Faleceu Hermínio de Oliveira

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Gazeta das Caldas
Numa das sessões promovidas pelos Rotários onde Hermínio de Oliveira falou sobre as memórias caldenses

Hermínio de Oliveira, faleceu no domingo, 2 de Setembro, aos 92 anos. Um verdadeiro homem dos sete ofícios: político, escritor, comerciante, industrial de alfaitaria, conferencista, declamador, cronista, radialista, actor, deputado e autarca, foi alvo de vários homenagens ao longo da sua vida.

Hermínio de Oliveira foi vereador da Comissão Administrativa da Câmara e deputado municipal pelo PS. No início da sua carreira, Hermínio de Oliveira foi alfaiate. Tornou-se posteriormente alfarrabista e recebia clientes e amigos na Livraria Camões, próxima do Parque, onde também fez trabalhos de encadernação ao longo de décadas.
Na homenagem, promovida pelos socialistas, em 2011, aquando do 37º aniversário do 25 de Abril, vários amigos quiseram dedicar-lhe algumas palavras. No evento, o investigador Mário Tavares afirmou que Hermínio de Oliveira encarou sempre a vida pública como um serviço a prestar à cidadania. “Autodidacta de formação, frequentou a universidade da vida de forma intensa. Culto, dotado para as letras, escreveu centenas de crónicas para a imprensa local e regional, escrita e falada, e publicou livros de memórias, que são tesouros de sabedoria”, acrescentou naquela cerimónia em 2011.
Mário Tavares falou também que a Livraria Camões, que pertenceu ao homenageado, era um ponto de encontro das mais diversas personalidades, reconhecendo que à loja do Hermínio, normalmente, “não se vai, com bastante pena dele, comprar nada. Vai-se conversar ou vai a malta das escolas fazer perguntas”.
Fazendo uma retrospectiva pela vida do homenageado, disse que esta não lhe foi fácil. Na década de 60 emigrou para França, “a pátria das liberdades”, depois de conseguir um passaporte com o apoio do advogado e figura da oposição António Freitas. As saudades e a responsabilidade para com a família fez com que voltasse pouco depois e nunca mais saísse das Caldas da Rainha.
Também o médico Mário Gonçalves, se associou a esta homenagem ao homem que classificou de carácter íntegro e que “inspira, em todos aqueles que melhor o conhecem, a admiração e respeito que são devidos a quem faz do saber o seu conforto”.
Para o médico Vasco Trancoso, Hermínio de Oliveira “não era uma pessoa egoísta que guardava o conhecimento”, e com ele aprendeu muito do que viria a escrever sobre as Caldas da Rainha.
O também amigo de longa data, Custódio José Freitas, filho do histórico socialista António Freitas, partilhou com os presentes que este se tinha iniciado na Acção Socialista Portuguesa, em inícios da década de 60. Caracterizando-o como um homem “bom, de diálogo, tolerante e sincero, sempre no combate à ignorância”, realçou que importa defender a memória do seu percurso.

Memórias da cidade

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Era habitual Hermínio de Oliveira dedicar-se às memórias das Caldas. A 13 de Junho de 2005, por exemplo, Gazeta das Caldas deu a conhecer uma das palestras que deu, tendo-se dedicado ao tema “Caldas da Rainha – Recordações de um quotidiano distante”.
Este evento foi organizado pelo Rotary Club das Caldas e teve lugar no GAT. Hermínio de Oliveira dissertou sobre os modos de vida da sua cidade, desde como eram feitas as construções das casas de adobe, às atracções que tinha o Parque, sem esquecer as diversões a que se dedicava a população caldense.

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