A funcionar desde 2005, a Fábrica de Água da Charneca trata os efluentes, reaproveitando a água tratada para rega e lavagem de espaços públicos e as lamas para fertilizar terras e produzir energia
A propósito do Dia Mundial do Ambiente, que se assinalou a 5 de junho, a Gazeta das Caldas elaborou uma edição azul. E fomos “descobrir” o modo de funcionamento da Fábrica de Água da Charneca, que se localiza no concelho de Óbidos, perto do Arelho, nas margens da Lagoa de Óbidos. Desde que entrou em funcionamento, há 17 anos – mais precisamente desde o dia 5 de junho de 2005 -, que é a principal infraestrutura de saneamento da bacia hidrográfica da lagoa.
Este equipamento serve os municípios do Bombarral, do Cadaval e de Óbidos, tendo sido dimensionado para tratar um equivalente populacional de 30.614 habitantes, ao qual corresponderá um caudal médio de uns impressionantes 6322 m3 de efluentes por dia!
A importância desta infraestrutura no processo de despoluição da Lagoa de Óbidos e na obtenção dos níveis de qualidade que hoje se registam naquele ecossistema sensível, é irrefutável.
Hoje a Gazeta das Caldas dá-lhe a conhecer um pouco mais do que ali acontece, como funciona a fábrica de água e quais os processos pelos quais passam os efluentes para serem considerados tratados.
É importante referir que, quando foi construída, a Fábrica de Água da Charneca já foi pensada para ser uma evolução face às tradicionais estações de tratamento de águas residuais (ETAR) que existiam.
As Fábricas de Água são um conceito de circularidade desenvolvido pela Águas do Tejo Atlântico, que olha para estas instalações como “muito mais do que infraestruturas de tratamento”.
Deste modo, nas Fábricas de Água, o efluente (água residual) é visto como uma “matéria-prima”, com “uma enorme potencialidade de, no processo de tratamento, “produzir” água residual tratada, denominada água+, com potencial de regar espaços verdes, lavagem de ruas e equipamentos públicos, indústria e climatização de grandes edifícios”.
Mas além das águas, há mais aproveitamentos que decorrem do tratamento dos efluentes. As lamas que são produzidas, por exemplo, têm a capacidade para servir como fertilizante orgânico em solos pobres e também podem ser utilizadas na produção de energia verde a partir do biogás. “Dois exemplos da aplicação da água+ são a rega de 295000m2 de espaços verdes na zona norte do Parque das Nações e o sistema de climatização da loja do IKEA de Loures”, salientaram à Gazeta das Caldas os responsáveis da Águas do Atlântico.
A Águas do Atlântico revelou ainda que atualmente “está a trabalhar com vários municípios por forma a aumentar o uso e o volume de água+”.
Todo o processo de tratamento dos efluentes (n.d.r.: ver coluna ao lado para perceber o caminho que estes fazem desde que chegam à fábrica até ao momento em que são considerados água+) demora apenas cerca de 24 de horas.
Mas, “além dos resultados até agora alcançados, as Fábricas de Água são estruturas dinâmicas”, pelo que continuam “a trabalhar todos os dias para melhorar a eficiência das instalações, não só do ponto de vista de tratamento mas também em termos energéticos” e ainda ao nível da “circularidade, tendo em conta os desafios que as alterações climáticas estão a provocar em todo o planeta”. ■


Conheça o processo de tratamento
Desde que os efluentes chegam à Fábrica de Água passam por uma série de etapas ao longo do tratamento. Fique a conhecer alguns desses passos
- O tratamento começa com a gradagem/tamisagem (para remover os sólidos grosseiros) com um espaçamento de 3 mm
- A água passa para a etapa de desengorduramento/ desarenamento, seguindo-se o tratamento biológico, por um processo de lamas ativadas – baixa carga, que ocorre numa vala de oxidação, das águas e a decantação secundária
- A partir deste momento a água tem condições de segurança para ser devolvida ao mar
- No caso da Fábrica de Água da Charneca a água é reutilizada em usos internos e é submetida previamente a um processo de desinfeção






























