Experiência de participação colectiva juntou 30 personalidades caldenses

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notícias das Caldas
Constituíram-se pequenos grupos que rotativamente foram discutindo cada uma das questões e formulando respostas colectivas

Vai ser exibida amanhã, 26 de Março, às 11h30 e às 14h30, na SIC Notícias, a edição do programa Falar Global gravada no CCC das Caldas da Rainha, com a participação de 30 personalidades caldenses.
O Falar Global é um programa da SIC Notícias que analisa as transformações que as inovações científicas e tecnológicas provocam no quotidiano, e que lançou no âmbito do seu quinto aniversário de emissão uma iniciativa de participação colectiva em torno de 30 perguntas que podem servir para mudar o futuro.
As perguntas do projecto “Fala Futuro” foram seleccionadas com base em votações e sugestões de participantes através da Internet.

Com o programa gravado nas Caldas, arrancou a série “Cidades que Falam Futuro”, seguindo um modelo inspirado na dinâmica World Café, em que 30 representantes da cidade e da região juntaram-se para criar mais respostas para as perguntas do projecto.
Primeiro os participantes foram convidados a responder individualmente a uma das perguntas à sua escolha e de seguida foram constituídos pequenos grupos que rotativamente foram discutindo cada uma das questões e formulando respostas colectivas.
Tudo foi acompanhado e documentado pela equipa de reportagem do programa da SIC Notícias. Os vídeos vão juntar-se aos mais de mil que já compõem o banco de conhecimento disponível na Internet (www.fala rglobal.com).

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A herança da UAL

A escolha das Caldas da Rainha como a primeira cidade desta iniciativa, que irá percorrer todo o país até 11 de Novembro (11/11/11), deve-se ao facto do responsável pelo programa, Reginaldo Almeida, ter ligações a esta cidade, nomeadamente através do pólo caldense da UAL.
Reginaldo Almeida foi secretário da direcção da Cooperativa de Ensino Universitário (proprietária da UAL), entidade com quem mantém um vínculo profissional, e isso fez com que estabelecesse conhecimentos pessoais com alguns autarcas locais.
Para além disso, o responsável salienta que “Caldas da Rainha sempre foi para nós uma cidade emblemática da região Oeste” e o CCC é “uma estrutura super-moderna e tecnologicamente evoluída”. De tal forma o centro cultural o surpreendeu, que vai ser feito um programa específico do Falar Global “sobre a dimensão cultural do CCC”.
Segundo Reginaldo Almeida, a preparação para este evento começou em Janeiro e os convidados foram escolhidos de forma “a representar, ao máximo, todas as dinâmicas sociais”.
O designer caldense Carlos Quitério, que colabora no jornal Expresso, foi um dos convidados que no final não poupou elogios à iniciativa. “É um bom modelo de discussão de ideias novas para o futuro, numa fase de crise social e política”, referiu.
Carlos Quitério mostrou-se surpreendido por ter encontrado tantos pontos em comum nos debates, tendo em conta a heterogeneidade dos envolvidos. “Foi muito importante a empatia que houve aqui entre as diversas pessoas”, afirmou, salientando que houve unanimidade na importância da criatividade para o futuro do país.

“A cidadania activa precisa destes momentos”

