Uma peça artística de Bruno Prates, o lançamento do novo logótipo e do site na internet marcaram o início das comemorações do centenário, que irá decorrer até abril de 2022. A cerimónia de aniversário, simbólica, decorreu na sua sede, no centro de Alvorninha, no passado domingo
Os primeiros instrumentos foram transportados para Alvorninha por um carro de bois, as primeiras atuações foram com fato civil e de barrete, os músicos iam para os ensaios a pé e tocavam à luz da candeia. Quando a atuação era longe, iam a pé até às Caldas e depois apanhavam o comboio e ficavam vários dias fora de casa. A maioria dos maestros tinha outra atividade profissional e alguns chegaram a dormir na sede da banda. Em 100 anos muita coisa mudou na vida da Sociedade Filarmónica de Alvorninha (SFA) mas o “companheirismo, o espírito de grupo, a transmissão de bons valores e a união pela música são os mesmos”, salientou a Catarina Correia, orgulhosa da instituição a que preside. A pandemia impediu que fizessem as comemorações que gostariam, na presença de todos os amigos da filarmónica, pelo que a cerimónia que marcou o arranque do centenário contou apenas com representantes da associação e autarcas e foi transmitida em direto nas redes sociais.
O antigo edifício localizado no centro da localidade que é casa da associação está agora mais atrativo. À porta encontra-se um colorido painel comemorativo, criado pelo cartoonista Bruno Prates alusivo ao centenário. Trata-se de uma peça feita em madeira, que resulta do reaproveitamento de outras madeiras, pintada com tinta plástica e envernizada, o que a torna resistente às intempéries. No trabalho, a que o artista caldense se dedica desde o início do ano, surgem representados os vários elementos da SFA, com o maestro ao centro, bem como a Igreja da Misericórdia, a sede da banda e o pelourinho. Há todo um simbolismo também ao nível das cores e o procurar dar um aspeto “moderno e contemporâneo à peça”, explicou Bruno Prates, que considera que a banda de Alvorninha está na génese e a promoção da aculturação das artes e cultura no concelho.
Em dia de festa foi também apresentado o novo logótipo, da autoria do designer Fernando Cordeiro, e um vídeo com o historial da sociedade filarmónica, da autoria do músico Tomás Matos e que integra a sua prova de aptidão profissional do curso de multimédia. No âmbito do aniversário será ainda publicado o “Livro do Centenário”, com a biografia da banda, e gravado o primeiro CD áudio, apoiados por uma candidatura à LeaderOeste. Desse registo, destaque para a criação original composta por um filme da autoria de Sara Morais e uma peça musical a ser tocada ao vivo, da autoria de Diogo Alvim. “O filme terá como tema a paisagem de Alvorninha e terras circundantes, tomando a orografia como material que irá servir a composição musical”, explicou Catarina Correia, acrescentando que este trabalho surge no âmbito de uma parceria que a SFA estabeleceu com a Osso – associação cultural, sediada em S. Gregório. O CD, com uma duração de cerca de 55 minutos, é exclusivamente dedicado a autores portugueses, integrando obras de compositores de referência, como é o caso de Lopes Graça, e homenageia o compositor minhoto Miguel de Oliveira quando se comemora um centenário do seu nascimento, explicou o maestro, Renato Tomás.
Está também a ser preparada uma exposição itinerante que irá acompanhar as atuações da banda, até abril de 2022. No Dia da Cidade será inaugurado, junto ao pelourinho de Alvorninha, um painel cerâmico, da autoria de Paula Violante, também alusivo ao centenário da filarmónica.
As comemorações irão terminar com um concerto no CCC, onde a SFA irá convidar todos os artistas com quem tem trabalhado ao longo dos últimos anos (jazz, sapateado, artes circenses, rancho folclórico). “Achámos que era importante fazermos quase um resumo daquilo que foi feito nos últimos tempos com a nossa banda”, disse a responsável, acrescentando que, também ao nível da escola de música haverá novidades no próximo ano letivo. Atualmente a escola de música integra cerca de 50 alunos, uma professora de iniciação musical, outra de formação musical e sete professores de instrumento. Já a banda é composta por mais de 40 elementos, com idades compreendidas entre os 12 e os 66 anos.
Requalificação da sede
A requalificação da sede é um dos grandes objetivos. Terá de ser mudado o telhado, criadas salas de aulas para os alunos, aumentada a sala de ensaio e adaptar o edifício para poderem ter mais valências. “A sede é pequena, mas gostamos de estar aqui”, conta Catarina Correia, dando nota de que a associação já fez várias candidaturas à administração central, que foram recusadas, para apoio ao nível do investimento. Atualmente ainda estão a trabalhar no projeto, mas ficaram a saber que contam com o apoio da Câmara das Caldas para o comparticipar até 80% do valor da obra, que pode ir até aos 250 mil euros, informou o presidente, Tinta Ferreira, durante a cerimónia.
O autarca explicou que os critérios da autarquia foram alterados recentemente, de modo a permitir o financiamento de obras de requalificação das sedes das bandas filarmónicas ou das instalações onde as bandas filarmónicas estão instaladas, à semelhança do que já fazem para os pavilhões desportivos ou para os relvados dos campos de futebol. “Isto é o reconhecimento justo do trabalho cultural que estas instituições e pessoas fazem ao longo do tempo e nas nossas comunidades”, referiu.
Tinta Ferreira destacou ainda a importância que esta instituição teve na agregação da “família” da freguesia de Alvorninha, que é muito grande e dispersa e lembrou o apoio extra que a autarquia está a dar, em tempo de pandemia, para que a atividade da SFA possa ter continuidade. Também o presidente da junta de freguesia, José Henriques, destacou o trabalho desta instituição na coesão e união do território e enalteceu o trabalho e dedicação da direção, não só ao nível da dinamização da banda, mas também da formação dos mais novos.
Virgílio Leal, presidente da Assembleia Geral, falou do orgulho em representar os sócios e amigos da filarmónica que tem sido um polo dinamizador da cultura na freguesia e destacou a necessidade de obras na sede, permitindo melhores condições para os seus elementos trabalharem.
Desde o passado domingo que a programação do centenário, o historial da associação e as suas atividades podem ser acompanhados no novo site, em sfalvorninha.pt■






























