
A empreitada de “Conservação, restauro e arquitectura paisagística da Real Fábrica do Gelo da Serra do Montejunto” foi consignada a 1 de Junho, estando previsto para breve o início da obra neste monumento nacional.
O projecto está orçado em perto de meio milhão de euros (com uma taxa de comparticipação de fundos FEDER de 85%), e pretende “reforçar a presença do antigo complexo fabril como polo dinamizador da Serra de Montejunto e do concelho do Cadaval”.
O plano de acção “integra a investigação histórica e trabalhos arqueológicos, a conservação, restauro das estruturas e recuperação/tratamento paisagístico envolvente, mas também a concepção, produção e instalação do projecto museográfico e a comunicação, divulgação e promoção turística e cultural”.
O objectivo é que a fábrica seja mais “condignamente visitável e mais perceptível, em harmonia com o património natural que o circunda e, consequentemente, mais apelativo aos visitantes”, explicou o presidente da Câmara do Cadaval.
DA SERRA À CORTE REAL
A construção da fábrica “terá custado entre 40 e 45 mil cruzados, despesa megalómana para a época, com vista a satisfazer a grande procura de gelo que existia por toda a capital”, lê-se no site da plataforma Cadaval Cativa. Na época, “representou um grande avanço na qualidade e higiene do processo utilizado para a ‘produção’ de gelo”. E é possível conhecer a história e o processo de produção.
“Conta-se que quando chegava o mês de Setembro enchiam-se os tanques rasos de água e durante a noite esperava-se que o frio a congelasse. Quando o gelo se formava, o guarda da fábrica ia a cavalo até à aldeia de Pragança e, com uma corneta, acordava os trabalhadores. Antes do nascer do sol, num trabalho árduo e duro, as placas de gelo eram partidas, os fragmentos amontoados e depois carregados para os silos de armazenamento, onde o gelo era conservado até à chegada do Verão”.
Depois vinha a época do calor, e “decorria a complicada tarefa do transporte até à capital do reino”. O gelo era transportado no dorso de animais para descer a serra e depois seguia em carroças até aos “barcos da neve” ancorados na Vala do Carregado, de onde seguia por via fluvial até Lisboa. “Estima-se que a actividade da Real Fábrica do Gelo tenha cessado em finais do Séc. XIX, tendo caído no esquecimento por quase um século”, conclui.
O complexo foi reinaugurado para visitas em Março de 2011, como consequência de um projecto de conservação e valorização orçado em 258 mil euros. “Contou ainda com o apoio financeiro reembolsável do Programa de Intervenções para a Qualificação do Turismo, no valor de cerca de 57 mil euros”, explicou a autarquia. Mas já antes, durante mais de duas décadas, a Câmara havia levado a efeito acções de limpeza, estudo, restauro, conservação e valorização do icónico monumento.






























