Falta de cabimentação no orçamento pode colocar em causa tratamentos termais

O projecto-piloto para as comparticipações aos tratamentos termais terminou no passado dia 31 de Dezembro e o Orçamento de Estado para 2020 não tem prevista verba para a sua continuidade. Este facto, aliado ao sucesso da medida, faz com que os dois deputados caldenses na Assembleia da República pugnem pela inclusão de uma verba na dotação orçamental. Entretanto, um estudo científico veio mostrar a eficácia das águas termais do Centro de Portugal no tratamento de acne e outras doenças de pele

O governo retomou no ano passado as comparticipações aos tratamentos termais mediante prescrição médica, num projecto-piloto que vigorou até 31 de Dezembro. Findo este prazo, está prevista a avaliação do mesmo e a sua continuidade. No entanto, no Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2020, que começa agora a ser discutido na Assembleia da República, não se vislumbra qualquer verba destinada às comparticipações com os tratamentos termais.
Esta situação levou, de resto, o deputado caldense e vice-presidente da Associação das Termas de Portugal, Hugo Oliveira, a apresentar uma pergunta ao governo, na qual exige explicações sobre a continuidade da medida, que permitiu um crescimento no sector de cerca de 15%, em termos de termalismo terapêutico.
Na passada segunda-feira, o parlamentar interpelou a ministra da Saúde, Marta Temido, sobre a inclusão de dotação orçamental para as comparticipações no Orçamento de Estado e se haverá uma prorrogação deste projecto-piloto para colmatar este hiato de tempo para evitar prejudicar os utentes. Porém, Hugo Oliveira acabaria por ficar sem uma reposta da governante. Face a esta situação, já reuniu com o presidente da Associação de Termas de Portugal para ver quais as formas de abordar esta matéria, sendo certo que vão continuar a defender as comparticipações.
Questionada pela Gazeta das Caldas, a deputada socialista Sara Velez garantiu que também ela fará tudo o que estiver ao seu alcance para a continuidade do apoio do Estado aos doentes. “Pretendo, em sede de especialidade, pedir uma alteração ao Orçamento que vá permitir que a comparticipação continue em 2020 e nos anos seguintes”, disse a socialista, acrescentando que já fez chegar esta intenção à direcção da bancada do PS.

Águas termais do Centro eficazes para tratamentos da pele

As águas termais da região Centro de Portugal são eficazes no tratamento de acne e outras doenças de pele, de acordo com um estudo realizado por uma equipa de investigadores das universidades da Beira Interior e de Coimbra. Publicada na revista “Environmental Geochemistry and Health”, a investigação analisou os efeitos das águas minerais de 16 estâncias termais da região Centro face às principais bactérias e fungos que afectam a pele.
O estudo sugere a aplicação destas águas minerais em cosméticos e dispositivos médicos.
Em comunicado, as Termas Cen–tro destacam que estas águas têm sido “cada vez mais procuradas para alívio de problemas de pele, com resultados positivos para quem a elas recorre”. Contudo, acrescenta a entidade, as indicações terapêuticas das águas têm incidido preferencialmente nos sistemas respiratório, reumático e musculoesquelético, existindo, até agora, poucas evidências científicas da eficácia destas águas nos problemas dermatológicos.
Ana Palmeira-de-Oliveira, coordenadora da investigação na Universidade da Beira Interior, destaca que este estudo é “uma proposta pioneira” para investigar a bioactividade das águas e abre a porta a novas possíveis aplicações. Já Adriano Barreto Ramos, coordenador da rede Termas Centro, realça a importância para as estâncias termais de se desenvolverem investigações científicas que estudem as propriedades terapêuticas das águas minerais da região.