
Decorreu a 14 de Outubro nas instalações do Arneirense a cerimónia de filiação do Rancho Folclórico e Etnográfico Os Oleiros na Federação do Folclore Português. O reconhecimento do grupo de folclore caldense serviu ainda para assinalar as bodas de prata do rancho e o 23º aniversário da ACDR Arneirense. A festa durou todo o dia e culminou com uma tarde de folclore que contou com a participação dos grupos federados Rancho Folclórico Rosas do Lena (Batalha), Rancho Folclórico da Região de Leiria e Luz dos Candeeiros (Porto de Mós).
Foi com o salão da colectividade quase cheio que decorreu a cerimónia de filiação do rancho Os Oleiros. Este é o terceiro grupo folclórico caldense a filiar-se, depois dos ranchos de Alvorninha e do Reguengo da Parada.
Os Oleiros, que comemora este ano o seu 25º aniversário, foi fundado em 1987 e possui cerca de 60 elementos com idades entre os três e os 89 anos.
Cláudia Estêvão é a ensaiadora do grupo e filha do presidente do rancho, Arlindo Estevão. Desde muito miúda que acompanha o pai no rancho, do qual é também sua coordenadora.
“O momento que vivemos hoje é muito importante pois é a concretização de um sonho”, disse. “Foi uma grande luta desde 1998 pois tínhamos trajes de marchas e desde então trabalhamos e investigamos na etnografia desta região, mudámos os trajes e foi agora possível integrar a federação”, resumiu a ensaiadora.

Os trajes de Os Oleiros representam os antepassados desta região. Tudo é rigoroso e há trajes de trabalho, domingueiros e os que representam o casal dos cavadores, dos noivos e outros elementos que usam peças de festa e romaria.
“A minha preocupação para com o rancho é mantê-los como um grupo de amigos e não como um grupo de trabalho”, disse Cláudia Estevão.
Esta responsável comentou que antes havia algumas pessoas que vinham para o rancho “para vir para a festa e para passear aos fins-de-semana”. Desde que o grupo quis integrar a Federação Portuguesa de Foclore, houve uma mudança de atitude. Actualmente quem integra o grupo “percebe o que é o folclore, que estamos a representar os nossos antepassados com o máximo de verdade possível e por isso acabam por ficar, adorando integrar o projecto”.
O presidente do rancho e da secção cultural do Arneirense, Arlindo Estêvão, confirmou que este era “um dia muito importante para o grupo e para a associação do Arneirense”. O responsável acrescentou que “sinto um grande orgulho pelo facto do nosso rancho estar no patamar da representatividade a nível nacional”.
Arlindo Estêvão disse ainda que “Os Oleiros” têm as portas abertas para quem quiser integrar este projecto, agora federado. “Um grupo torna-se mais representativo de uma região se tiver mais elementos”, acrescentou.
O responsável que trabalha todos os dias para o grupo e que há vários anos tem escutado os mais velhos para cumprir a rigor a etnografia dos antepassados desta região aproveitou a ocasião para dar a conhecer que o rancho tem necessidade de aperfeiçoar a sua tocata. “Precisava de uma harmónica, de uma flauta e ainda de melhorar as vozes”, disse o presidente. “Se houver alguém que nos possa ajudar, era muito bom!”, rematou.
Câmara e Junta de Freguesia prometem apoios
Abílio Camacho, presidente da direcção do Arneirense, estava visivelmente satisfeito com o conquista da filiação por parte do rancho da colectividade. Após ter elogiado o trabalho de Arlindo e de Cláudia Estêvão, afirmou que “esta casa tem feito tudo o que é possível para que Sto. Onofre e Caldas não fiquem mal representadas em lado nenhum”.
O responsável que disse que se trabalha há 25 anos para que o rancho melhore e que agora, com a filiação, “teremos mais dificuldades pois a responsabilidade tornou-se maior”. Para o presidente da colectividade, a “Câmara terá que olhar para os seus ranchos de outra forma e apoiar aqueles que trabalham e que evoluem. O seu trabalho de retaguarda merece ser valorizado”.
Como presidente de Junta de Freguesia de Sto. Onofre, Abílio Camacho afirmou que vai ajudar o grupo “dentro dos possíveis”.
O vereador Hugo Oliveira salientou que quando se referem os ranchos folclóricos “abordamos sempre importantes activos da nossa identidade como a nossa etnografia”. Durante a cerimónia, o autarca garantiu que a Câmara vai continuar a apoiar o grupo. “É um grande orgulho para todos os caldense ter mais um rancho federado”, rematou.
Após o formalismo da cerimónia e da assinatura do protocolo, a tarde prosseguiu em festa com a actuação, também do Rancho Folclórico Rosas do Lena (Batalha) , Rancho Folclórico da Região de Leiria e Luz dos Candeeiros (Porto de Mós). Foi com satisfação que a vasta plateia assistiu às danças típicas de diferentes zonas do distrito. E como são todos federados, o rigor e a qualidade marcaram presença, não só nos trajes como nos vários acessórios que os elementos trouxeram.
Natacha Narciso
nnarciso@gazetadascaldas.pt
Rigor etnográfico é fundamental para se ser federado
Fernando Ferreira, presidente da Federação de Folclore da Alta Estremadura, conta que os grupos para serem federados têm que cumprir com rigor e verdade, procurando na etnologia local bases para os seus trajes e acessórios. Além dos trajes, o grupo deve conhecer e fazer a recolha do património imaterial da região que representa, como, por exemplo, contos, lendas, rezas e as mesinhas, além do essencial que é o dever de conhecer os trajes e as danças que eram praticadas.
Em termos temporais procura-se por norma que os grupos representem a época do final do século XIX e início do século XX. Há outras características que são igualmente importantes e que se relacionam com a musica e o canto, que deve também respeitar os ritmos da época e ter em atenção como é a relação do grupo com a comunidade e com outros congéneres.
Segundo Fernando Ferreira, os Oleiros merecem a filiação pois “passaram a fasquia dos grupos que em termos de representação está no aceitável e pode chegar ao bom ou ao muito bom”.
N.N.






























