Finalista da ESAD criou “Matrioska caldense”

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notícias das CaldasUma aluna finalista do curso de Design de Cerâmica e Vidro da ESAD, Daniela Ferreira, criou uma nova versão das matrioskas, o famoso brinquedo russo constituído por várias bonecas, mas que neste caso são substituídas por falos das Caldas.
A ideia surgiu depois de a artista ter participado na edição de 2010 do Caldas Late Night com um outro projecto inspirado nos falos caldenses, mas dessa vez feitos em cera e de maiores dimensões. Os falos em parafina estiveram expostos no museu Bernardo no CLN o ano passado, numa exposição que incluía ainda um estendal com fotografias eróticas.

Nessa altura estava a fazer um trabalho para a disciplina de Antropologia sobre o trabalho do ceramista Francisco Agostinho, que produz as famosas canecas e falos das Caldas. “Ele é muito amigo do meu pai e deu-me um molde antigo. Foi esse molde que utilizei para fazer as peças em cera”, contou.
Na opinião da jovem artista, a tradição erótica das Caldas não é bem vista por alguns caldenses e causa alguns constrangimentos. “Eu gosto do impacto que os falos causam porque toda a gente reage. Por isso quis continuar com esta tradição das Caldas”, disse.
Para a produção da Matrioska caldense é necessário trabalhar melhor as peças por causa dos encaixes.
Daniela Ferreira gostaria de comercializar a sua criação e calcula que o preço final de cada matrisoka ficasse em 8,5 euros se não tiver vidrado. A produção até pode ser feita no atelier de Francisco Agostinho, no Chão da Parada. “Ainda não apresentei o projecto, mas se ele achar que é viável poderei avançar”, adiantou.

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Explorar o erotismo

Daniela da Silva Ferreira tem 23 anos e nasceu nas Caldas da Rainha. No primeiro semestre do ano lectivo de 2010/11 esteve em Itália no âmbito do programa Erasmus na Academia de Belas Artes de Veneza, onde também criou um busto com a sua própria imagem que tem como utilidade prática ser um recipiente para arroz “porque fazia muitas vezes risotto”. O arroz entra pela parte superior da cabeça e pode sair pela língua. A ideia pode ser aplicada com o busto de qualquer pessoa.
Para a jovem finalista, estudar noutro país em Erasmus “foi a melhor experiência” da sua vida. “Durante esse período o meu grupo de amigos também foi de Erasmus” e por isso acabou por visitar outros países.
Em relação à experiência numa outra escola, comentou que “a ESAD é um pouco desorganizada, mas a Academia de Belas Artes de Veneza ainda era muito mais desorganizada”.
No entanto, só tem a dizer bem da simpatia com que foi recebida. “Saí de lá a ser considerada como se fosse uma aluna italiana”, até porque se adaptou bem à língua daquele país. Antes de ir, ainda em Portugal, frequentou um curso, e quando foi para Itália acabou por ir morar com dois estudantes italianos. “Isso fez com que me integrasse mais facilmente”, referiu.
Na exposição de trabalhos finais dos alunos finalistas da ESAD, que esteve patente em Julho naquela escola, Daniela da Silva Ferreira apresentou o seu busto recipiente de arroz, mas também vários azulejos de formas originais, alguns dos quais inspirados nas peças de Rafael Bordalo Pinheiro. “Como sou das Caldas, vivi sempre com estas influências”, explicou.
Outro trabalho com ligações ao erotismo é um serviço de chá com peças de formas invulgares. O “Chá com Amor” é constituído por um tampo com a forma de um tronco feminino (no qual os mamilos femininos servem para pousar as chávenas e o prato para biscoitos assenta numa recriação de pelos púbicos) e o bule tem um “nariz” que serve de pega.
Concluída a licenciatura, Daniela Ferreira candidatou-se agora a um mestrado em Cultura Contemporânea, Materialidade e Design na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, em Lisboa. “O meu objectivo é estudar a parte social e cultural dos objectos”, resumiu.

 

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