Freguesias rurais das Caldas reclamam médicos para as suas unidades de saúde

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Dezena e meia de utentes da Unidade de Saúde dos Rostos foram à Assembleia manifestar a sua preocupação com o encerramento da Unidade de Saúde

A falta de médicos, sobretudo nas freguesias rurais, e as dificuldades no acesso à saúde levaram a população a pedir o apoio dos órgãos autárquicos. Tema merece união por parte das forças políticas

No concelho das Caldas há cerca de 12 mil utentes sem médico de família. O número foi avançado pelo presidente da Câmara, Vítor Marques, quando confrontado com a situação de encerramento da Unidade de Saúde dos Rostos, na Assembleia Municipal de 16 de novembro. O autarca reconheceu o problema e lembrou que também a freguesia vizinha, de A-dos-Francos, esteve sem médico, até que ali foi colocado um, dois dias por semana e num total de 10 horas. “Uma das primeiras coisas que fizemos quando assumimos este mandato, há um mês, foi a necessidade de marcarmos a nossa posição em relação à saúde”, disse o autarca, acrescentando que já reuniram com a administração do CHO, direção do ACES Oeste Norte e a ministra da Saúde. No encontro com a diretora do ACES Oeste Norte, Ana Pisco, foi-lhes comunicada a presença de um médico, dois dias por semana em A-dos-Francos e Santa Catarina, e o compromisso de que o mesmo venha a acontecer no Landal.
Vítor Marques explicou ainda que têm feito todos os procedimentos no sentido de encontrar, no mercado, algum médico disponível para fazer uma prestação de serviços, não só para o Landal, mas também para complementar a resposta em A-dos-Francos e Santa Catarina. A sua contratação seria feita através de protocolo estabelecido com a Santa Casa da Misericórdia das Caldas, mas que até até à data não conseguiram encontrar nenhum profissional de saúde disponível. “É um trabalho que é fundamental, sabemos dos distanciamentos das freguesias, das necessidades da população, envelhecida e com problemas de transportes”, manifestou o autarca, que também já agendou reuniões com a rodoviária, na procura de soluções para tentar minimizar este problema.
Em representação de dezena e meia de pessoas dos Rostos, que marcaram presença na reunião, a presidente da Assembleia de Freguesia do Landal, Susana Almeida Louro, deu conta da “situação crítica” em que vivem e pediu urgência na resolução do problema. Isto porque, além de serem a freguesia mais longínqua da cidade e terem grandes carências ao nível de transportes públicos, temem que, com o encerramento da unidade de saúde, feche também a farmácia que têm na localidade. O presidente da junta do Landal, Armando Monteiro, lembrou que a população contribuiu, com donativos, para a construção da unidade de saúde e garantiu que não irão deixar que encerre portas em definitivo.
Paulo Sousa, presidente da Junta de Freguesia de A-dos-Francos, solidarizou-se com o problema da freguesia vizinha, lembrando que, num passado recente, viveram uma situação semelhante. “Agora temos 10 horas de médico por semana para 1500 utentes, não posso estar satisfeito com o que tenho”, disse, acrescentando que a junta já tem assegurado a deslocação de utentes para as Caldas.

Apelo à união na saúde
António Curado, líder do movimento independente Vamos Mudar na Assembleia Municipal, defendeu a união entre todas as forças políticas como a única forma para resolver os problemas dos cuidados hospitalares públicos na região e deu nota pública da reunião que tiveram com a ministra da Saúde.
O deputado municipal defendeu que a solução, ao nível dos cuidados hospitalares, passará pela construção de um novo hospital nas Caldas e pessoalmente, considera que deverá ter clínicas de ambulatório, por exemplo na Nazaré, Peniche e Torres Vedras, onde se “fariam consultas da especialidade e exames complementares de diagnóstico, sem internamento e urgência, que é isso que onera muito os cuidados de saúde hospitalares”. Também as estruturas do hospital das Caldas terão de ser alvo de investimento, assim como na contratação de médicos de medicina geral e familiar.
Neste encontro foi ainda abordada a continuidade da comparticipação dos tratamentos termais através do SNS, bem como o investimento que é possível fazer em turismo de saúde, ligado ao termalismo. ■

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