O final das colheitas da fruta, especialmente da Pêra Rocha e da uva, é assinalado no Cadaval com um grande evento: a Festa das Adiafas. São dez dias de animação numa festa que tem melhorado e crescido de ano para ano e que demonstra a importância destes produtos na economia e na sociedade do concelho.
A Festa das Adiafas terminou no domingo passado. Foram 10 dias de festa, num evento que procura dar a conhecer o que de melhor o concelho tem. Logo à entrada, depois dos carrinhos de choque e barracas de farturas, algodão doce e pipocas, estão expostos tractores e máquinas agrícolas.
Dentro do pavilhão há uma zona de exposição, com vários stands. Ora começamos pelas adegas, seguimos pelo artesanato e produtos fitofármacos e terminamos na fruta. Pelo meio apercebemo-nos que em Pragança há um aviário e aproveitamos para falar com alguns dos artesãos.
Manuel Garcia, do Cadaval, faz pinturas a óleo há nove anos. Nos seus quadros tem retratos, mas também paisagens, a maioria do Cadaval. Num balanço da edição deste ano disse que “foi mais ou menos a mesma pobreza, as pessoas têm pouco dinheiro para gastar” e queixou-se que “não deu para pagar a estadia”. Ainda assim, afirmou que o evento tem melhorado de ano para ano, tanto ao nível da organização, como das infra-estruturas.
Esta opinião é partilhada pela também artesã Gina Garcia, da Ventosa, que faz bijutaria há cinco anos. Trabalha especialmente o aço inoxidável e o tecido. Desde então tem participado nesta festa e nota que a afluência se tem mantido num certame que “é importante para expor o concelho”. Gina Garcia é da opinião de que “devia haver mais eventos deste tipo”. Apesar dos elogios, a artesã notou que a acústica e a temperatura do pavilhão deveriam ser melhoradas.
Quem também tem sentido as melhorias no evento é Ricardo Coelho, presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros do Cadaval. Os Bombeiros têm uma tasquinha na parte dos comes e bebes há três anos onde servem refeições ligeiras, ao estilo das tapas.
“Este ano esteve mais gente, porque houve mais um dia, a programação foi mais cuidada, para atrair mais pessoas e a ter em conta os dias mais fracos”, afirmou.
Ricardo Coelho revelou que houve um aumento nas receitas para um total a rondar os cinco mil euros. Este valor, no orçamento do único corpo de bombeiros do concelho, não é tão significativo como noutras do concelho, mas é uma importante ajuda para os projectos em curso como o arranjo do piso nas traseiras do quartel, a compra de uma nova viatura do comando ou a mudança da área social do quartel.
Além de tudo isto, a Festa das Adiafas congrega ainda uma série de iniciativas, como um passeio todo-o-terreno, cicloturismo, demonstrações de desportos, largada de vitelos, gala passeio e desfile equestre, caminhada e uma vertente formativa, com a realização de vários colóquios.
À saída do evento falamos com Diamantina Tavares, de Rochaforte. Esta cadavalense costuma vir à festa todos os anos e achou que esta edição “estava melhor, estava tudo muito bom, desde a apresentação do pavilhão, aos comes e bebes, passando pela animação, tudo bom”.
Uma das coisas que mais aprecia neste certame é a componente equestre, que este ano teve um grande aumento de participantes. Mas Diamantina também gosta de ver a exposição dos vinhos e da fruta. “Gosto de variar nas tasquinhas para ver o que há e apreciar”, concluiu.
TERRA DE PÊRA ROCHA…
O Cadaval é um dos maiores produtores de Pêra Rocha a nível nacional e é o campeão na produção de vinho leve. Estes dois sectores representam centenas de postos de trabalho no concelho e têm um peso na economia superior a 50 milhões de euros anuais.
É no Cadaval que está sedeada a Associação Nacional dos Produtores de Pêra Rocha, cujos associados no país representam 86% da produção nacional deste fruto. Este ano a ANP registou uma colheita superior a 167 mil toneladas, num aumento de 56 mil toneladas (mais 51%) face a 2016.
Segundo dados da ANP o Cadaval representa praticamente 27% do total da produção da associação.
… E DE VINHO LEVE
É também neste concelho que existem duas adegas cooperativas que produzem, em conjunto, 15 milhões de litros de vinho. Vasco d’Avillez, presidente da Comissão Vitivinícola da Região de Lisboa, disse à Gazeta das Caldas em Agosto deste ano que estas adegas “são campeãs na produção de vinhos leves” e salientou que os vinhos “são característicos da região, devido ao tipo de castas e à proximidade com o mar e a montanha, com uma fita de serra paralela à costa formada por Montejunto e Candeeiros”.
Nesse sentido, é na Festa das Adiafas que há 16 anos se organiza o Concurso dos Vinhos Leves de Lisboa. Foram agraciados três vinhos com a Medalha de Ouro, o “Solar da Marquesa” branco leve moscatel-graúdo da Casa Agrícola Horácio Nicolau, o “Vale Perdido”, branco leve colheita seleccionada da Casa Santos Lima e o “2 Uvas” rosado leve da Sociedade Agrícola Quinta do Conde.
Seis vinhos receberam a medalha de prata: “Azulejo” branco leve, “Portuga” branco leve e “Azulejo” rosado leve da Casa Santos Lima, “Mundus” rosado leve da Adega Cooperativa da Vermelha, “Confraria” branco leve moscatel colheita seleccionada da Adega Cooperativa do Cadaval, “Sôttal” branco leve da Companhia Agrícola do Sanguinhal.
OBRAS PARA MELHORAR A ACÚSTICA EM 2018
José Bernardo Nunes, presidente da Câmara do Cadaval, disse à Gazeta das Caldas que a Câmara está a estudar a melhoria da acústica no pavilhão. Foi já feito um levantamento que prevê que sejam necessários 33 mil euros e o autarca conta “realizar a obra a tempo das Adiafas do próximo ano”.
Já relativamente ao calor, José Bernardo Nunes disse que ainda não está previsto nenhum investimento. Num balanço da edição deste ano, o presidente da Câmara relevou que houve um aumento da afluência este ano, devido às melhorias na programação, nas infraestruturas e na divulgação.































