Quinta edição reforçou laços com a comunidade local
Mariana Gomes
O Festival VerãoSão voltou a transformar as noites de verão em São Martinho do Porto, de 12 a 23 de agosto. Durante doze dias consecutivos, milhares de pessoas encheram o recinto, confirmando o crescimento sustentado do evento. Mas o que torna o VerãoSão verdadeiramente especial não é apenas o cartaz musical, com artistas nacionais e internacionais: é a forma como tudo é feito com dedicação local, envolvendo apenas pessoas da região em cada etapa.
Para Sebastião Gorjão, da organização, esse é um princípio inegociável. “Noutros eventos vêm equipas de Lisboa ou Algarve. Aqui não. São pessoas de Alcobaça, Salir do Porto, Alfeizerão, São Martinho e isso aproxima-nos da comunidade. 99% do staff é da zona”, disse. Desde os bares à segurança, da bilheteira à limpeza, o festival é erguido por jovens e trabalhadores locais, o que não só gera emprego temporário como reforça o sentimento de pertença.
A logística, por sua vez, é um teste de resistência. “Falhar uma noite pode ser um desastre. Uma noite fraca pode comprometer a imagem e até o equilíbrio financeiro”, explica Miguel Teixeira da equipa fundadora. O recinto nasce num terreno vazio, que em poucos dias ganha vida com bares, contentores, camarins, luz e som. Nada pode faltar: “Se faltar gelo, álcool ou staff, a noite corre mal. E não temos margem para isso.” O trabalho é exigente, mas o resultado recompensa todo o esforço.
Os números confirmam a evolução. Em 2024, tinham sido vendidos 13 mil bilhetes em todo o evento. Este ano, até dia 22 de agosto, o total já passava os 14 mil e a expectativa era superar os 15 mil até ao final do evento. O crescimento anual ronda os 15% a 20%, sinal de que a fórmula tem conquistado cada vez mais público. As entradas pagas garantem a sustentabilidade financeira, mas a organização mantém também arraiais gratuitos. “Podíamos faturar mais, mas preferimos proporcionar duas noites abertas, para toda a gente se sentir parte do festival”, sublinha Miguel Teixeira.
Um estudo promovido pela organização revelou que o festival gera 1,7 milhões de euros em apenas duas semanas, dinamizando restaurantes, alojamentos e comércio local. “É importante que percebam o movimento e retorno que trazemos para a vila”, acrescenta Miguel Teixeira.
O público é variado, mas a essência mantém-se jovem e familiar. São sobretudo adolescentes e adultos, filhos e netos de famílias que há décadas fazem de São Martinho a sua praia de verão.
Mais do que um festival, o VerãoSão é já parte da identidade da vila. Com uma organização feita de gente local e uma logística que desafia a cada edição, o evento prova que dedicação e comunidade podem transformar um projeto de amigos num dos momentos mais aguardados do verão.































