O festival que juntou mais de 60 mil em 11 dias, regressa a 12 de outubro de 2023, com uma programação que chegará às freguesias e às escolas fora do concelho.
A música tradicional portuguesa de José Barros e grupo Navegante encerrou a sétima edição do FOLIO, ao início da noite de domingo. Momentos antes, a organização fazia o balanço do festival que, durante 11 dias levou mais de 60 mil pessoas a Óbidos, “ultrapassando” as suas melhores expetativas.
“Tivemos salas completamente cheias, algumas iniciativas com a necessidade de mudar a sua localização para salas ainda maiores, o que é revelador do programa”, observou o presidente da Câmara, Filipe Daniel, destacando os “artistas fantásticos” e, entre as várias atividades, os mais de 60 lançamentos de livros e a presença de dois prémios Nobel da Literatura.
“De ano para ano, as coisas têm vindo a melhorar e também assistimos a uma participação maior do público. Mesmo tendo havido na grelha horária três, quatro ou cinco sessões simultâneas, houve sempre adesão”, salientou o curador do FOLIO Mais e administrador da Ler Devagar, José Pinho, acrescentando que, segundo muitas opiniões, esta edição terá sido “uma espécie de ano de consagração”. Também em termos de vendas houve um aumento em relação aos anos anteriores, o que o levou a concluir que este “foi o melhor FOLIO que fizemos até hoje”. Mas espera que o do próximo ano seja ainda melhor.
Já Francisco Madelino, presidente do Conselho de Administração da Fundação Inatel, não tem dúvidas de que este “foi mesmo o festival da consagração”. O parceiro, que tem a curadoria da Folia, realçou que este é um festival que “todo o país agradece”, não só pelo seu nível cultural mas também pelo impacto turístico que gera. Os espetáculos promovidos, de artistas emergentes e que ligam a palavra à música, têm estado cheios, concretizou.
Também a vereadora da Cultura, Margarida Reis, reconheceu que a “fasquia estava alta” e que o executivo era novo, mas que contou com “uma grande equipa na retaguarda, habituada a trabalhar”, disse, referindo-se aos funcionários do município e da Óbidos Criativa.
Descentralização do evento
No próximo ano o risco dará tema ao festival, “uma palavra muito abrangente e surpreendente”, caracterizou o presidente da Câmara, garantindo que continuam a querer inovar e a surpreender. Também pensada está já a temática da edição de 2024, que deverá ser a liberdade, numa alusão às celebrações dos 50 anos do 25 de Abril de 1974.
O festival irá decorrer entre os dias 12 e 22 de outubro de 2023 e a organização pretende ter o programa fechado o mais cedo possível, avançou Filipe Daniel, que assim quer dar resposta a quem procura reservar a data nas suas agendas ou por causa do alojamento.
Outra das novidades da oitava edição será uma maior aproximação às freguesias, descentralizando o festival por várias localidades, tal como este ano já aconteceu com as escolas, que receberam diversos autores e atividades relacionadas com o livro e a literatura. “Mais do que ter um evento com um cariz nacional e internacional, queremos também comunicar para a nossa comunidade”, explicou Filipe Daniel. Nesta edição as freguesias programaram, cada uma delas, um dia de atividades, que foram desde a apresentação de livros ao teatro, passando pela poesia e pela performance.
A tecnologia digital faz parte do nosso mundo e também do festival. O FOLIO Tec, que este ano trouxe a Óbidos especialistas para falar sobre algoritmos e o papel das ferramentas digitais na criação, a inteligência artificial e a poesia ou como se conta uma história num videojogo, vai continuar a integrar o evento. Margarida Reis realça a importância desta programação e a necessidade de ter um olhar mais atento para a parte digital e para o Parque Tecnológico de Óbidos.
Um folheto multiformato, criado o ano passado, tornou o festival mais acessível, mas a organização quis ir mais longe e, nesta edição dedicou um dia à inclusão, com a realização de um seminário e o lançamento de um livro multiformato. Célia Sousa, coordenadora do Centro de Recursos para a Inclusão Digital (CRID), do IPL, chamou a atenção para a necessidade de se fazerem livros multiformato em língua portuguesa e avançou que no próximo ano deverá nascer a rede dos festivais literários de língua portuguesa inclusivos.
Quebra da sazonalidade
O capítulo da Educação, que este ano contou com 98 atividades e, com muitos docentes das escolas da região entre os participantes, irá dar mais um passo em 2023. “Pretendemos ir às escolas e perceber o que elas gostavam que existisse no festival. “Já o fizémos este ano com o Agrupamento de Escolas de Óbidos e a ideia é estender às da região”, explicou a vereadora com os pelouros da Cultura e da Educação. Margarida Reis avançou ainda que pretendem que o FOLIO se estenda pelo ano inteiro, com eventos em torno da literatura, para além dos 11 dias de festival.
A importância do evento, que trouxe milhares de pessoas à vila em Óbidos, quebrando a sua sazonalidade, foi também sublinhada pelo executivo que, em edições futuras, pretende envolver mais os comerciantes e restauração da vila, com a criação, por exemplo, de pratos literários.
“As pessoas perceberam que os eventos são interessantes e necessários para o nosso território e que também elas podem participar”, rematou a autarca.































