Utentes do Centro de Saúde desesperam por um médico de família e Assembleia Municipal alerta Governo para a resolução do problema
Dois anos e meio depois da inauguração da 100ª Unidade de Saúde Familiar do país, com pompa e circunstância pelo Governo, o Centro de Saúde do Bombarral está a passar por dias dramáticos, porque não dá resposta integral às necessidades da população. A falta de médicos de família é o grande problema que está a deixar os utentes à beira de um ataque de nervos, pela enorme dificuldade no acesso a uma consulta.
Dos sete médicos de família que cuidavam dos 15 mil utentes, restam apenas dois. Para além da aposentação de clínicos, duas médicas estão de licença de maternidade, um casal de médicos pediu mobilidade para a zona de residência, o mesmo tendo acontecido com um outro médico que também viu aprovada a sua transferência. As saídas não foram colmatadas com a entrada de novos profissionais. O acesso a exames médicos do SNS ou o pedido de uma baixa médica ou de um atestado para a renovação da carta de condução, são agora pedidos que não têm resposta. Os sete enfermeiros e os cinco funcionários administrativos não chegam também para todas as necessidades.
Constatando esta dura realidade, a Assembleia Municipal aprovou uma moção por unanimidade na última sessão do mandato, onde alerta para uma situação que “atingiu um estado crítico na USF do Bombarral”.
“Os utentes que se dirigem à USF através do contato por e-mail ou por telefone, meios estes que foram privilegiados no combate à pandemia, encontram-se sem resposta ou sem atendimento perante tantas situações que apenas carecem de esclarecimento ou indicações. Esta inoperância provoca o deslocamento físico dos utentes, contribuindo para a aglomeração de pessoas, mas motivada pelo desespero de tentativas em vão”, denunciam os autarcas. A grande maioria dos utentes não têm sistemas complementares ou seguros de saúde, sendo o SNS o único meio de assistência médica.
O presidente da Câmara do Bombarral, Ricardo Fernandes, foi mandatado para procurar resolver o problema junto do Ministério da Saúde, mau-agrado as tentativas goradas ao longo dos últimos dois anos. Vai negociar com a Misericórdia do Bombarral para a cedência de um ou dois médicos para consultas.
O autarca lamenta à Gazeta das Caldas o “estado crítico” dos cuidados de saúde no concelho e vai continuar a pressionar a ministra Marta Temido e o secretário de Estado-Adjunto Lacerda Sales, para a colocação de médicos. “É inacreditável como passámos do 80 para o 8, enquanto o diabo esfrega o olho!”. Aguarda a contratação de dois médicos de uma empresa prestadora de serviços, medida encarada como um “penso-rápido” enquanto não forem colocados médicos pelo ACES Oeste Norte e pela ARSLVT. Ambas as instituições foram contactadas, mas não responderam em tempo útil. ■






























