
De 4 a 7 de Abril decorreu o festival Ofélia, evento que já soma a sua 7ª edição e é organizado pela turma de segundo ano da licenciatura em Teatro da ESAD. Ano após ano, o festival tem vindo a afirmar-se junto da comunidade, atraindo espectadores que não estão ligados directamente à escola de artes caldense. Foram apresentadas 18 peças, todas elas com lotação esgotada.
Os alunos da Real Escuela Superior de Arte Dramático vieram de Madrid e chegaram às Caldas no primeiro dia do Ofélia, terça-feira, 4 de Abril. Só entrariam em cena três dias depois, mas decidiram vir mais cedo para assistirem às performances apresentadas pelas outras escolas convidadas e aos workshops e conferências que também fazem parte deste evento.
Para a 7ª edição do festival trouxeram “Yo soy Pepe Postigo”, uma comédia de 75 minutos que pôs toda a sala a rir do princípio ao fim. A peça recua até 1982, ano em que Espanha organiza o campeonato do mundo de futebol e conta a história de Pepe Postigo. Este rapaz é um simples vendedor de laranjas que se vê confrontado com a visita da sua mãe, pessoa a quem mentiu durante anos sobre a sua situação profissional, fazendo-a acreditar que era um homem de sucesso. É preciso que ela continue a sentir-se orgulhosa do filho, por isso Pepe Postigo pede ajuda ao seu melhor amigo para juntos criarem uma história de vida falsa. Sem sequer saber jogar futebol, Pepe Postigo assina contratos com diversos clubes e chega a ser convocado para representar as cores nacionais no campeonato do mundo.
É a estrela do momento! Requisitado por marcas para fazer publicidade, extorquido por casinos que o encaram como uma oportunidade de negócio e constantemente rodeado por jornalistas que o bombardeiam com perguntas em conferências de imprensa, Pepe Postigo é a nova promessa do futebol espanhol, embora esteja a maior parte do tempo lesionado (precisamente para que ninguém dê conta que as únicas bolas com que tem habilidade são mesmo as laranjas).
Esta peça é uma crítica ao mundo das aparências do desporto rei e ao “barulho das luzes” que tantas vezes é criado fora das quatro linhas. É também uma história de amor que termina com um final feliz.
“Yo Soy Pepe Postigo” foi um dos 18 espectáculos apresentados no Ofélia, que na sétima edição contou com a participação da escola mãe, Escola Superior de Teatro e Cinema (Lisboa), Universidade de Évora, Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo (Porto), Escola Superior de Educação de Coimbra e Real Escuela Superior de Arte Dramático (Madrid), num total de mais de 50 alunos.
As várias performances realizaram-se não só nas instalações da ESAD como na Praça da Fruta, Centro da Juventude e Silos. Foi precisamente no terceiro piso da antiga CERES que decorreu o encerramento do festival com a peça “Pachamama”, uma criação de cinco alunas de teatro da ESAD. A natureza em comunhão com o corpo feminino, o ruído, o tempo, o peso e o conceito de limite marcaram esta performance que também foi inspirada nos trabalhos das artistas Constança Capdeville, Helena Almeida, Ção Pestana, Elisabete Mileu e Ana Hatherly.
Silvia Costa, uma das intérpretes desta obra e membro da organização do Ofélia, realçou que este evento é uma “oportunidade para os estudantes testarem em público peças originais suas ou adaptações, aprofundarem conhecimentos e ao mesmo tempo terem contacto com profissionais do teatro que transmitem em conversa a realidade do mundo exterior”. Além disso, para os 20 alunos que organizam o Ofélia, o festival é também um verdadeiro teste às suas capacidades, pois têm a responsabilidade de promoverem um evento “que tem cada vez mais dimensão” sem terem experiência anterior neste tipo de iniciativas.
No caso do grupo que actuou com Silvia Costa, que além de pertencer à organização do Ofélia também apresentou um espectáculo, “foram dias de muito trabalho, das 09h00 à meia noite em que tivemos que deixar tudo pronto uma semana antes pois sabíamos que durante o festival não haveria tempo para ensaiar”.
Todos os espectáculos do Ofélia tiveram entrada gratuita e lotação esgotada. É cada vez mais notória a presença de espectadores que não são ligados à ESAD, mas vêem no evento uma oportunidade para assistirem a peças teatrais de qualidade.






























