
A Casa-Museu Mário Botas, na Nazaré, deve abrir as portas no final do ano. Quem o afirma é José Ramalhal, do conselho de administração da Fundação Mário Botas que se destina a divulgar e a dar a conhecer a vida e obra do artista nazareno que marcou, com a sua pintura, o panorama artístico português do século XX
A Fundação Mário Botas, que se dedica à divulgação da vida e obra daquele artista nazareno, está há vários anos a tentar abrir o espaço museológico na terra natal daquele artista.
“Falta muito pouco para finalmente podermos abrir o museu”, revelou à Gazeta das Caldas José Ramalhal, vogal do conselho de administração (CA) da Fundação, que é uma instituição de direito privado e de utilidade pública, que foi instituída pelo pintor Mário Botas no seu testamento público, feito a 6 de Junho de 1983. Este vai ser instalado no edifício sede desta entidade – que fica na Rua dos Barrancos, no centro da Nazaré – e cuja construção foi iniciada em 2002. O dirigente deu a conhecer que neste momento a fundação está a adquirir o equipamento necessário ao bom funcionamento do futuro museu.
Serão 120 as pinturas daquele artista-médico que vão estar presentes na abertura do espaço museológico. As aguarelas deste artista têm estado à guarda do Centro Cultural de Belém enquanto se aguarda pela abertura do espaço museológico, cuja aprovação teve que passar pela presidência de Conselho de Ministros, conforme explicou José Ramalhal, também presidente da Assembleia Municipal da Nazaré.
Vários anos de espera
“Estamos há pelo menos sete anos a tentar abrir as portas”, salientou o responsável, explicando que foi preciso também resolver uma questão relacionada com a posse de uma parte do terreno onde a Fundação tem o seu edifício, que pertencia à Câmara. A questão com o município “foi resolvida” e aguarda-se apenas trâmites administrativos normais. Houve ainda necessidade de realizar alterações estatutárias e que também demoraram algum tempo. “Vivemos uma fase que nos anima”, afirmou José Ramalhal.
A ambição de abrir Casa-Museu Mário Botas na Nazaré é antigo e surgiu ainda nos anos 1980, quando surgiu a Liga dos Amigos de Mário Botas que, além de pretender abrir a área museológica se constituiu com o objectivo de divulgar a obra daquele pintor. A ideia ganhou consistência na década seguinte.
Agora basta ultrapassar algumas questões burocráticas e administrativas para se poder dar a conhecer a obra deste pintor ao público.
Este espaço museológico terá uma sala central, que será dedicada à obra de Mário Botas e terá uma exposição permanente. “Há salas que poderemos rentabilizar para a realização de workshops e de formação”, contou o vogal do conselho de administração da Fundação dedicada à divulgação da obra do pintor.
Esta entidade quer rentabilizar o café que será adjudicado, além de pretender rentabilizar mais duas salas. O Museu tem também a biblioteca do autor, além de fotografias e documentação variada do artista. É neste museu que se guarda ainda o espólio do primo de Mário Botas, António Laranjo. O futuro museu ainda contempla salas de apoio para investigadores.
Quem foi Mário Botas?
Mário Ferreira da Silva Botas nasceu a 23 de Dezembro de 1952, na Nazaré, terra dos pais e onde o artista fez os estudos primários e secundários. Foi um aluno brilhante e terminou o secundário com altas classificações, tendo sido dispensado do exame de admissão à faculdade de Medicina de Lisboa, onde ingressou em 1970. Licenciou-se com distinção em Julho de 1975, mas quase não chegou a exercer medicina.
O pintor descobriu que tinha leucemia em 1977 e decidiu dedicar-se exclusivamente à pintura, arte que muito apreciava e que o levava a conviver com pintores estrangeiros. Essa decisão, mas também a esperança da cura, levou-o a Nova Iorque, onde fez, em 1978, uma exposição individual na galeria Martin Summers.
Regressado a Lisboa, em 1980, entregou-se à criação, à preparação de exposições e outras actividades artísticas.
Mário Botas faleceu a 29 de Setembro de 1983 no Hospital da Cruz Vermelha. Este artista, que é um dos nomes mais importantes da arte portuguesa da segunda metade do século XX, está representado em várias colecções de arte, públicas e privadas.
Entre as muitas exposições feitas com as suas obras, destacou-se uma mostra retrospectiva deste pintor, natural da Nazaré, e que esteve patente, em 1999, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.






























