A primeira Feira de Artes e Cultura de Castelo de Vide, que se realizou no passado fim-de-semana, contou com mais de 40 expositores, dos quais vários caldenses. O evento foi coordenado pelo também caldense Mário Lino e nele participaram cerca de duas dezenas de pintores da associação caldense Cultartis, que trabalharam ao vivo nas ruas da vila alentejana, e também a azulejaria artística da Oficina Brito.
A comitiva caldense chegou ao local na sexta-feira e nessa mesma noite tiveram oportunidade de visitar a vila muralhada, com uma “história significativa que marca a passagem dos judeus, onde ainda hoje é possível visitar a judiaria, além de outros recantos que enchem o olhar de qualquer visitante”, conta Mário Lino.
No sábado, a feira começou logo pela manhã e, pelo jardim da vila, era possível provar e comprar iguarias e doces regionais, assim como licores caseiros fabricados especificamente para o evento. Os alfarrabistas e antiquários também marcaram presença com alguns livros raros e peças decorativas e algumas utilitárias.
Em exposição encontrava-se também uma banca da Biblioteca Municipal, que mostrava algumas publicações que fazem parte do arquivo histórico de Castelo de Vide. À noite, a Filarmónica Castelovidense animou o serão.
Ainda no âmbito da feira realizou-se uma quermesse, que contou com doações de algumas dezenas de peças oferecidas por caldenses solidários e a Conferência de S. Vicente de Paulo da Casa Diocesana daquela localidade. Das Caldas foram presentes desde garrafas de bebida, a brinquedos, cadernos escolares, chávenas e canecas, que depois foram rifadas durante a feira, com o objectivo de angariar fundos para apoiar as vítimas do terramoto do Haiti.
A comitiva caldense foi ainda recebida no salão nobre dos Paços do Concelho, na manhã de domingo, onde o vice-presidente da Câmara, António Pita, agradeceu aos presentes a colaboração prestada e elogiou o trabalho de Mário Lino. O autarca disse ainda que na próxima sessão de Câmara iria dar testemunho da oferta das obras executadas pela Cultartis e que, oportunamente, serão expostas em espaços daquela autarquia.
Ainda no domingo, a comitiva caldense deslocou-se à vila espanhola de La Codosera, onde teve oportunidade de visitar a Avenida das Caldas da Rainha, recentemente inaugurada.
Mário Lino lembra que a “amizade” com Castelo de Vide remonta às primeiras edições do passeio cicloturístico “Caldas – Badajoz”, que passou por aquela zona. Este ano, quando voltaram a pedir apoio àquela autarquia para o evento, foi-lhes facultado esse apoio, mas em troca pediram a ajuda de Mário Lino para a realização do evento cultural, visto que já tinha a experiência de Pombal.
No âmbito da sua actividade de coordenador do evento, Mário Lino deparou-se com um antiquário que tinha em exposição no seu estabelecimento uma peça do ceramista caldense José Alves Cunha, datada de finais do século XIX. O caldense diz tratar-se de uma peça rara e avança que devia ser feito um “inventário das peças de cerâmica caldense que existem à venda e em casas particulares, em todo o país, fazendo-se depois uma exposição de tudo o que anda “perdido””.
Livro sobre Claudina Chamiço, Caldas e S. Tomé está quase concluído
Agendado para o último fim-de-semana de Setembro, o projecto de Mário Lino intitulado “Das Caldas da Rainha a S. Tomé e Príncipe pela Rua Claudina Chamiço”, compreende uma exposição, provas de café e licores e a publicação de um livro.
As actividades de rua irão decorrer no Largo Frederico Pinto Basto, junto ao início da Rua Claudina Chamiço (Bairro da Ponte). Já o livro, com cerca de 90 páginas, está em fase de acabamento e apresenta “relatos e retratos de uma viagem imaginária” entre a cidade portuguesa e aquele arquipélago do Golfo da Guiné.
Esta iniciativa está integrada nas comemorações do I Centenário da República e 35 anos da independência de S. Tomé e Príncipe.
A ligação de Claudina Chamiço às Caldas começa com o seu testamento, em 1913, altura em que deixou à cidade quatro mil escudos (cerca de 20 euros), para a construção de um balneário destinado a leprosos nas Águas Santas. Nascida no Porto em 1822, foi também proprietária da Roça Monte Café, em S. Tomé e Príncipe, e benemérita em diversas obras sociais.































