Durante o fim-de-semana vários milhares de pessoas visitaram o Festival Oeste Lusitano no Parque D. Carlos I, superando as expectativas tanto da Associação de Criadores de Cavalo Puro-Sangue Lusitano do Oeste (ACCPLSO), como da Câmara das Caldas, principais promotores do evento. A organização ainda chegou a tentar contabilizar as entradas, o que se revelou impossível sobretudo na tarde de domingo, em que se registou o maior pico de visitantes. Jorge Magalhães, presidente da ACCPSLO, disse ao nosso jornal que a associação está a fazer os possíveis para que até hoje “o Parque fique como estava”.
Foram três dias de festival, entre 16 e 18 de Maio, que mostraram tudo o que o cavalo lusitano pode proporcionar em termos de competição, trabalho e lazer. Mas também uma mostra diversificada do concelho, através da participação de colectividades, de artesãos e ainda de um espaço dedicado à produção biológica.
No picadeiro foram realizadas provas como o Campeonato Regional de Equitação de Trabalho, o Concurso de Modelo e Andamentos, vários desfiles e demonstrações equestres, baptismos de sela e um conjunto de eventos, com destaque para a actuação da atleta brasileira Natália Cerqueira na noite de sábado e para a Charanga a Cavalo da Unidade de Segurança e Honras de Estado da GNR.
Pelo recinto foram instalados várias dezenas de estábulos, onde os criadores exibiram os seus cavalos jovens e potros alguns recém nascidos, bem como stands de expositores de colectividades e de artesãos.
Jorge Magalhães, presidente da ACCPSLO, referiu que a organização teve o cuidado de deixar “vários pólos nus, para as pessoas nunca perderem a noção de que estavam no parque”. Um cuidado que se deve manter no futuro, adverte, resistindo à tentação de encher todo o parque com stands. A ideia passou por criar vários pólos com zonas de exposição, outros com actividades alternando com espaços livres, convidando os visitantes a circular por esses pólos e apreciar, ao mesmo tempo, a flora do parque. Os espaços estavam conjugados entre si, garantindo que em cada um deles havia sempre alguma coisa para ver ou fazer.
Do lado do parque das merendas foi ainda montada uma manga onde decorreram algumas demonstrações equestres, mas sobretudo os eventos ligados aos touros. Nesta zona também funcionavam vários stands de comida e bebida e ainda carrocéis. As largadas de touros, a cargo do empresário Paulo Pessoa de Carvalho, foram eventos muito apelativos para os visitantes, registando-se verdadeiras romarias àquele espaço sempre que se aproximavam os horários das largadas.
“Excedeu as nossas expectativas, para além dos milhares de pessoas que nos visitaram recebi mensagens de expositores a dizer que o movimento foi maior do que o esperado”, disse Jorge Magalhães em jeito de balanço.
O presidente da ACCPSLO acredita que o Festival tem tudo para continuar com o mesmo espírito de cooperação que conduziu ao sucesso deste ano. “A cidade deve agrupar-se e trabalhar em conjunto, mesmo quando as ideias são diferentes, porque no início também se gerou alguma controvérsia mas esclarecemos as pessoas e toda a gente se respeitou”, afirma.
Também Tinta Ferreira, presidente da Câmara das Caldas, ficou satisfeito com o que viu. “Foi francamente positivo e até entusiasmante”, salientou.
O autarca referiu que o parque é a principal sala de visitas da cidade e deve ser aproveitado para atrair visitantes, “sem prejuízo de ter que se preservar o património”. Nesse sentido, a Câmara vai fazer os possíveis para, caso seja a vontade da ACCPSLO, tornar o evento anual, criando a partir de 2015 três eventos de relevo no Parque D. Carlos I, com as feiras dos Frutos e Hortícolas e da Cerâmica “que podem trazer às Caldas mais vida, o que é um elemento significativo para aumentar as visitas. As pessoas consomem e deixam dinheiro, o que traz retorno financeiro para além da promoção que se faz da cidade”.
Na inauguração do festival, o Secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural, Francisco Gomes da Silva, louvou o esforço dos promotores. O membro do Governo lembrou que a cidade das Caldas está inserida numa zona rural, algo que é por vezes esquecido. Pelo este foi um bom esforço para “trazer o mundo rural ao espaço urbano, para não se perder a noção do que é o nosso território”, salientou.
Cavalo Lusitano do Oeste saiu reforçado
A génese deste certame é dar a conhecer o cavalo lusitano criado no Oeste como um mercado. Jorge Magalhães acredita que também nesse sentido o festival foi conseguido para a ACCPSLO, com vários contactos e pessoas interessadas. Aqui os criadores puderam mostrar os seus animais de topo, que são os que têm maior potencial no mercado actualmente, mas também os cavalos de gama média, que não têm procura para as competições, mas têm mercado como cavalo de lazer.
Francisco Beja, que representou a Coudelaria de Alter Real, suporta esta ideia. “Há o estereótipo que o cavalo é um animal de luxo. Esta feira está a reflectir precisamente o oposto”, disse ao nosso jornal. Francisco Real realçou o bom trabalho que se está a realizar no Oeste na criação do puro-sangue lusitano, referindo ligações em termos genéticos entre vários criadores e a coudelaria tutelada pelo Estado.
Por outro lado, Jorge Magalhães aponta que o concelho das Caldas da Rainha tem todo um potencial equestre a explorar. “Em França, o turismo equestre é a quinta actividade não sazonal, gerando milhões de euros. O nosso concelho tem enormes potencialidades neste ramo e pela diversidade paisagística que temos, era importante juntar os diversos agentes para criar rotas e fazer das Caldas um destino de excelência para o turismo equestre”, reforça.
Espaço para os produtos biológicos
Uma parte do Festival Oeste Lusitano foi dedicada à produção biológica da região. Arlindo Monteiro, da Aromas do Oeste, disse à Gazeta das Caldas que esta primeira experiência foi positiva quer em termos de procura, quer na sensibilização das pessoas para a existência destes produtos e até para a própria produção.
“As pessoas procuram e querem saber, por isso a nossa presença aqui é positiva, porque somos um mercado em crescimento”, referiu.
Arlindo Monteiro refere que já existem vários espaços nas Caldas que comercializam estes produtos, inclusivamente as grandes superfícies. Os produtores da região também levam os seus produtos aos mercados de Leiria e de Lisboa, onde há dias dedicados aos produtos biológicos.
Uma ideia que podia ser seguida também nas Caldas. “Era bom criar iniciativas aqui, talvez também um dia semanal na nossa praça”, refere.
Entre os artesãos, Vítor Lopes também adiantou estar satisfeito com o evento em si e com a procura que teve na sua banca. “O melhor dia foi o domingo, fiz várias vendas, em contraste com o que tem acontecido nas feiras da Expoeste de há uns anos a esta parte”, disse ao nosso jornal.
Para além disso, o artesão referiu como importante a exposição na televisão, através do programa Somos Portugal, da TVi, que serviu bastante “para promover a cidade e o artesanato caldense”.
Tudo limpo até sexta-feira
Assim que terminou o evento, começaram as acções de limpeza do parque. Jorge Magalhães adiantou na segunda-feira que a maior parte das boxes já estava desmontada. O presidente da ACCPSLO acrescentoutambém que estão a ser feitos todos os esforços para que tudo esteja reposto até hoje, sexta-feira.
Joel Ribeiro
jribeiro@gazetadascaldas.pt
Testemunhos
Luís Noronha – Caldas da Rainha
Há muito tempo que não via o parque assim

