
Cada vez menos gente e gente a comprar cada vez menos. É este o retrato da tradicional feira caldense do 15 de Agosto. Longe do fulgor de outros tempos, em que a feira cativava muita gente de dentro e fora do concelho, hoje os vendedores queixam-se da crise, de dias a apregoar sem que as vendas justifiquem o cansaço. E muitos são os que nem esperam pelo fim do dia de feriado para levantar arraiais e seguir viagem para outras paragens.
Há coisas que nunca mudam, como o cheiro a farturas e a pão com chouriço ou a música dos carrosséis e as vozes sonoras a anunciar “mais uma voltinha”. Mas até nos divertimentos as voltas têm cada vez menos clientes e há carrinhos de choque encostados, motas e animais que vão rodando sozinhos.
Entre a enchente de cuecas penduradas, lotes de meias, camisolas, sapatos, óculos, relógios e malas “de marca”, lá vão resistindo algumas bancas com produtos dos campos, animais, flores, plantas e artigos regionais. Mas muitos dos que passam pela feira fazem-no apenas de visita. Entram, dão a volta, e saem sem qualquer saco que denuncie um achado por entre a variada oferta das bancas que se estendem pelo terreno onde o piso e a falta de condições provocam as maiores queixas.

A venda alargou-se já ao parque de estacionamento, onde se improvisam balcões de venda de produtos agrícolas nas carroçarias das carrinhas de caixa aberta. O negócio que parece ser o mais profícuo da feira é o da “arrumação de carros”. À falta de estacionamento espaçoso, qualquer espaço livre nas proximidades, mesmo em cima de passeios e de zonas verdes (ou que deviam estar verdes), é atentamente guardado pelos “profissionais” que, mesmo sem que lhe seja pedido, se prontificam a ajudar na manobra, em troco de uma moeda.
A feira tem resistido aos tempos, mas parece definhar um bocadinho mais a cada ano que passa. Além das bancas de venda, das rulotes com petiscos e guloseimas e dos divertimentos para adultos e

crianças não há mais nada que atraia visitantes. Nem animação, nem divulgação, ao contrário do que tem sido feito nos concelhos vizinhos.
Talvez por isso haja cada vez menos vendedores a apostar na feira caldense. E a afluência de pessoas se cinja cada vez mais ao feriado, este ano ajudada pela chuva que caiu durante a madrugada e fez com que muitos não optassem por ir até à praia.
Joana Fialho
jfialho@gazetadascaldas.pt






























