história de dois amigos, que foram colegas de escola, e que no futuro sonham dedicar-se em exclusivo à produção de azeite.

 

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“Azeite delicado, colhido de oliveiras jovens, fruto da amizade e do respeito pela terra. União de castas nobres escolhidas a dedo. Azeite tradição, néctar contemporâneo”, pode ler-se no rótulo da garrafa de azeite 20 Oliveiras. A única marca de azeite fabricado em Óbidos nasceu há cerca de um ano, fruto da vontade de dois amigos, Hugo Agostinho e Norberto Figueira, e das sinergias encontradas no Espaço Ó.
Hugo Agostinho sempre se lembra de ajudar o pai e o avô na agricultura, mas estudou electromecânica e é operador de estações elevatórias de águas no município de Óbidos. Com a morte do pai, há oito anos, ficou a tomar conta dos terrenos que tinha na Gracieira, alguns com oliveiras. Foi-se entusiasmando com o processo da feitura do azeite e começou a tratar as oliveiras que possuía, de modo a ter uma maior produção. Fez também algumas formações, nomeadamente em poda e no tratamento das árvores.
Entretanto, com a morte do tio, ficou também a tratar das suas oliveiras e a apanhar a azeitona, que levava para moer no lagar, trazendo depois a quantidade de azeite proporcional à do fruto que levava. Foi tendo mais produção e, ao alcançar os 350 quilos (quantidade mínima necessária), pôde moer e trazer o seu próprio azeite. E o resultado não podia ter sido melhor: o dono do lagar disse-lhe que a qualidade era excelente e que podia ir “vendê-lo para a porta da farmácia, pois era um azeite bom para doentes, que não tinha quase nenhuma acidez”, recorda Hugo Agostinho.
Feitas as medições, o azeite tinha 0,2 de acidez, “um teor muito baixo e que é bem tolerado pelo corpo humano”, explica à Gazeta das Caldas.
Entretanto, um dia encontrou o antigo colega de escola, Norberto Figueira, e em conversa disse-lhe que ele devia aproveitar também os terrenos que tem no Vau, para plantar mais oliveiras. Foi o que aconteceu e, desde há cinco anos, que têm obtido azeite da produção conjunta das oliveiras da Gracieira e do Vau, sempre com uma acidez que oscila entre os 0,2 e os 0,4%.
Actualmente já possuem perto de 2500 oliveiras (algumas plantadas recentemente) das variedades Galega, Picual e Cordovil de Castelo Branco, e o ano passado tiveram uma produção de 500 livros de azeite.

Fruto do trabalho comunitário

Em 2014, Hugo Agostinho e Norberto Figueira estavam a colaborar numa festa na Gracieira quando encontraram o presidente da Câmara e disseram-lhe que estavam a produzir azeite e que queriam integrar o programa Activa-te (que ajuda os munícipes a desenvolver as suas ideias e torná-las em produtos ou negócios). Tiveram a concordância imediata e, já no âmbito do programa, foi criada a marca e a imagem associada ao azeite, que querem que seja identitário de Óbidos.
Os dois empreendedores contaram com a colaboração de diversas pessoas, como o chefe Manuel Dias, que desenvolveu a receita do azeite picante. O engenheiro José da Mata tratou da rotulagem, o designer gráfico João Schittek, criou o logótipo e a imagem gráfica, e a ilustradora Helena Loução fez uma ilustração sobre o ciclo do azeite e a história dos seus produtores, que é acompanhada por um poema de Joana Rodrigues. Esta apresentação é entregue como rótulo na garrafa de azeite, atado com um pequeno cordel e um raminho de oliveira.
A marca foi apresentada o ano passado, durante o Folio, com a apresentação de um livro, que conta a história dos dois produtores, acompanhado de duas pequenas garrafas: uma de azeite virgem extra e outra de azeite aromatizado picante.
Os produtores têm vendido este azeite gourmet nos mercados do Espaço Ó, que funcionam no primeiro domingo de cada mês, e na Loja da Identidade, junto à entrada da vila. Uma garrafa de 2,5 decilitros de azeite picante custa 10 euros, enquanto que uma de azeite extra virgem custa sete euros. A garrafa de azeite extra virgem de 5 decilitros custa 10 euros.
A apanha da azeitona é feita no início do Inverno, nos meses de Novembro, Dezembro. “O clima é que manda muito”, conta Hugo Agostinho perspectivando uma boa colheita para este ano.
No futuro, os dois amigos pretendem aumentar a produção e apostar no turismo, possibilitando visitas aos olivais, assim como ao lagar, que também querem criar. E não escondem o sonho comum: dedicar-se exclusivamente à agricultura e à produção de azeite.

 

 

O baixo teor de acidez, a finura e o paladar são características do azeite produzido em Óbidos
O baixo teor de acidez, a finura e o paladar são características do azeite produzido em Óbidos
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