Ricardo Fernandes, presidente da Câmara do Bombarral, anunciou os vencedores no dia 13 de Dezembro

A aquisição de 31 fatos de protecção individual em nomex para os Bombeiros Voluntários foi a proposta vencedora do primeiro Orçamento Participativo do Bombarral que, na primeira edição, contou com quase 500 votantes. Os fatos custam 30 mil euros (valor máximo por proposta) e vão ajudar a equipar a corporação que conta com 57 soldados da paz.

O comandante Pedro Lourenço e a bombeira Mafalda Silva equipada com um fato de nomex

A população do Bombarral decidiu que a prioridade no primeiro Orçamento Participativo do município seria dotar a corporação dos bombeiros voluntários locais de 31 fatos de protecção individual em nomex para o combate a incêndios urbanos e industriais.
É que, conforme o comandante Pedro Lourenço (e proponente da proposta) referia na candidatura, “quando os bombeiros intervêm neste tipo de incêndios ficam expostos a diversos riscos que podem ocasionar lesões graves ou até irreversíveis, fruto do contacto com o calor elevado, riscos eléctricos, desabamentos de estruturas ou de parte delas, risco de explosões, quedas de nível e outros perigos associados”.
E dada a “dificuldade da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Bombarral adquirir estes fatos devido ao elevado grau de investimento”, o comandante viu no OP uma forma de dotar a sua corporação deste material.
À Gazeta das Caldas o comandante confessou-se “muito satisfeito porque a população nos ajudou neste sonho, que era um anseio de há muitos anos, até porque quando comprámos os fatos chamados nomex já eram usados e estes equipamentos têm um tempo de vida, visto que depois perdem as suas características”.
Este é um fato, como o nome diz, individual, pelo que cada bombeiro terá que ter o seu. Mas se a corporação tem 57 membros entre o quadro activo e o comando e a verba disponível permite comprar 31 (custam cerca de 800 euros cada), ainda será necessário adquirir mais 26 fatos. “Esperamos conseguir adquirir, mas é importante este primeiro passo, que só é possível graças à comunidade”, faz notar o comandante.
Os recursos humanos são aliás a grande dificuldade que esta corporação encontra. “Temos feito campanhas nas escolas, mas tem sido bastante difícil captar novos bombeiros e eu digo sempre que não vale a pena ter os melhores veículos e equipamentos se não tivermos bombeiros para os usar”, explica, esclarecendo que o número desejável rondaria os 90 a 100 bombeiros.
Em termos materiais, as necessidades mais urgentes daquela corporação passam pela aquisição de um veículo de combate a incêndios urbanos e um veículo tanque também com características urbanas.
Os Bombeiros do Bombarral têm na sua frota 25 veículos, entre os quais 12 ambulâncias, seis veículos de combate a incêndios e sete de apoio.
Em 2018 receberam um total de 8197 alertas que levaram a que fossem percorridos cerca de 560 mil quilómetros. Foram mais de 36 mil horas de serviço e 9219 doentes transportados. A grande maioria das ocorrências verifica-se na categoria de assistência em saúde com 6908 chamadas, que obrigaram a mais de 15 mil horas de trabalho.

Mudanças em perspectiva

Este foi o primeiro ano em que se realizou o Orçamento Participativo do Bombarral, tendo a Câmara dotado a ferramenta com um valor de 50 mil euros. Na conferência de imprensa de apresentação do vencedor que decorreu na tarde de 13 de Dezembro nos Paços do Concelho do Bombarral, o presidente da Câmara, Ricardo Fernandes, referiu que já estão “a ser estudadas alterações aos regulamentos”. Entre as ideias está, por exemplo, a criação de duas categorias (uma para pessoas singulares e outra para pessoas colectivas), assim como um eventual aumento do valor orçamentado, caso exista folga para tal.
O autarca disse-se “muito satisfeito com a participação”, supondo que a mesma possa vir a crescer de ano para ano. No total foram recebidas 20 propostas, nove das quais não reuniram as condições do regulamento.
A votação decorreu de forma presencial (50 votantes) e online (446 votantes). Registaram-se 15 votos nulos (12 sem NIF, dois com votos em mais que uma proposta e um adulterado).
Ricardo Fernandes admitiu ainda a possibilidade de o executivo vir a dar seguimento a algumas das propostas apresentadas pelos cidadãos, utilizando esta ferramenta também como uma forma de perceber o que estes consideram mais urgente e benéfico para a sua terra.
A proposta vencedora reuniu 277 votos (57%). Em segundo ficou o espaço de cowork, com 62 e em terceiro o projecto para dar conhecer a Mata Municipal, com 52.

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