Festival do Chocolate recebeu 30 mil visitantes no primeiro fim-de-semana

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A edição que assinala os 20 anos de festival em Óbidos, funde-se com a própria vila e aposta na profissionalização, com a presença de vários chefs, mas também num evento de valor acrescentado

De prato na mão, Pedro Santos e Ana Ferreira, saíam satisfeitos da Fábrica do Chocolate. Autênticos “chocolatiers”, tinham acabado de criar a sua própria tablete (com decorações a gosto) e preparavam-se para deliciar-se com a guloseima. O casal, que veio da zona de Lisboa de propósito ao Festival Internacional de Chocolate de Óbidos, já antes tinha visitado o certame, mas considera que esta edição “está diferente, mais interativa”. O facto de decorrer por toda a vila também agrada a Pedro Santos, uma vez que permite aos visitantes desfrutarem de outros espaços e conhecer melhor o burgo.
“Apesar de não ser muito guloso, gosto de apreciar um chocolate, com moderação”, conta o jovem, para quem a temática dos Loucos Anos 20 também contribuiu para a deslocação a Óbidos. Dessa época destaca a cultura, nomeadamente a evolução que se registou ao nível da moda, mas também não fica indiferente ao avanço ao nível da indústria automóvel. “Todos nos lembramos do famoso Ford T”, exclama.
Também Ana Santos visitou o festival, juntamente com os filhos, e destaca a qualidade e beleza das esculturas confeccionadas pelos chefes pasteleiros. “São realmente uma obra de arte”, referiu a visitante, oriunda de Loures, que escolheu o certame para um programa em família. Também as demonstrações de showcooking são motivo de interesse para esta apreciadora de chocolate, que vê nas propostas vegans uma resposta saudável para este seu doce vício.

O festival do Chocolate abriu portas a 25 de março e manteve-se durante dois dias, com diversas atividades e animação. Volta no próximo fim de semana, entre 1 e 3 de abril.
Nos primeiros três dias, o evento foi visitado por cerca de 30 mil pessoas. Ricardo Duque, administrador da Óbidos Criativa, considera que esta afluência superou todos os objetivos.
“Numa ocasião em que o elevado preço dos combustíveis se tem feito notar, Óbidos, durante sábado e domingo, esteve muito próximo de atingir a sua capacidade de carga, o que reflete a vontade que as pessoas têm de sair, assim como da qualidade do nosso evento”, disse à Gazeta das Caldas.
Esta edição, marcada pelo aniversário dos 20 anos do chocolate, trouxe um conjunto de novidades que surpreenderam os visitantes, como foi o caso da fábrica do Chocolate, “uma das grandes âncoras deste festival, onde foram feitas cerca de 10 mil tabletes”, especifica o responsável. Para o próximo fim de semana, as expetativas são de uma afluência “superior em cerca de 30%”, concretiza.

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A edição mais profissionalizada
Francisco Siopa, curador do festival, fala do “arrojo” que quiseram imprimir a esta edição, com muita animação e diversidade, e que permite o funcionamento do festival até às 23h00, à sexta-feira e ao sábado.
A trabalhar ao vivo e a mostrar a sua arte, estão em cada dia do evento, diversos profissionais da área. No passado sábado, parte das propostas recaíram na pastelaria vegan, com Francisco Moreira, embaixador da marca Barry & Callebaut, a lançar em Óbidos o primeiro chocolate vegan. Também Sara Soares, pioneira da pastelaria vegan em Portugal, partilhou algumas das suas receitas, mais inclusivas, onde os ingredientes de origem animal, como o leite ou os ovos, são substituídos por proteína de origem vegetal, como é o caso da soja ou da manteiga de cacau. O objetivo com estas apostas é o de também “atrair outros públicos”, explica Francisco Siopa.
Esta edição é também a mais profissionalizada de todas. Nos showcookings que decorreram em vários espaços da vila, participaram jovens profissionais das áreas de cozinha e pastelaria, mas também de bar, com apresentações de cocktails com chocolate, “Queremos que Óbidos seja a rampa de lançamento para os futuros profissionais na área e para mostrar o valor de outros, que estão “adormecidos” ou que não têm o relevo que merecem”, refere.
O também o chef de pastelaria do Penha Longa Resort e formador na EHTO, revela que tentaram perceber o que funcionou menos bem em eventos do género, que se realizam pelo país, e não repetir esse erro. “Não é fácil agarrar num projeto que já está enraizado, tentar mudar um pouco as mentalidades e apostar num segmento muito mais multicultural”, reconhece, mas acredita que a opção foi ganha, tendo em conta o número de visitantes nos primeiros dias de festival. Francisco Siopa realça que a organização procurou que este não fosse um evento meramente comercial e que traga valor acrescentado. “Queremos que as pessoas saiam de Óbidos mais ricas culturalmente”, realça.
Outro dos pontos altos do primeiro fim-de-semana foi a Corrida do Chocolate, apadrinhada pelo campeão olímpico Pedro Pablo Pichardo, e que contou com a participação de centenas de concorrentes. “Foi muito bom voltar a ver as ruas de Óbidos cheias de visitantes, onde a comunicação social voltou também a estar presente na cobertura do evento, o que demonstra a sua importância no panorama nacional e internacional. Óbidos volta a ser notícia pelas melhores razões”, considera o presidente da Câmara, Filipe Daniel.

 

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