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O segundo Festival de Ginja da Amoreira, que decorreu entre os dias 18 e 21 de Junho, juntou cerca de quatro mil pessoas naquela localidade do concelho de Óbidos. O momento alto do evento foi a passagem de modelos que, na noite de sábado, juntou cerca de um milhar de espectadores na Praça Azeredo Perdigão.
O universo exuberante de Cármen Miranda serviu de mote para a passagem de modelos que decorreu na praça central da localidade. Produzido pelo Caxemira Project, o evento juntou cerca de um milhar de pessoas que durante toda a noite assistiu a um espectáculo onde não faltaram os ritmos brasileiros, cubanos, árabes e africanos.
A mentora do projecto, Patrícia Oliveira, abriu o desfile com um turbante a lembrar a actriz luso-brasileira, Cármen Miranda, e um vestido feito propositadamente para o evento, onde foi aplicado Bordado de Óbidos. A passerelle foi depois ocupada por 40 modelos, entre alunos do agrupamento de Escolas de Óbidos e jovens da associação “A minha Casa”, que apresentaram roupas de diversos espaços comerciais das Caldas da Rainha e de Óbidos.
Este desfile serviu também de mote para um trabalho futuro que é a criação de uma colecção de roupa com Bordado de Óbidos. A primeira peça já está feita – um macacão que foi “baptizado” de Maria Adelaide, numa homenagem à autora dos Bordados de Óbidos. O segundo vestido recebeu o nome de Celeste, numa homenagem à vereadora obidense, Celeste Afonso, que tem colaborado com a associação na sua divulgação.
No decorrer do desfile houve também tempo para a música, especialmente para a apresentação de beatbox de Filipe Mota, aluno da escola Josefa de Óbidos, bem como para momentos de dança e canto com outros alunos deste agrupamento.
A cobrir a praça e espaço envolvente estavam cerca de 70 mil flores duplas em papel e as ruas estavam decoradas com várias ginjeiras. Cerca de 40 bancas ofereciam aos visitantes artesanato e gastronomia diversificada, na sua esmagadora maioria de pessoas da terra.
José Simões, presidente da Junta de Freguesia da Amoreira, destaca o crescimento de expositores em relação ao ano passado, que foram apenas 27. E como se trata de um evento dedicado à ginja, esta não podia faltar. Encontrava-se em fruto, em diversas formas de bebida e até mesmo em bolos.
Mas havia também os passeios aos ginjais. “Ainda hoje [sábado] tivemos cerca de 50 pessoas a visitar os ginjais que se encontram, na sua maioria, no Sobral da Lagoa”, explicou José Simões, acrescentando que depois foi também visitada a fábrica FrutÓbidos onde a proprietária, Marina Brás, explicou todo o processo de transformação do fruto em bebida. A pensar já no próximo ano, o autarca afirma que a passagem de modelos poderá realizar-se num espaço requalificado junto ao rio.
O investimento neste festival ronda os cinco mil euros. “Também fazemos coisas bonitas com pouco dinheiro”, destacou o presidente da Junta.
Já o presidente da Câmara de Óbidos, Humberto Marques, lembrou que há uma década que começou o apoio à ginja, com a certificação de Indicação Geográfica Protegida (IGP). Considera que é agora necessário organizar o sector da transformação e da ligação entre a produção e a transformação, até porque continua a faltar fruto para ser usado na produção da bebida. Contudo, a ginja de Óbidos já se encontra nos mais variados eventos em todo o país, sendo já uma bebida de referência nos aeroportos nacionais e nas lojas dos principais centros turísticos portugueses.
Começam também a aparecer novos produtos a partir do fruto, como a utilização dos pedúnculos, folhas e do caroço da ginja para cosméticos. “Quem nos dera que a pêra Rocha e a maçã pudessem seguir este caminho de inovação, ligado ao bem-estar e à beleza”, concluiu o autarca.