Vimos ao parque com frequência e não acho que estas feiras sejam incompatíveis com a vegetação do parque, pelo contrário. É importante que as pessoas aqui venham, há muito tempo que não via o parque assim.
Paulo Lima e Sandra Patrocínio – Alcobaça
Festival está bem enquadrado aqui

Gostámos de poder visitar a exposição da Casa dos Barcos. Também foi a primeira vez que vimos ao vivo as obras de Bordallo, e os cavalos são belíssimos. Só é pena o edifício [Pavilhões do Parque] não estar não estar conservado e devidamente aproveitado porque é muito bonito. E também gostava de ver mais espécies de árvores nacionais.
Jorge Reis – Caldas da Rainha
Por estes dias Caldas parece uma cidade

Tenho memória das feiras do parque, eram muito giras, fala-se que podem voltar, o que era muito bom, precisamos de mais iniciativas como esta.
Costumamos vir habitualmente ao parque, quando o tempo está bom. É o melhor sítio para se estar. Se um evento destes pode danificar o parque? Danificado já ele estava, o que estes eventos podem é fazer com que arranjem as coisas como deve ser.
Lídia Andrade – Caldas da Rainha
Se há local para chamar turistas é o Parque

Do festival gostei de tudo em geral. É um festival muito típico mas muito português. Acho que o parque não é incompatível com eventos deste género e pelos vistos quase toda a gente pensa assim, senão não teria vindo tanta gente.


































