Formandas do Cencal arrecadaram três medalhas no Worldskills

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As seis concorrentes do Cencal ao Worldskills Portugal na profissão de Cerâmica Criativa

As três jovens foram distinguidas na profissão de Cerâmica Criativa, onde participaram exclusivamente formandos do Cencal

Bárbara Fernandes, de 22 anos, foi distinguida com a medalha de ouro na profissão de Cerâmica Criativa, no Campeonato das Profissões, que decorreu em Portimão, entre 6 de 12 de março. Juntamente com ela foram distinguidas mais duas formandas do curso de Cerâmica Criativa do Cencal, numa competição que teve a particularidade de, nesta área, contar com apenas seis inscritos e, todos, do centro de formação caldense.
“Ganhar a medalha de ouro foi uma grande confirmação das minhas capacidades enquanto artista e ceramista, sobretudo competindo com colegas com muito talento e competência, com grande potencial na área”, conta a jovem ceramista. A distinção, que recebeu “com orgulho”, deu-lhe “mais confiança e força para fazer aquilo que mais gosto”, partilha com a Gazeta das Caldas.
Bárbara Fernandes é natural de Lisboa e foi lá que começou o seu percurso artístico, mais concretamente na Escola Artística António Arroio, onde concluiu a especialização em Cerâmica, em 2018. Nesse mesmo ano ingressou na licenciatura em Artes Plásticas, na ESAD. CR, e desde essa altura que reside nas Caldas. Concluída a licenciatura em 2021 foi, pouco tempo depois, aceite no curso de Técnico de Cerâmica Criativa de um ano, no Cencal, e convidada pelo centro de formação a participar na competição que, até então, desconhecia. “Fui sem expetativas e com uma grande vontade de aproveitar a experiência e fazer o meu melhor, com gosto e dedicação”, conta a jovem que, naquela competição, pôde “desafiar e testar as competências num ambiente pouco habitual e sob pressão”. O campeonato contribuiu para um relacionamento “mais próximo com as colegas e a equipa de jurados, proporcionando bons momentos em conjunto”, acrescenta Bárbara Fernandes, para quem foi também enriquecedor ter contacto com outras profissões, muito diferentes, e conhecer pessoas de outras realidades.
A jovem ceramista está, juntamente com duas colegas participantes do concurso, a abrir um atelier para a produção de Cerâmica e Artes Plásticas, nas Caldas.
Também Joana Brás, de 23 anos, participou no concurso, onde arrecadou a medalha de bronze. Natural de Lisboa e a residir atualmente nas Caldas, é licenciada em Design de Produto- cerâmica e vidro, pela ESAD.CR, e atualmente trabalha como ceramista independente. Após terminar a licenciatura, em 2021, Joana Brás sentiu necessidade de aprofundar os conhecimentos na área e foi tirar o curso Técnico de Cerâmica Criativa no Cencal. Foi também por convite deste centro de formação que participou, “não pelo concurso em si, mas porque consiste numa feira de profissões em que temos a oportunidade de demonstrar o nosso trabalho aos visitantes”, explica. Ganhar uma medalha é um reconhecimento do seu trabalho mas, para Joana Brás, não altera muita coisa. “O foco já tem de estar lá!”, realça.
Além das duas jovens, participaram também nesta competição Margarida Viegas (medalha de prata), Marta Colaço, Ana Francisca Gonçalves e Márcia Santos.

Idade limita participação
Todas elas tiveram uma preparação no Cencal, com os formadores que também lhes deram formação durante o curso, nomeadamente Vasco Baltazar, na roda, e Teresa Lima, explicou Filipa Dias, coordenadora da área de Cerâmica no Cencal e presidente do juri da profissão de Cerâmica Criativa no Concurso Nacional das Profissões. “É um incentivo para continuarem”, conta a responsável a respeito do campeonato, lembrando que o curso que frequentaram, no Cencal, bastante exigente, pois compreende 1500 horas de formação, com sete horas diárias e sem faltas. Têm de validar todos módulos para continuarem e termina com um estágio.
“É muito intenso, concorrerem depois de tanto esforço é um desafio muito grande e elas adoraram”, salienta Filipa Dias. O facto deste ser um curso EFA (Educação e Formação de Adultos), que exige que os formandos tenham, no mínimo, o 12º ano de escolaridade, limita a participação dos interessados, tendo em conta que podem concorrer jovens até aos 25 anos. “Já convidei a turma que está a ter agora formação para participar no próximo ano e muitos deles ficaram tristes, dado o limite de idades”, refere Filipa Dias, que conhece bem o concurso e sabe que se trata de uma experiência muito enriquecedora para os participantes. “O ambiente é extraordinário, a organização é excelente e preocupa-se muito com os concorrentes”, refere, dando conta que há três dias de intensa competição, mas também espaço para o convívio.
Na competição em Cerâmica Criativa participaram apenas concorrentes do Centro de Formação Profissional para a Indústria Cerâmica, mas Filipa Dias considera que era importante haver mais escolas a concorrer. “É um desafio maior”, diz, embora ciente que o limite de idade é um dos principais impedimentos.
Além do campeonato nacional, existe ainda o europeu e o mundial. Na área da Cerâmica Criativa, os participantes vão por convite, mas ainda não é conhecido se irão à Polónia ou a França.

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Campeonato remonta a 1950
O conceito dos Campeonatos das Profissões remonta a 1950, quando se disputaram, em Madrid, os primeiros campeonatos internacionais das profissões entre Portugal e Espanha, onde participaram 24 concorrentes (metade de cada país), distribuídos por 12 profissões. A iniciativa levou à criação da WorldSkills International. No caso de português, a estrutura encontra-se integrada no Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), a quem que compete organizar e realizar o Campeonato das Profissões a nível nacional e assumir a representação portuguesa nos campeonatos internacionais.
Estimular os jovens para a obtenção de uma qualificação profissional e na excelência no desempenho profissional, nem como valorizar o estatuto social das profissões e da formação profissional, são alguns dos objetivos. ■

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