A juíza Isabel Baptista também destacou a forma como foram encontrados consensos entre participantes tão diferentes, demonstrando que partindo de um ponto comum se conseguem estabelecer plataformas de entendimento. “Também estamos a assistir a mudanças no mundo árabe que eram quase impensáveis, feitas a partir de uma forma de diálogo global. Isto através de um meio de comunicação, a Internet, que se pensou poder vir a contribuir para o isolamento do homem e afinal provou ser o contrário”, disse.
Isabel Baptista admitiu que cada um está habituado a ouvir os que estão dentro do seu círculo pessoal ou profissional, sem que se descubra semelhanças naqueles que parecem ser tão diferentes. “Há pessoas que parecem ser diametralmente o nosso oposto e depois descobrimos nesta plataforma que é sempre possível o diálogo”.
Como uma das ideias mais interessantes discutidas naquele local, Isabel Baptista destacou a necessidade das empresas terem uma ligação ao ensino, de modo a que a formação esteja ligada às necessidades do país. “O Estado não pode demitir-se do seu papel de organizador e deixar que pululem n cursos sem saída profissional”, considera.
Sabrina Ribeiro, directora do Gabinae, gostou tanto da forma como a conversa se desenrolou que quer repetir a experiência. “O exemplo foi dado pela SIC, mas acho que temos condições nas Caldas para que estas e outras pessoas possam transmitir estas ideias”, revelou.
Aproveitando o modelo do World Café, Sabrina Ribeiro pretende promover outras iniciativas do género. “A cidadania activa precisa destes momentos”, defende, por entender que assim se estimula a participação de quem habitualmente não se pronuncia publicamente.
Daniel Pinto, director da Escola de Hotelaria e Turismo do Oeste, também destacou a forma “enriquecedora como convergimos e divergimos sobre temas que são apaixonantes”.
Nos debates em que participou durante a tarde chegou à conclusão de que “mais do que aquilo que nos afastava, em relação aos pensamentos divergentes, havia uma abordagem global de convergência, ainda que com pontos de vista diferentes”.
Entre as ideias defendidas, Daniel Pinto salientou a necessidade das empresas terem uma responsabilidade social de funcionarem quase como uma segunda família e o aspecto das novas tecnologias poderem servir para tornar a vida de cada um mais stressante.

 

As 30 perguntas cujas respostas dos caldenses podem ser vistas em breve na Internet (www.falarglobal.com)

1. Até onde é que a inovação tecnológica pode levar a humanidade?
2. Que valores devem orientar a inovação?
3. Que aspecto da nossa vida em colectivo mais necessita de inovação e de que forma?
4. Que novas formas de governação podem resultar das novas tecnologias?
5. Quão objectiva pode ser a ciência se considerarmos o conhecimento humano como tendo uma base subjectiva e emocional?
6. Como ocorre o processo criativo?
7. Qual o papel da expressão artística e da cultura na educação e na aprendizagem ao longo da vida?
8. Quais as principais características da escola do futuro?
9. O que fazer para garantir a toda a população formas de subsistência sustentáveis?
10. O que precisa de mudar no trabalho para que gere mais qualidade de vida?
11. Se a base do desenvolvimento no sec. XX foi o crescimento económico e uma parceria entre empresa,
estado e sindicatos, quais os novos fundamentos e actores para sec. XXI?
12. Que novas responsabilidades e papeis devem as empresas portuguesas assumir?
13. O que valorizamos quando consumimos?
14. Qual o futuro do capitalismo?
15. Como pode ser construído um modelo económico que não entre em conflito com os valores humanos e o equilíbrio planetário ?
16. Que novas formas organizacionais de comunidade e participação social gostaria de ver surgir em Portugal?
17. Qual o papel do amor e da compaixão no desenvolvimento humano?
18. Como podemos maximizar e aproveitar os talentos de uma sociedade?
19. Que transformações na organização social derivam de uma esperança média de vida que, a prazo, pode ir para além dos 100 anos?
20. Por que parece que a vida fica mais stressante com cada coisa que inventamos para poupar tempo?
21. Como pode o ser humano interagir em harmonia com as cada vez mais sofisticadas conquistas científicas e tecnológicas, sem o correspondente aprofundamento espiritual?
22. Qual o papel das religiões?
23. O que precisamos para alcançar a felicidade?
24. O que se coloca em questão com a manipulação genética do ser humano e a criação de vida artificial?
25. O que estamos a ganhar e o que estamos a perder com o volume cada vez maior de partilha de conhecimento, conteúdos e experiências?
26. Como lidar com o medo?
27. E se tivéssemos mais tempo para sermos livres, criativos e autónomos?
28. Como tornar Portugal num país consciente na forma como produz e gasta Energia?
29. Qual é a principal aprendizagem que recebeu até hoje?
30. Como pretende contribuir pessoalmente para o futuro de Portugal?

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